Mensagem de boas vindas


quinta-feira, 25 de setembro de 2014

VINDA DO REINO


107
VINDA DO REINO
O reino de Deus não vem com aparência exterior. Jesus.
(Lucas, 17: 20).
Os agrupamentos religiosos no mundo permanecem, quase sempre, preocupados pelas conversões alheias. Os crentes mais entusiastas anseiam por transformar as concepções dos amigos. Em vista disso, em toda parte somos defrontados por irmãos aflitos pela dilatação do proselitismo em seus círculos de estudo.
Semelhante atividade nem sempre é útil, porquanto, em muitas ocasiões, pode perturbar elevados projetos em realização.
Afirma Jesus que o Reino de Deus não vem com aparência exterior. É sempre ruinosa a preocupação por demonstrar pompas e números vaidosamente, nos grupos da fé. Expressões transitórias de poder humano não atestam o Reino de Deus. A realização divina começará do íntimo das criaturas, constituindo gloriosa luz do templo interno. Não surge à comum apreciação, porque a maioria dos homens transitam semicegos, através do túnel da carne, sepultando os erros do passado culposo.
A carne é digna e venerável, pois é vaso de purificação, recebendo-nos para o resgate preciso; entretanto, para os espíritos redimidos significa “morte” ou “transformação permanente”. O homem carnal, em vista das circunstâncias que lhe governam o esforço, pode ver somente o que está “morto” ou aquilo que “vai morrer”. O Reino de Deus, porém, divino e imortal, escapa naturalmente à visão dos humanos.
MINHA REFLEXÃO
Ser Cristão não significa, tão somente, pregar as palavras do Cristo. Também não significa arrebanhar mais prosélitos para sua religião ou mesmo se preocupar com a salvação dos semelhantes.
Não precisamos nos preocupar com a Vinda do Senhor, pois Ele nunca foi embora. Já estava e esteve e está conosco desde sempre, depois que assumiu a governança de nosso planeta transitório.
Somos tutelados d’Ele, além de termos nosso particular Anjo da Guarda. Então, por que se preocupar com a vinda do Reino do Senhor. Devemos sim, construir esse Reino interior pela transformação moral que ainda está por se fazer em cada ser deste planeta de provas e expiações.
As práticas exteriores, dependendo da sinceridade e ignorância espiritual e/ou tradição cultural de uma sociedade, ainda são necessárias, e devemos respeitar, mas o importante é nos desvincularmos do que é exterior.
Ter uma religião não nos salva; pregar os ensinamentos do Nosso Senhor não é suficiente; “estar” com Ele, é uma inicial condição libertadora, mas não é tudo, como Ele próprio nos ensinou e está grafado em Mateus (7: 21 a 23)[1].
A reforma íntima (construção do Reino de Deus) é tudo, como nos ensina A. Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo[2], quando discorre sobre as qualidades dos bons espíritas.
Também somos esclarecidos, pela Doutrina Espírita, que a Religião não nos credencia ao Reino de Deus[3], mas, sim, a prática da caridade que, resumidamente pelo Espíritos Superiores, significa: “Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas” (O Livro dos Espíritos, questão 886).
Que sejamos espíritas, que sejamos cristãos, e sejamos dignos do Mestre, construindo, cada um, o Reino de Deus em seu coração.
Que Deus nos ajude.
Domício. 


[1] Nem todos os que me dizem: Senhor! Senhor! entrarão no reino dos céus; apenas entrará aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. – Muitos, nesse dia, me dirão: Senhor! Senhor! não profetizamos em teu nome? Não expulsamos em teu nome o demônio? Não fizemos muitos milagres em teu nome? - Eu então lhes direi em altas vozes: Afastai-vos de mim, vós que fazeis obras de iniquidade. (Mateus, 7: 21-23.)
[2] “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más” (A. Kardec InO Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVII, Item 4.)
[3] “Não podendo amar a Deus sem praticar a caridade para com o próximo, todos os deveres do homem se resumem nesta máxima: FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO (A. Kardec InO Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XV, Item 5.)

