Mensagem de boas vindas


quarta-feira, 30 de março de 2016

A QUEM SEGUES?

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A QUEM SEGUES?
Mas vós não aprendestes assim a Cristo.
Paulo (Efésios, 4: 20).
O homem, como é natural, encontrará diversas sugestões no caminho. Não somente do plano material receberá certos alvitres tendentes a desviá-lo das realizações mais nobres. A esfera invisível, imediata ao círculo de suas cogitações, igualmente pode oferecer-lhe determinadas perspectivas que se não coadunam com os deveres elevados que a existência implica em si mesma.
Na consideração desse problema, os discípulos sinceros compreendem a necessidade de sua centralização em Jesus-Cristo.
Quando esse imperativo é esquecido, as maiores perturbações podem ocorrer.
O aprendiz menos centralizado nos ensinos do Mestre acredita que pode servir a dois senhores e, por vezes, chega a admitir que é possível atender a todos os desvairamentos dos sentidos, sem prejudicar a paz de sua alma. Justificam-se, para isso, em doutrinas novas, filhas das novidades científicas do século; valem-se de certos filósofos improvisados que conferem demasiado valor aos instintos; mas, chegados a esse ponto, preparem-se para os grandes fracassos porque a necessidade de edificação espiritual permanece viva e cada vez mais imperiosa. Poderão recorrer aos conceitos dos pretensos sábios do mundo, entretanto, Jesus não ensinou assim.
MINHA REFLEXÃO
Nós vivemos sob a tentação do joio. Não estamos a sós. Vivemos sob a influência dos Espíritos que não se contentam em serem infelizes. Desejam que o sejamos também[1]. Daí sermos convidados constantemente a eleger paralelos para nos justificar a nossa verdadeira inclinação que é a daqueles que preferem dar seguimento às suas inclinações más. “Não fazendo mal aos outros, é o que importa”. Mas quem disse que fazendo mal só a nós, não estamos fazendo mal aos outros? E a preocupação que lhes damos? E o mal exemplo aos menores que nos admiram e precisam de uma imagem para seguir?
Falhamos de todas as maneiras aos nos justificarmos para vivermos como quem se aproveitam de nossas inferioridades para se comprazerem com elas.
Por mais singelo, sejam nossos desvios, Emmanuel nos lembra que poderemos “recorrer aos conceitos dos pretensos sábios do mundo, entretanto, Jesus não ensinou assim”.
Não podemos servir a dois senhores[2]. Ou a um ou a outro. Na Terra, estamos para progredir. Não basta fazermos o que qualquer um pode fazer: ir para o trabalho, levar os filhos para a escola, conviver com os amigos em festas ou encontros fraternos, regados aos apetites mundanos, “pois ninguém é de ferro”. Isso é necessário e devemos fazer, desde que não nos esqueçamos que antes de tudo, temos uma tarefa a desempenhar: evoluir e ajudar a evolução dos semelhantes pelos exemplos, pela assistência educacional[3]. Tudo pode ser pretexto para crescer ou estagnar. Que aproveitemos para crescer.
Que sigamos tão somente ao Mestre Jesus.
Que Deus nos ajude.


[1] O Livro dos Espíritos, Questão 459. Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos? “Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que vos dirigem”. Questão 465. Com que fim os Espíritos imperfeitos nos induzem ao mal? “Para que sofrais como eles sofrem”. a) - E isso lhes diminui os sofrimentos? Não; mas fazem-no por inveja, por não poderem suportar que haja seres felizes”.
[2] Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou odiará a um e amará a outro, ou se prenderá a um e desprezará o outro. Não podeis servir simultaneamente a Deus e a Mamon (Lucas, 16: 13). Vide interpretação espírita em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVI.
[3]O Livro dos Espíritos, Questão 573. Em que consiste a missão dos Espíritos encarnados? Em instruir os homens, em lhes auxiliar o progresso; em lhes melhorar as instituições, por meios diretos e materiais. As missões, porém, são mais ou menos gerais e importantes. O que cultiva a terra desempenha tão nobre missão, como o que governa, ou o que instrui. Tudo em a Natureza se encadeia. Ao mesmo tempo que o Espírito se depura pela encarnação, concorre, dessa forma, para a execução dos desígnios da Providência. Cada um tem neste mundo a sua missão, porque todos podem ter alguma utilidade”.

