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A QUEM SEGUES?
Mas vós não
aprendestes assim a Cristo.
Paulo (Efésios, 4: 20).
O homem, como é natural, encontrará diversas sugestões no
caminho. Não somente do plano material receberá certos alvitres tendentes a
desviá-lo das realizações mais nobres. A esfera invisível, imediata ao círculo
de suas cogitações, igualmente pode oferecer-lhe determinadas perspectivas que
se não coadunam com os deveres elevados que a existência implica em si mesma.
Na consideração desse problema, os discípulos sinceros
compreendem a necessidade de sua centralização em Jesus-Cristo.
Quando esse imperativo é esquecido, as maiores perturbações
podem ocorrer.
O
aprendiz menos centralizado nos ensinos do Mestre acredita que pode servir a
dois senhores e, por vezes, chega a admitir que é possível atender a todos os
desvairamentos dos sentidos, sem prejudicar a paz de sua alma. Justificam-se,
para isso, em doutrinas novas, filhas das novidades científicas do século;
valem-se de certos filósofos improvisados que conferem demasiado valor aos
instintos; mas, chegados a esse ponto, preparem-se para os grandes fracassos
porque a necessidade de edificação espiritual permanece viva e cada vez mais
imperiosa. Poderão recorrer aos conceitos dos pretensos sábios do mundo,
entretanto, Jesus não ensinou assim.
MINHA REFLEXÃO
Nós vivemos sob a tentação do joio. Não estamos a sós. Vivemos
sob a influência dos Espíritos que não se contentam em serem infelizes. Desejam
que o sejamos também[1]. Daí sermos convidados constantemente
a eleger paralelos para nos justificar a nossa verdadeira inclinação que é a
daqueles que preferem dar seguimento às suas inclinações más. “Não fazendo mal
aos outros, é o que importa”. Mas quem disse que fazendo mal só a nós, não estamos
fazendo mal aos outros? E a preocupação que lhes damos? E o mal exemplo aos
menores que nos admiram e precisam de uma imagem para seguir?
Falhamos de todas as maneiras aos nos justificarmos para
vivermos como quem se aproveitam de nossas inferioridades para se comprazerem com
elas.
Por mais singelo, sejam nossos desvios, Emmanuel nos lembra
que poderemos “recorrer aos conceitos dos pretensos sábios do mundo,
entretanto, Jesus não ensinou assim”.
Não podemos servir a dois senhores[2]. Ou a um ou a outro. Na
Terra, estamos para progredir. Não basta fazermos o que qualquer um pode fazer:
ir para o trabalho, levar os filhos para a escola, conviver com os amigos em
festas ou encontros fraternos, regados aos apetites mundanos, “pois ninguém é
de ferro”. Isso é necessário e devemos fazer, desde que não nos esqueçamos que
antes de tudo, temos uma tarefa a desempenhar: evoluir e ajudar a evolução dos
semelhantes pelos exemplos, pela assistência educacional[3]. Tudo pode ser pretexto
para crescer ou estagnar. Que aproveitemos para crescer.
Que sigamos tão somente ao Mestre Jesus.
Que Deus nos ajude.
[1] O Livro dos Espíritos,
Questão 459. Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos? “Muito
mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que vos
dirigem”. Questão 465. Com que fim os Espíritos imperfeitos nos induzem ao
mal? “Para que sofrais como eles sofrem”. a) - E isso lhes diminui os
sofrimentos? “Não; mas fazem-no por inveja, por não poderem suportar que
haja seres felizes”.
[2]
Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou odiará a um e amará a
outro, ou se prenderá a um e desprezará o outro. Não podeis servir
simultaneamente a Deus e a Mamon (Lucas, 16: 13). Vide interpretação espírita em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVI.
[3]O Livro dos Espíritos, Questão 573.
Em que consiste a missão dos Espíritos encarnados? “Em instruir os
homens, em lhes auxiliar o progresso; em lhes melhorar as instituições, por
meios diretos e materiais. As missões, porém, são mais ou menos gerais e importantes.
O que cultiva a terra desempenha tão nobre missão, como o que governa, ou o que
instrui. Tudo em a Natureza se encadeia. Ao mesmo tempo que o Espírito se
depura pela encarnação, concorre, dessa forma, para a execução dos desígnios da
Providência. Cada um tem neste mundo a sua missão, porque todos podem ter
alguma utilidade”.