Mensagem de boas vindas


quarta-feira, 30 de abril de 2014

O FRACASSO DE PEDRO

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O FRACASSO DE PEDRO
E Pedro o seguiu, de longe, até ao pátio do sumo-sacerdote e, entrando, assentou-se entre os criados para ver o fim.
MATEUS, 26: 58.
O fracasso, como qualquer êxito, tem suas causas positivas.
A negação de Pedro sempre constitui assunto de palpitante interesse nas comunidades do Cristianismo.
Enquadrar-se-ia a queda moral do generoso amigo do Mestre num plano de fatalidade? Por que se negaria Simão a cooperar com o Senhor em minutos tão difíceis?
Útil, nesse particular, é o exame de sua invigilância.
O fracasso do amoroso pescador reside aí dentro, na desatenção para com as advertências recebidas. Grande número de discípulos modernos participam das mesmas negações, em razão de continuarem desatendendo.
Informa o Evangelho que, naquela hora de trabalhos supremos, Simão Pedro seguia o Mestre “de longe”, ficou no “pátio do sumo-sacerdote”, e “assentou-se entre os criados” deste, para “ver o fim”.
Leitura cuidadosa do texto esclarece-nos o entendimento e reconhecemos que, ainda hoje, muitos amigos do Evangelho prosseguem caindo em suas aspirações e esperanças, por acompanharem o Cristo a distância, receosos de perderem gratificações imediatistas; quando chamados a testemunho importante, demoram-se nas vizinhanças da arena de lutas redentoras, entre os servos das convenções utilitaristas, assestando binóculos de exame, a fim de observarem como será o fim dos serviços alheios.
Todos os aprendizes, nessas condições, naturalmente fracassarão e chorarão amargamente.
MINHA REFLEXÃO
O testemunho da crença, cumplicidade com a verdade nem sempre se dá, pois ainda estamos muito presos aos interesses do mundo. Foi um momento de vacilação do Pedro. Mas o Cristo não o condenou, como não condenou a prostituta, os ladrões que estavam do seu lado no madeiro.
Pelo contrário, delegou-lhe o ministério de conduzir a sua Boa Nova. O Cristo, que é um Espírito Puro, o entendeu muito antes e lhe advertiu do que aconteceria. Mas para Pedro, quem sabe, com medo do que estava acontecendo, de sofrer junto com o Mestre, falhou.
Graças a Deus e apoio do Mestre, ele se redimiu e tocou em frente a obra e nunca mais negou o Senhor.
Que nós não fraquejemos nas horas extremas, mas mesmo que aconteça, que saibamos nos reerguer e seguir em frente, convictos do bem que possamos fazer com todo o material que já recebemos da Doutrina Espírita.
Que Deus nos ajude.

