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ORIENTADORES DO MUNDO
Respondeu-lhe Jesus: És
mestre em Israel e não sabes isto?
JOÃO (3: 10).
É muito comum nos círculos
religiosos, notadamente nos arraiais espiritistas, o aparecimento de
orientadores do mundo, reclamando provas da existência da alma.
Tempo virá em que semelhantes
inquirições serão consideradas pueris, porque, afinal, esses mentores da
política, da educação, da ciência, estão perguntando, no fundo, se eles
próprios existem.
A resposta de Jesus a
Nicodemos, embora se refira ao problema da reencarnação, enquadra-se
perfeitamente ao assunto, de vez que os condutores da atualidade prosseguem
indagando sobre realidades essenciais da vida.
Peçamos a Deus auxilie o homem
para que não continue tentando penetrar a casa do progresso pelo telhado.
O médico leviano, até que
verifique a verdade espiritual, será defrontado por experiências dolorosas no
campo das realizações que lhe dizem respeito. O professor, apenas teórico,
precipitar-se-á muitas vezes nas ilusões. O administrador improvisado permanecerá
exposto a erros tremendos, até que se ajuste a responsabilidade que lhe é
própria.
Por esse motivo, a resposta de Jesus aplica-se,
com acerto, às interrogações dos instrutores modernos. Transformados em
investigadores, dirigem-se a nós outros, muita vez com ironia, reclamando a
certeza sobre a existência do espírito; entretanto, eles orientam os outros e
se introduzem na vida dos nossos irmãos em humanidade. Considerando essa
circunstância e em se tratando de problema tão essencial para si próprios, é
razoável que não perguntem, porque devem saber.
MINHA
REFLEXÃO
Os pseudo instrutores que não
querem, com atitudes de quem quer crescer em conhecimentos, pois os que tem já
é suficiente para atender suas conveniências pessoais, desprezam aqueles que
contrariam as mesmas conveniências.
Então, indagam tão somente
para provocar, de modo irônico, o que em sã consciência já, pela lógica
sustentada pela sua “inteligência professoral”, conhecem.
Jesus foi muitas vezes
questionado, retoricamente, pelos seus adversários para com isso comprometê-lo.
Mas o Mestre sabia o que vinha de seus pensamentos e dava a eles a sabedoria.
Assim foi no caso da cobrança dos impostos, sobre ser rei dos judeus, sobre
nascer de novo na barriga mãe, sendo velho, etc.
Que não sejamos tal qual
aqueles que apenas criticam uma ideia, comportamento elevado, novo, como a
resistir em sair de seu comodismo viciado e corrupto que muito lhe compraz. Se
baseiam na contradição como se a contradição existisse. Como exemplos, temos o
repúdio e às vezes até o escárnio ao vegetarianismo, a determinação de
continuar um vício (álcool[1], tabaco e drogas “leves” e
até “medicinal” como a maconha[2]).
Que sejamos instrutores, antes
de todos, de nós mesmos e sigamos o maior dos maiores instrutores: o Mestre Jesus.
Que Deus nos ajude.
Domício.
[1] “Eu bebo sim, estou vivendo. Tem gente
que não bebe está morrendo. Eu bebo sim”.
[2] “Depois, tendo chamado o povo, disse:
“Escutai e compreendei bem isto: Não é o que entra na boca que macula o homem;
o que sai da boca do homem é que o macula. O que sai da boca procede do coração
e é o que torna impuro o homem; porquanto do coração é que partem os maus
pensamentos, os assassínios, os adultérios, as fornicações, os latrocínios, os
falsos-testemunhos, as blasfêmias e as maledicências. Essas são as coisas que
tornam impuro o homem; o comer sem haver lavado as mãos não é o que o torna
impuro”. (Mateus, 15: 1-20). Vide interpretação de A. Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. VIII, Item 10.