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LUCROS
E o que tens ajuntado para quem
será? Jesus.
Lucas, 12:20
Em todos os agrupamentos humanos, palpita a preocupação de ganhar. O
espírito de lucro alcança os setores mais singelos. Meninos, mal saídos da
primeira infância, mostram-se interessados em amontoar egoisticamente alguma
coisa. A atualidade conta com mães numerosas que abandonam seu lar a
desconhecidos, durante muitas horas do dia, a fim de experimentarem a mina
lucrativa. Nesse sentido, a maioria das criaturas converte a marcha evolutiva em
corrida inquietante.
Por trás do sepulcro, ponto de chegada de todos os que saíram do berço, a
verdade aguarda o homem e interroga:
— Que trouxeste?
O infeliz responderá que reuniu vantagens materiais, que se esforçou por
assegurar a posição tranquila de si mesmo e dos seus.
Examinada, porém, a bagagem, verifica-se, quase sempre, que as vitórias
são derrotas fragorosas. Não constituem valores da alma, nem trazem o selo dos
bens eternos.
Atingida semelhante equação, o viajor olha para trás e sente frio. Prende-
se, de maneira inexplicável, aos resultados de tudo o que amontoou na Crosta da
Terra. A consciência inquieta enche-se de nuvens e a voz do Evangelho soa-lhe
aos ouvidos: Pobre de ti, porque teus lucros foram perdas desastrosas! “E o que
tens ajuntado para quem será?”.
MINHA REFLEXÃO
A vida futura. É ao que nos remete essa simples frase de Jesus, nosso
Mestre Maior. Emmanuel nos traz uma profunda reflexão sobre ela. E quando nós
falamos em vida futura, nos reportamos à vida espiritual, depois do desencarne.
Somos todos amontoadores de bens. Temos um baú cheios de tesouros. Cada
um tem o tesouro que traz no coração. Nos trechos do O Evangelho Segundo o
Espiritismo (ESE), a seguir, nos trazem uma reflexão sobre isso:
Nada fica perdido no reino de nosso Pai e os vossos
suores e misérias formam o tesouro que vos tornará ricos nas esferas
superiores, onde a luz substitui as trevas e onde o mais desnudo dentre todos
vós será talvez o mais resplandecente. - O Espírito de Verdade. (Paris, 1861 – ESE, cap. 6 – O Cristo
Consolador).
Todos
vós podeis dar. Qualquer que seja a classe a que pertençais, de alguma coisa
dispondes que podeis dividir. Seja o que for que Deus vos haja outorgado, uma
parte do que ele vos deu deveis àquele que carece do necessário, porquanto, em
seu lugar, muito gostaríeis que outro dividisse convosco. Os vossos tesouros da Terra serão
um pouco menores; contudo, os vossos tesouros do céu ficarão acrescidos. Lá
colhereis pelo cêntuplo o que houverdes semeado em benefícios neste mundo.
- João. (Bordéus, 1861 – ESE, cap. 13 – Que vossa mão esquerda não saiba o que
faz a mão direita).
Além dessas passagens evangélicas acima citadas, no Novo Testamento,
encontramos outras passagens em que o Cristo nos adverte a nos guardamos da
avareza, ressaltando o valor da vida espiritual (Lucas, 16: 13; Mateus, 19: 16 a 24; Lucas, 18: 18 a 25; Marcos, 10: 17 a 25; Lucas, 12: 13 a 21; Lucas, 19: 1 a 10; Lucas, 16: 19 a 31; Mateus, 25: 14 a 30). Todas essas
passagens evangélicas são interpretadas à luz do Espiritismo, no Capítulo XVI
de O Evang. Segundo o Espiritismo, intitulado “Não se pode servir a Deus e a
Mamon”.
Nada que acumulamos em termos de bens materiais, nesta vida corpórea, nos
servirá depois da morte do corpo físico. O verdadeiro tesouro que será considerado
ao voltarmos à pátria espiritual é aquele que se constitui de valores morais,
que nos engrandecem perante Deus e ao nosso Mestre Jesus.
Que sejamos talentosos em acumular bens espirituais; e que os materiais,
saibamos distribuir com sabedoria com os nossos mais próximos e com aqueles que
não tanto.
Que Deus nos ajude.
Domício.