Domício.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

VELAR COM JESUS

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VELAR COM JESUS
E voltando para os seus discípulos, achou-os adormecidos e disse a Pedro: Então, nem uma hora pudeste velar comigo?
Mateus (26: 40).
Jesus veio à Terra acordar os homens para a vida maior.
É interessante lembrar, todavia, que, em sentindo a necessidade de alguém para acompanhá-lo no supremo testemunho, não convidou seguidores tímidos ou beneficiados da véspera e, sim, os discípulos conscientes das próprias obrigações. Entretanto, esses mesmos dormiram, intensificando a solidão do Divino Enviado.
É indispensável rememoremos o texto evangélico para considerar que o Mestre continua em esforço incessante e prossegue convocando cooperadores devotados à colaboração necessária. Claro que não confia tarefas de importância fundamental a Espíritos inexperientes ou ignorantes; mas, é imperioso reconhecer o reduzido número daqueles que não adormecem no mundo, enquanto Jesus aguarda resultados da incumbência que lhes foi cometida.
Olvidando o mandato de que são portadores, inquietam-se pela execução dos próprios desejos, a observarem em grande conta os dias rápidos que o corpo físico lhes oferece. Esquecem-se de que a vida é a eternidade e que a existência terrestre não passa simbolicamente de “uma hora”. Em vista disso, ao despertarem na realidade espiritual, os obreiros distraídos choram sob o látego da consciência e anseiam pelo reencontro da paz do Salvador, mas ecoam-lhes ao ouvido as palavras endereçadas a Pedro: Então, nem por uma hora pudeste velar comigo?
E, em verdade, se ainda não podemos permanecer com o Cristo, ao menos uma hora, como pretendermos a divina união para a eternidade?
MINHA REFLEXÃO
O aprendiz, convicto de suas obrigações, está sempre pronto para velar com o seu mestre, mas em sua inexperiência e estágio evolutivo dorme muitas vezes por não conseguir acompanhar o ritmo elevado do mestre.
A mensagem que ora refletimos nos reporta para o compromisso que assumimos com a espiritualidade em, por "uma hora", darmos o que temos em favor da obra imensa do Senhor. Jesus é incansável e o trabalho não para. Portanto, está sempre contando com nosso pequena cota de colaboração em Sua seara.
O trabalho urge e somos aqueles trabalhadores[1] da última hora. Compete-nos fazer jus ao chamado de última hora e o salário maior que todo cristão deve valorizar: as bem-aventuranças prometidas pelo Senhor[2] e a felicidade de ter contribuído com o Pai eterno sob a liderança de Seu Filho, nosso irmão.
Que não cochilemos em serviço.
Que Deus nos ajude.
Domício.




[1] Mateus (20: 1 a 16). A parábola dos trabalhadores da última hora é analisada pelos Espíritos da codificação espírita no capítulo 20 de O Evangelho Segundo o Espiritismo.
[2] Bem-Aventurados os aflitos (Mateus, 5: 5, 6 e 10; Lucas, 6: 20 e 21.); Bem-aventurados os pobres de espíritos (Mateus, 5: 3); Bem-aventurados os que têm puro o coração (Mateus, 5: 8.); Bem-aventurados os que são brandos pacíficos (Mateus, 5: 4 e 9); Bem-aventurados os que são misericordiosos (Mateus, 5: 7). Essas bem-aventuranças são analisadas por Allan Kardec e os Espíritos que ditaram a Doutrina Espírita nos capítulos 5, 7, 8, 9 e 10 do O Evangelho Segundo o Espiritismo.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

POR QUE DORMIS?

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POR QUE DORMIS?
E disse-lhes: Por que estais dormindo? Levantai-vos e orai, para que não entreis em tentação.
Lucas (22: 46).
Nos ensinos fundamentais de Jesus, é imperioso evitar as situações acomodatícias, em detrimento das atividades do bem.
O Evangelho de Lucas, nesta passagem, conta que os discípulos “dormiam de tristeza”, enquanto o Mestre orava fervorosamente no Horto. Vê-se, pois, que o Senhor não justificou nem mesmo a inatividade oriunda do choque ante as grandes dores.
O aprendiz figurará o mundo como sendo o campo de trabalho do Reino, onde se esforçará, operoso e vigilante, compreendendo que o Cristo prossegue em serviço redentor para o resgate total das criaturas.
Recordando a prece em Getsêmani, somos obrigados a lembrar que inúmeros comunidades de alicerces cristãos permanecem dormindo nas convivências pessoais, nos mesquinhos interesses, nas vaidades efêmeras. Falam do Cristo, referem-se à sua imperecível exemplificação, como se fossem sonâmbulos, inconscientes do que dizem e do que fazem, para despertarem tão-só no instante da morte corporal, em soluços tardios.
Ouçamos a interrogação do Salvador e busquemos a edificação e o trabalho, onde não existem lugares vagos para o que seja inútil e ruinoso à consciência.
Quanto a ti, que ainda te encontras na carne, não durmas em espírito, desatendendo aos interesses do Redentor. Levanta-te e esforça-te, porque é no sono da alma que se encontram as mais perigosas tentações, através de pesadelos ou fantasias.
MINHA REFLEXÃO
Somos viajores que muitas vezes nos entretemos apenas na paisagem sem contudo perceber uma inteligência suprema por trás dela.
Esquecidos de nossos compromissos, não nos atentamos para o objetivo da viagem: progresso, construção da felicidade espiritual.
Muitas vezes cochilamos diante de oportunidades de serviços fundamentais para a nossa evolução. Não entendemos e nem refletimos sobre certos acontecimentos que nada mais são que oportunidades de aprendizados de um curso na escola evolutiva que é a nossa própria vida espiritual.
O Mestre nunca parou e na hora extrema, ainda sim, estava vigilante, em contato com o Pai, se abastecendo de energias interiores para o porvir imediato, que seria o seu holocausto, o exercício supremo de sua compaixão por nós.
A invigilância nos leva as tentações do mundo e, ao despertarmos, descobrimos o quanto perdemos do momento precioso que o Pai nos proporcionou com vista à nossa evolução espiritual.[i]
Devemos estar em constante oração e vigilância como o homem reformado, pois chances de sermos maliciosos, ingratos, rancorosos e egoístas não nos faltam, como também não nos faltam aquelas de sermos homens de bem, bons espíritas.[ii]
Que Deus nos ajude.
Domício.