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

DAR

106
DAR
E dá a qualquer que te pedir; e, ao que tomar o que é teu, não lho tornes a pedir.
Jesus. (LUCAS, 6:30.)
O ato de dar é dos mais sublimes nas operações da vida; entretanto, muitos homens são displicentes e incompreensíveis na execução dele. Alguns distribuem esmolas levianamente, outros se esquecem da vigilância, entregando seu trabalho a malfeitores.
Jesus é nosso Mestre nas ocorrências mínimas. E se ouvimo-lo recomendando estejamos prontos a dar “a qualquer” que pedir, vemo-lo atendendo a todas as criaturas do seu caminho, não de acordo com os caprichos, mas segundo as necessidades.
Concedeu bem-aventuranças aos aflitos e advertências aos vendilhões. Certo, os mercadores de má-fé, no íntimo, rogavam-lhe a manutenção do “status quo”, mas sua resposta foi eloquente. Deu alegrias nas bodas de Caná e repreensões em assembleias dos discípulos. Proporcionou a cada situação e a cada personalidade o que necessitavam e, quando os ingratos lhe tomaram o direito da própria vida, aos olhos da Humanidade, não voltou o Cristo a pedir- lhes que o deixassem na obra começada.
Deu tudo o que se coadunava com o bem. E deu com abundância, salientando-se que, sob o peso da cruz, conferiu sublime compreensão à ignorância geral, sem reclamação de qualquer natureza, porque sabia que o ato de dar vem de Deus e nada mais sagrado que colaborar com o Pai que está nos céus.
MINHA REFLEXÃO
O Cristo nos ensinou a oferta incondicional. A ingratidão não era sua preocupação, mesmo sabendo, de antemão, que seria vítima dela por parte de todos os que receberam sua solicitude e confiança[1], exceção raríssima.
Devemos dar com a alma de quem não tem nada, exceto o próprio pensamento e as virtudes já alcançadas, o Amor de Deus e de seus filhos que já alcançaram a pureza Espiritualidade. Por nossa vez, não podemos exigir amor, respeito e gratidão de quem não alcançou a pureza espiritual, como nós.
Quando nos tirarem o que alcançamos com o suor de nosso rosto, demonstremos o desapego, até porque temos capacidade de reaver tudo o que nos tirarem. Sejamos desapegados. Cobrar de quem nos deve, materialmente, é se instituir de dono de algo que não levaremos para o plano espiritual. Se for um ato afetivo, também não nos perturbemos o coração, se foi dado de coração. Deus nos Ama infinitamente e vivemos respondendo com a ingratidão a um Pai infinitamente solícito.
Devemos dar com desapego, mesmo que o que dermos for de forma sacrificial, como a senhora do gazofilácio[2].
Se formos cerceados de nossa liberdade por atos injustos, que possamos aguardar o momento da justiça de Deus, que chegará na hora certa. Perdoar incessantemente é o nosso dever, mesmo que nos doa muito no estágio que nos encontramos. Com o tempo, com os exercícios que Deus nos oferece, mais adiante, faremos tão espontaneamente que nem nos sentiremos injuriados como o Cristo demonstrou fazê-lo[3].
Que Deus nos ajude.
Domício



[1] Vide situações vividas com Judas e Pedro.
[2]  Estando Jesus sentado defronte do gazofilácio, a observar de que modo o povo lançava ali o dinheiro, viu que muitas pessoas ricas o deitavam em abundância. - Nisso, veio também uma pobre que apenas deitou duas pequenas moedas do valor de dez centavos cada uma. - Chamando então seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta pobre viúva deu muito mais do que todos os que antes puseram suas dádivas no gazofilácio; - por isso que todos os outros deram do que lhes abunda, ao passo que ela deu do que lhe faz falta, deu mesmo tudo o que tinha para seu sustento. (Marcos, 12: 41 a 44. - Lucas, 21: 1 a 4.)
[3] Aprendestes que foi dito: “Amareis o vosso próximo e odiareis os vossos inimigos.” Eu, porém, vos digo: “Amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam, a fim de serdes filhos do vosso Pai que está nos céus e que faz se levante o Sol para os bons e para os maus e que chova sobre os justos e os injustos. - Porque, se só amardes os que vos amam, qual será a vossa recompensa? Não procedem assim também os publicanos? Se apenas os vossos irmãos saudardes, que é o que com isso fazeis mais do que os outros? Não fazem outro tanto os pagãos?” (Mateus, 5: 43 a 47.)
 - “Digo-vos que, se a vossa justiça não for mais abundante que a dos escribas e dos fariseus, não entrareis no reino dos céus.”(Mateus,.5: 20.)