quarta-feira, 23 de março de 2016

BATISMO

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BATISMO
E os que ouviram foram batizados em nome do Senhor Jesus.
Atos, capítulo 19: 5.
Nos vários departamentos da atividade cristã, em todos os tempos, surgem controvérsias relativamente aos problemas do batismo na fé.
O sacerdócio criou, para isso, cerimoniais e sacramentos. Há batismos de recém-natos, na Igreja Romana; em outros centros evangélicos, há batismo de pessoas adultas. No entanto, o crente poderia analisar devidamente o assunto, extraindo melhores ilações com a ascendência da lógica. A renovação espiritual não se verificará tão-só com o fato de se aplicar mais água ou menos água ou com a circunstância de processar-se a solenidade exterior nessa ou naquela idade física do candidato.
Determinadas cerimônias materiais, nesse sentido, eram compreensíveis nas épocas recuadas em que foram empregadas.
Sabemos que o curso primário, na instrução infantil, necessita de colaboração de figuras para que a memória da criança atravesse os umbrais do conhecimento.
O Evangelho, porém, nas suas luzes ocultas, faz imensa claridade sobre a questão do batismo.
“E os que ouviram foram batizados em nome de Jesus.”
Aí reside a sublime verdade. A bendita renovação da alma pertence àqueles que ouviram os ensinamentos do Mestre Divino, exercitando-lhes a prática. Muitos recebem notícias do Evangelho, todos os dias, mas somente os que ouvem estarão transformados.
MINHA REFLEXÃO
O batismo é um processo renovador, de comprometimento, que está no nível do coração. Não se torna mais impactante na vida de uma pessoa se ela participar de uma cerimônia social ou religiosa.
É uma conversão a uma ideia, uma ligação com princípios novos: uma transformação, uma identidade filosófica ou religiosa.
Daí, no Espiritismo, não haver cerimônia religiosa de conversão, pois não mudamos pelo fato de nos tornamos adeptos. Todo dia, à medida que nos transformamos, sofremos um batismo: o batismo do fogo e do Espírito Santo, como diz João Batista:

Eu batizo vocês com água para a conversão. Mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu. E eu não sou digno nem de tirar-lhe as sandálias. Ele é quem batizará vocês com o Espírito Santo e com fogo”. (Mateus, 3,11)
Então, o verdadeiro batismo seria o que viria a partir do Cristo que não batizou ninguém em água. De outro modo, há vários indícios de que o batismo de Jesus, foi tão somente um ato simbólico, um sinal, de que o Messias tinha chegado. Paulo, deixou claro a desnecessidade do batismo ou mesmo a circuncisão, como está escrito em 1ª Epístola aos Coríntios: 1:17: “De fato, Cristo não me enviou para batizar, mas para anunciar o Evangelho. Nessa mesma Epístola, versículos 18 e 19, ele nos assevera:

18Por exemplo, um homem que já passou pelo rito judaico da circuncisão antes de se tornar cristão, não deve se preocupar com isso; e se não foi circuncidado, não deve fazê-lo agora. 19Porque não faz diferença alguma se um cristão passou por essa cerimônia ou não. Entretanto, faz muita diferença se ele está agradando a Deus e guardando os mandamentos de Deus. Isso é que é importante.
Allan Kardec, corrobora com isso em O Céu e o Inferno (1ª parte – Cap. II, item 6), nos esclarece sobre a invalidade do batismo para a redenção dos Espíritos:

Custa crer que, só por haver recebido o batismo, o selvagem ignorante - de senso moral obtuso -, esteja ao mesmo nível do homem que atingiu, após longos anos de trabalho, o mais alto grau de ciência e moralidade práticas. Menos concebível ainda é que a criança falecida em tenra idade, antes de ter consciência de seus atos, goze dos mesmos privilégios somente por força de uma cerimônia na qual a sua vontade não teve parte alguma. Estes raciocínios não deixam de preocupar os mais fervorosos crentes, por pouco que meditem.
Daí, concluirmos, com Allan Kardec, que não é a Igreja ou esse ou aquele sacramento que nos vai redimir de nossos pecados, mas sim nossa transformação moral, isto é: Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XVII, Item 4).
Que Deus nos ajude e possamos todos os dias nos batizarmos pelo fogo das provações.