[i] Allan Kardec em O Evangelho Seg. o Espiritismos, Cap. XXVII (Pedi e obterei), Item 11 (Ação da prece –Transmissão do pensamento), esclarece: “Pela prece, obtém o homem o concurso dos bons Espíritos que acorrem a sustentá-lo em suas boas resoluções e a inspirar-lhe ideias sãs. Ele adquire, desse modo, a força moral necessária a vencer as dificuldades e a volver ao caminho reto, se deste se afastou. Por esse meio, pode também desviar de si os males que atrairia pelas suas próprias faltas. Um homem, por exemplo, vê arruinada a sua saúde, em consequência de excessos a que se entregou, e arrasta, até o termo de seus dias, uma vida de sofrimento: terá ele o direito de queixar-se, se não obtiver a cura que deseja? Não, pois que houvera podido encontrar na prece a força de resistir às tentações.”
[ii]Allan Kardec em O Evangelho Seg. o Espiritismos, Cap. XVII (Sede perfeitos), Item 4 (Os bons espíritas), nos deixou a seguinte máxima: “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

JESUS E OS AMIGOS

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JESUS E OS AMIGOS
Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a vida pelos seus amigos.
Jesus (João, 15: 13).
Na localização histórica do Cristo, impressiona-nos a realidade de sua imensa afeição pela Humanidade.
Pelos homens, fez tudo o que era possível em renúncia e dedicação.
Seus atos foram celebrados em assembleias de confraternização e de amor. A primeira manifestação de seu apostolado verificou-se na festa jubilosa de um lar. Fez companhia aos publicanos, sentiu sede da perfeita compreensão de seus discípulos. Era amigo fiel dos necessitados que se socorriam de suas virtudes imortais. Através das lições evangélicas, nota-se-lhe o esforço para ser entendido em sua infinita capacidade de amar. A última ceia representa uma paisagem completa de afetividade integral. Lava os pés aos discípulos, ora pela felicidade de cada um...
Entretanto, ao primeiro embate com as forças destruidoras, experimenta o Mestre o supremo abandono. Em vão, seus olhos procuram a multidão dos afeiçoados, beneficiados e seguidores.
Os leprosos e cegos, curados por suas mãos, haviam desaparecido.
Judas entregou-o com um beijo.
Simão, que lhe gozara a convivência doméstica, negou-o três vezes.
João e Tiago dormiram no Horto.
Os demais preferiram estacionar em acordos apressados com as acusações injustas. Mesmo depois da Ressurreição, Tomé exigiu-lhe sinais.
Quando estiveres na “porta estreita”, dilatando as conquistas da vida eterna, irás também só. Não aguardes teus amigos. Não te compreenderiam; no entanto, não deixes de amá-los. São crianças. E toda criança teme e exige muito.