NEM TODOS


105
NEM TODOS
E aconteceu que, quase oito dias depois destas palavras, tomou consigo a Pedro, a João e a Tiago, e subiu ao monte a orar.
(Lucas, 9: 28.)
Digna de notar-se a atitude do Mestre, convidando apenas Simão e os filhos de Zebedeu para presenciarem a sublime manifestação do monte, quando Moisés e outro emissário divino estariam em contato direto com Jesus, aos olhos dos discípulos.
Por que não convocou os demais companheiros? Acaso Filipe ou André não teriam prazer na sublime revelação? Não era Tomé um companheiro indagador, ansioso por equações espirituais? No entanto, o Mestre sabia a causa de suas decisões e somente Ele poderia dosar, convenientemente, as dádivas do conhecimento superior.
O fato deve ser lembrado por quantos desejem forçar a porta do plano espiritual.
Certo, o intercâmbio com esse ou aquele núcleo de entidades do Além é possível, mas nem todos estão preparados, a um só tempo, para a recepção de responsabilidades ou benefícios.
Não se confia, imprudentemente, um aparelho de produção preciosa, cujo manejo dependa de competência prévia, ao primeiro homem que surja, tomado de bons desejos. Não se atraiçoa impunemente a ordem natural. Nem todos os aprendizes e estudiosos receberão do Além, num pronto, as grandes revelações. Cada núcleo de atividade espiritualizante deve ser presidido pelo melhor senso de harmonia, esforço e afinidade. Nesse mister, além das boas intenções é indispensável a apresentação da ficha de bons trabalhos pessoais. E, no mundo, toda gente permanece disposta a querer isso ou aquilo, mas raríssimas criaturas se prontificam a servir e a educar-se.
MINHA REFLEXÃO
De fato, as pessoas só são convidadas para alguma tarefa importante, e às vezes de elevada importância, se possuem credenciais suficientes para tanto. Quem está na liderança escolhe aquelas que estão amadurecidas para receberem delegações resultantes do convite. Nem todas estão à altura do convite. É certo que nem sempre os líderes acertam, mas o Cristo, um Espírito Puro, da maior envergadura, sabia quem tinha condições de presenciar aquele fenômeno para o qual convidou os discípulos citados nessa mensagem de Emmanuel, conforme está narrado no Evangelho de Lucas.
Tudo é dado conhecer a todos, mas cada um recebe conforme o estágio evolutivo, de conhecimento intelectual e/ou moral Conforme A. Kardec, interpretando o Evangelista Lucas[1],
Tal sentença não significa que se deva revelar inconsideradamente todas as coisas. Todo ensinamento deve ser proporcionado à inteligência daquele a quem se queira instruir, porquanto há pessoas a quem uma luz por demais viva deslumbraria, sem as esclarecer.
Desse modo, naquele momento, só Pedro e os filhos de Zebedeu tinham credenciais para ver/conhecer aquele fenômeno de materialização dos Espíritos, como prova da imortalidade da alma. E quando se trata de escolher quem deve dar sequência a um trabalho a ser implantado, só aqueles que acumularam experiências intelectuais e morais são convidados. No plano evangélico, os profetas, os Discípulos, Paulo, Moisés e Allan Kardec foram os escolhidos. Todos realizaram suas missões conforme seus sensos de conhecimento e justiça. Até Judas que traiu a confiança e o Pedro que negou o Mestre três vezes, entenderam as suas falhas. Outros, menos evoluídos, não entenderiam. O Cristo sabia quem estava escolhendo, aliás, escolheu antes de reencarnar, de todos reencarnarem. Sabia ainda das limitações de seus escolhidos e tudo aconteceu para o aprendizado de todos.
É uma tarefa difícil escolher uma equipe, pois nem todos estão preparados para não receber o convite, mesmo tendo sido feito baseado num princípio de confiança e justiça. Mas, no nosso mundo, todos estamos aprendendo a escolher quem deve ser de nossa equipe. No entanto, sendo um mundo de provas e expiações, confiança se dá, mas nem sempre ela será correspondida.
Que as nossas escolham sejam sempre feitas na relação com o Mestre, o líder por excelência.
E que Deus nos ajude.
Domício.

[1] “Ninguém há que, depois de ter acendido uma candeia, a cubra com um vaso, ou a ponha debaixo da cama; põe-na sobre o candeeiro, a fim de que os que entrem vejam a luz; pois nada há secreto que não haja de ser descoberto, nem nada oculto que não haja de ser conhecido e de aparecer publicamente” (Lucas, 8:16 e 17).