Domício.

sexta-feira, 18 de março de 2016

FAZE ISSO E VIVERÁS

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FAZE ISSO E VIVERÁS
E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso, e viverás.
Lucas, 10: 28.
O caso daquele doutor da Lei que interpelou o Mestre a respeito do que lhe competia fazer para herdar a vida eterna, reveste-se de grande interesse para quantos procuram a bênção do Cristo.
A palavra de Lucas é altamente elucidativa.
Não se surpreende Jesus com a pergunta, e, conhecendo a elevada condição intelectual do consulente, indaga acerca da sua concepção da Lei e fá-lo sentir que a resposta à interrogação já se achava nele mesmo, insculpida na tábua mental de seus conhecimentos.
Respondeste bem, diz o Mestre. E acrescenta: Faze isso, e viverás.
Semelhante afirmação destaca-se singularmente, porque o Cristo se dirigia a um homem em plena força de ação vital, declarando, entretanto: Faze isso, e viverás.
É que o viver não se circunscreve ao movimento do corpo, nem à exibição de certos títulos convencionais. Estende-se a vida a esferas mais altas, a Outros campos de realização superior com a espiritualidade sublime.
A mesma cena evangélica diariamente se repete em muitos setores. Grande número de aprendizes, plenamente integrados no conhecimento do dever que lhes compete, tocam a pedir orientação dos Mensageiros Divinos, quanto à melhor maneira de agir na Terra... a resposta, porém, está neles mesmos, em seus corações que temem a responsabilidade, a decisão e o serviço áspero...
Se já foste banhado pela claridade da fé viva, se foste beneficiado pelos princípios da salvação, executa o que aprendeste do nosso Divino Mestre: Faze isso, e viverás.
MINHA REFLEXÃO
Profunda lição, essa de Emmanuel, respaldada na lição do Mestre. O nosso feliz viver espiritual depende da determinação em seguir os ensinamentos que já entramos em contato. O conhecimento tem que se transformar em atitude. Sabemos o que nos faz mal e o que nos faz bem. Nossa vacilação está em deixar o que nos é mais cômodo e prazeroso, mesmo sabendo que é isso que nos atrasa, espiritualmente falando, e que nos causa dor. Ou seja, deixamos de VIVER, em função do que nos “mata”.
Isso nos faz lembrar que quanto mais sabemos, mais somos cobrados em relação ao que recebemos. Então, não poderemos lamentar o efeito de nossos desatinos.
O Espírito Hammed[1] nos esclarece sobre esse ponto:

Vale, porém, considerar que, à medida que nossa consciência se expande e maior lucidez se faz em nossa mente, maiores serão nossos compromissos perante a existência. ―Se fôsseis cegos, não teríeis pecado; mas agora dizeis que vedes e é por isso que vosso pecado permanece em vós. Podemos pretextar ignorância, mas se tivermos consciência de nossos feitos isso sempre será levado em conta. Avaliemos atentamente: os tesouros da alma que já integramos nos obrigarão a prestar maiores ou menores contas perante a Vida Maior.

Somos frutos de nós mesmos. As Leis divinas são gravadas em nossas consciências ao sairmos das mãos criadoras do Pai. Cabe a nós aproveitarmos o que nos é oferecido e sermos fortes diante das provas que nos tentam a optar pelo que nos é prejudicial, para não cairmos,  e nos arrependermos logo em seguida, por lembrar que sabíamos que poderia nos fazer mal ao optarmos por um caminho contrário ao que nos apontam as Leis.
Allan Kardec[2] nos esclarece sobre o nosso desenvolvimento espiritual após sermos criados simples e ignorantes:

6. Desenvolvendo-se o livre arbítrio nos Espíritos ao mesmo tempo que as ideias, Deus lhes diz: "Vocês podem aspirar à felicidade suprema, assim que tiverem adquirido os conhecimentos que lhes faltam e cumprido a tarefa que lhes imponho. Então trabalhem para seu engrandecimento; este é o objetivo; irão atingi-lo seguindo as leis que gravei em sua consciência."
Em consequência de seu livre arbítrio, uns tomam o caminho mais curto, que é o do bem, outros o mais longo, que é o do mal.