MINHA REFLEXÃO
Sublime, esse entendimento da compreensão infinita de Jesus Cristo. O Mestre sabia com quem ia tratar ao descer. Mesmo assim, demonstrando profunda compaixão por nós, desceu.
Não importava o que ia passar, pois o maior ensinamento que iria nos deixar seria o seu exemplo de completa sintonia com o Pai no cumprimento de suas leis, dentre as quais, a Lei de Amor, Justiça e Caridade. Foi a expressão máxima de demonstração de fidelidade a essa Lei.[1]
Ensinou-nos a ser irmãos uns dos outros, como demonstrou ser conosco. Irmão mais experiente, compreensivo com nosso estágio evolutivo, perdoou todas as nossas deserções e abandono. Entendia que chegaria a nossa hora de mostrar que também somos Filhos obedientes e diletos do Pai.
Ele deixou o caminho (Ele se intitulou o Caminho e é...).
Que possamos trilhar esse Caminho em direção ao Pai, como o Filho Pródigo.
Que Deus nos ajude.
Domício.


[1] Vide Livro Terceiro (Das Leis Morais), Cap. XI, de O Livro dos Espíritos.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

TESTEMUNHO

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TESTEMUNHO
Respondeu-lhe Jesus: — Dizes isso de ti mesmo ou foram outros que to disseram de mim?
JOÃO (18: 34.)
A pergunta do Cristo a Pilatos tem significação mais extensiva. Compreendemo-la, aplicada às nossas experiências religiosas.
Quando encaramos no Mestre a personalidade do Salvador, por que o afirmamos? estaremos agindo como discos fonográficos, na repetição pura e simples de palavras ouvidas?
É necessário conhecer o motivo pelo qual atribuímos títulos amoráveis e respeitosos ao Senhor. Não basta redizer encantadoras lições dos outros, mas viver substancialmente a experiência íntima na fidelidade ao programa divino.
Quando alguém se refere nominalmente a um homem, esse homem pode indagar quanto às origens da referência.
Jesus não é símbolo legendário; é um Mestre Vivo.
As preocupações superficiais do mundo chegam, educam o espírito e passam, mas a experiência religiosa permanece.
Nesse capítulo, portanto, é ilógico recorrermos, sistematicamente, aos patrimônios alheios.
É útil a todo aprendiz testificar de si mesmo, iluminar o coração com os ensinos do Cristo, observar-lhe a influência excelsa nos dias tranquilos e nos tormentosos.
Reconheçamos, pois, atitude louvável no esforço do homem que se inspira na exemplificação dos discípulos fiéis; contudo, não nos esqueçamos de que é contraproducente repousarmos em edificações que não nos pertencem, olvidando o serviço que nos é próprio.
MINHA REFLEXÃO
Sintonia real, é o que se trata nessa mensagem de Emmanuel. É muito fácil admirar os feitos de alguém. Difícil é seguir os exemplos, pois entre admiração e assumir posturas idênticas ao admirado há uma grande distância.
Não basta dizer “Senhor, senhor...” para se dizer discípulo íntegro do Mestre (MATEUS: 7: 21 a 23.). Necessário que a reforma íntima se desenvolva no sentido progresso espiritual do adepto das ideias daquele que se admira. Ou seja, necessário que se faça a vontade do Pai, como o Cristo nos advertiu nessa passagem de Mateus.
Não devemos afirmar que certas coisas só o Cristo faria, pois Ele mesmo disse que faríamos muito mais que Ele. Então, que sejamos fiéis ao conhecimento da superioridade do Mestre, mas que sejamos também fiéis à nossa identidade com Ele, nos reformando intimamente, tornando-nos os escolhidos, já que atendemos ao seu chamado (MATEUS, 22: 1 a 14.)
Que Deus nos ajude.

Domício