terça-feira, 9 de setembro de 2014

A ESPADA SIMBÓLICA


104
A ESPADA SIMBÓLICA
Não cuideis que vim trazer a paz à Terra; não vim trazer a paz, mas a espada.
Jesus. (Mateus, 10:34).
Inúmeros leitores do Evangelho perturbam-se ante essas afirmativas do Mestre Divino, porquanto o conceito de paz, entre os homens, desde muitos séculos foi visceralmente viciado. Na expressão comum, ter paz significa haver atingido garantias exteriores, dentro das quais possa o corpo vegetar sem cuidados, rodeando-se o homem de servidores, apodrecendo na ociosidade e ausentando-se dos movimentos da vida.
Jesus não poderia endossar tranquilidade desse jaez, e, em contraposição ao falso princípio estabelecido no mundo, trouxe consigo a luta regeneradora, a espada simbólica do conhecimento interior pela revelação divina, a fim de que o homem inicie a batalha do aperfeiçoamento em si mesmo. O Mestre veio instalar o combate da redenção sobre a Terra. Desde o seu ensinamento primeiro, foi formada a frente da batalha sem sangue, destinada à iluminação do caminho humano. E Ele mesmo foi o primeiro a inaugurar o testemunho pelos sacrifícios supremos.
Há quase vinte séculos vive a Terra sob esses impulsos renovadores, e ai daqueles que dormem, estranhos ao processo santificante!
Buscar a mentirosa paz da ociosidade é desviar-se da luz, fugindo à vida e precipitando a morte. No entanto, Jesus é também chamado o Príncipe da Paz.
Sim, na verdade o Cristo trouxe ao mundo a espada renovadora da guerra contra o mal, constituindo em si mesmo a divina fonte de repouso aos corações que se unem ao seu amor; esses, nas mais perigosas situações da Terra, encontram, nEle, a serenidade inalterável. É que Jesus começou o combate de salvação para a Humanidade, representando, ao mesmo tempo, o sustentáculo da paz sublime para todos os homens bons e sinceros.
MINHA REFLEXÃO
Emmanuel nos traz uma outra reflexão sobre a espada deixada por Cristo, em função de seus ensinamentos revolucionários.
Conhecíamos aquela encontrada no capítulo 23 (Estranha Moral) de O Evangelho Segundo o Espiritismo, itens 11 e seguintes em respeito a passagem evangélica encontra da em Mateus, 10:34-36.[i]. Naquele capitulo, A. Kardec nos esclarece sobre o digladiamento existente entre cristãos da mesma casa/família em que podemos encontrar irmãos contra irmãos, filhos(as) contra pai/mãe, brigando pela supremacia da interpretação dos ensinos de Jesus. Isso, esclarece o Codificador, é muito normal, já que uma ideia revolucionária é seguida do debate entre os seus adeptos e, por questões de orgulho e vaidade, muitas vezes, alguém estabelece sua opinião como sendo a verdade absoluta e assim a dissensão ocorre no grupo. Tivemos essa ocorrência entre os discípulos da Casa do Caminho e acontece até entre os espíritas, em relação ao Espiritismo. Daí, abençoada foi a ideia do Movimento Unificado[ii] liderado pela Federação Espirita Brasileira e suas federativas filiadas.
Segundo Emmanuel, não existe a paz sem o esforço redentor do Espírito pela sua libertação dos processos automáticos e viciados adquiridos ao longo de sua vida espiritual.
Que saibamos embainhar nossa espada contra nós mesmos, em busca de nossa paz redentora, e não contra o nosso próximo, respeitando sua liberdade de crença e estágio evolutivo para compreender a verdade proveniente do Cristo.
Que Deus nos ajude.
Domício

Ofereço com carinho uma poesia de L Angel sobre o tema dessa mensagem.

A ESPADA QUE REGENERA
L. ANGEL                 08/09/2014

A espada que regenera
É uma doutrina de luz.
É o cristianismo que acelera
A evolução que não precisa mais de cruz.

Jesus não trouxe paz ociosa,
Mas aquela que tira o ser da inercia espiritual;
Alavanca-o, sem muita prosa,
Por ser um estado de alma laboral.

A doutrina também produz a dissenção
No seio de uma família.
Mas são pensamentos divergentes que produzem a desunião.

Cada um briga pelo seu ponto de vista.
Eis a luta de todo dia,
Mas no tempo certo, todos andarão no mesmo sentido, pela mesma pista.





[i] Não penseis que eu tenha vindo trazer paz à Terra; não vim trazer a paz, mas a espada; - porquanto vim separar de seu pai o filho, de sua mãe a filha, de sua sogra a nora; - e o homem terá por inimigos os de sua própria casa. (Mateus, 10: 34 a 36.)
[ii] Vide mais sobre em ESDE – TOMO ÚNICO - módulo IX  Movimento espírita e unificação, disponível em http://www.febnet.org.br/wp-content/uploads/2012/06/ESDE-Programa-Fundamental-Tomo-Unico1.pdf. Recomenda-se também material sobre unificação em http://www.institutoandreluiz.org/unificacao_espirita.html.