Nós espíritas, recebemos muitos conhecimentos a respeito da vida verdadeira. Cabe a nós sermos inteligentes e tomar o caminho seguro, sem titubear, mesmo que o desânimo da estrada sofrida nos alcance de tempo em tempo.
Que Deus nos ajude.
Domício.



[1] In Renovando Atitudes pelo médium Francisco do Espírito Santo Neto.
[2] In O Espiritismo em Sua Expressão Mais Simples.

domingo, 6 de março de 2016

INTUIÇÃO

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INTUIÇÃO
Porque a profecia jamais foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.
2ª Epístola a Pedro, 1: 21.
Todos os homens participam dos poderes da intuição, no divino tabernáculo da consciência, e todos podem desenvolver suas possibilidades nesse sentido, no domínio da elevação espiritual.
Não são fundamentalmente necessárias as grandes manifestações fenomênicas da mediunidade para que se estabeleçam movimentos de intercâmbio entre os planos visível e invisível.
Todas as noções que dignificam a vida humana vieram da esfera superior.
E essas ideias nobilitantes não se produziram por vontade de homem algum, porque os raciocínios propriamente terrestres sempre se inclinam para a materialidade em seu arraigado egoísmo.
A revelação divina, significando o que a Humanidade possui de melhor, é cooperação da espiritualidade sublime, trazida às criaturas pelos colaboradores de Jesus, através da exemplificação, dos atos e das palavras dos homens retos que, a golpes de esforço próprio, quebram o círculo de vulgaridades que os rodeia, tornando-se instrumentos de renovação necessária.
A faculdade intuitiva é instituição universal. Através de seus recursos, recebe o homem terrestre as vibrações da vida mais alta, em contribuições religiosas, filosóficas, artísticas e científicas, ampliando conquistas sentimentais e culturais, colaboração essa que se verifica sempre, não pela vontade da criatura, mas pela concessão de Deus.
MINHA REFLEXÃO
Quando o Mestre Jesus, nosso Governador planetário designa seus colaboradores para uma tarefa no plano físico, os acompanha via intuição que é alimentada pela sintonia que os mesmos estabelecem com Ele através da oração e atos.
Não se trata apenas de um fenômeno mediúnico, mas ligação espiritual entre Coordenador e coordenado, isto é, pelo pensamento.
Somos sabedores que o nosso conhecimento das Leis Naturais foi conhecido ou mesmo aflorado de nossas consciências, pois estão gravadas nelas[1], à medida que foram encarnando sábios para nos ensinar a partir de suas meditações. Os Espíritos Superiores em O Livro dos Espíritos nos esclarecem isto a partir da pergunta de nº 626 que Allan Kardec os fez:

Só por Jesus foram reveladas as leis divinas e naturais? Antes do seu aparecimento, o conhecimento dessas leis só por intuição os homens o tiveram?
“Já não dissemos que elas estão escritas por toda parte? Desde os séculos mais longínquos, todos os que meditaram sobre a sabedoria hão podido compreendê-las e ensiná-las. Pelos ensinos, mesmo incompletos, que espalharam, prepararam o terreno para receber a semente. Estando as leis divinas escritas no livro da Natureza, possível foi ao homem conhecê-las, logo que as quis procurar. Por isso é que os preceitos que consagram foram, desde todos os tempos, proclamados pelos homens de bem; e também por isso é que elementos delas se encontram, se bem que incompletos ou adulterados pela ignorância, na doutrina moral de todos os povos saídos da barbárie.”
Pela intuição, os profetas também nos revelaram as Leis, como diz Allan Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap XXI, item 4:

Entretanto, deu-se o caso de haver profetas que tiveram a presciência do futuro, quer por intuição, quer por providencial revelação, a fim de transmitirem avisos aos homens. Tendo-se realizado os acontecimentos preditos, o dom de predizer o futuro foi considerado como um dos atributos da qualidade de profeta.
Podemos também, se perfeitamente sintonizado com as esferas superiores, pelo pensamento reto, colaborar com a obra cristã, usando da intuição. Qualquer trabalho voltado para o bem, sempre estamos acompanhados dos irmãos que nos aproveitam como instrumentos da Obra do Senhor Jesus Cristo.
Que possamos ser bons intuídos.
Que Deus nos ajude.
Domício.



[1] O Livro dos Espíritos, questão nº 621. Onde está escrita a lei de Deus? “Na consciência.”