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VINDA DO REINO
O reino de Deus não vem
com aparência exterior. Jesus.
(Lucas, 17: 20).
Os agrupamentos religiosos no
mundo permanecem, quase sempre, preocupados pelas conversões alheias. Os
crentes mais entusiastas anseiam por transformar as concepções dos amigos. Em
vista disso, em toda parte somos defrontados por irmãos aflitos pela dilatação
do proselitismo em seus círculos de estudo.
Semelhante atividade nem
sempre é útil, porquanto, em muitas ocasiões, pode perturbar elevados projetos
em realização.
Afirma Jesus que o Reino de
Deus não vem com aparência exterior. É sempre ruinosa a preocupação por
demonstrar pompas e números vaidosamente, nos grupos da fé. Expressões
transitórias de poder humano não atestam o Reino de Deus. A realização divina
começará do íntimo das criaturas, constituindo gloriosa luz do templo interno.
Não surge à comum apreciação, porque a maioria dos homens transitam semicegos,
através do túnel da carne, sepultando os erros do passado culposo.
A carne é digna e venerável, pois é vaso de
purificação, recebendo-nos para o resgate preciso; entretanto, para os
espíritos redimidos significa “morte” ou “transformação permanente”. O homem
carnal, em vista das circunstâncias que lhe governam o esforço, pode ver
somente o que está “morto” ou aquilo que “vai morrer”. O Reino de Deus, porém,
divino e imortal, escapa naturalmente à visão dos humanos.
MINHA
REFLEXÃO
Ser Cristão não significa, tão
somente, pregar as palavras do Cristo. Também não significa arrebanhar mais
prosélitos para sua religião ou mesmo se preocupar com a salvação dos
semelhantes.
Não precisamos nos preocupar
com a Vinda do Senhor, pois Ele nunca foi embora. Já estava e esteve e está
conosco desde sempre, depois que assumiu a governança de nosso planeta
transitório.
Somos tutelados d’Ele, além de
termos nosso particular Anjo da Guarda. Então, por que se preocupar com a vinda
do Reino do Senhor. Devemos sim, construir esse Reino interior pela
transformação moral que ainda está por se fazer em cada ser deste planeta de
provas e expiações.
As práticas exteriores,
dependendo da sinceridade e ignorância espiritual e/ou tradição cultural de uma
sociedade, ainda são necessárias, e devemos respeitar, mas o importante é nos
desvincularmos do que é exterior.
Ter uma religião não nos salva;
pregar os ensinamentos do Nosso Senhor não é suficiente; “estar” com Ele, é uma
inicial condição libertadora, mas não é tudo, como Ele próprio nos ensinou e
está grafado em Mateus (7: 21 a 23)[1].
A reforma íntima (construção
do Reino de Deus) é tudo, como nos ensina A. Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo[2], quando discorre sobre as qualidades
dos bons espíritas.
Também somos esclarecidos,
pela Doutrina Espírita, que a Religião não nos credencia ao Reino de Deus[3], mas, sim, a prática da
caridade que, resumidamente pelo Espíritos Superiores, significa: “Benevolência para com todos, indulgência
para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas” (O Livro dos Espíritos, questão 886).
Que sejamos espíritas, que
sejamos cristãos, e sejamos dignos do Mestre, construindo, cada um, o Reino de
Deus em seu coração.
Que Deus nos ajude.
Domício.
[1] Nem todos os que me dizem: Senhor!
Senhor! entrarão no reino dos céus; apenas entrará aquele que faz a vontade de
meu Pai, que está nos céus. – Muitos, nesse dia, me dirão: Senhor! Senhor! não
profetizamos em teu nome? Não expulsamos em teu nome o demônio? Não fizemos
muitos milagres em teu nome? - Eu então lhes direi em altas vozes: Afastai-vos
de mim, vós que fazeis obras de iniquidade. (Mateus, 7: 21-23.)
[2] “Reconhece-se o verdadeiro espírita
pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas
inclinações más” (A. Kardec In: O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVII, Item 4.)
[3] “Não podendo amar a Deus sem praticar a
caridade para com o próximo, todos os deveres do homem se resumem nesta máxima:
FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO (A. Kardec In: O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XV, Item 5.)