Mensagem de boas vindas


terça-feira, 23 de dezembro de 2014

AS CARTAS DO CRISTO

114
AS CARTAS DO CRISTO
Porque já é manifesto que sois a carta do Cristo, ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o Espírito de Deus Vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração.
Paulo. (2ª Epístola aos Coríntios, 3: 3.)
É singular que o Mestre não haja legado ao mundo um compêndio de princípios escritos pelas próprias mãos.
As figuras notáveis da Terra sempre assinalam sua passagem no planeta, endereçando à posteridade a sua mensagem de sabedoria e amor, seja em tábuas de pedra, seja em documentos envelhecidos.
Com Jesus, porém, o processo não foi o mesmo. O Mestre como que fez questão de escrever sua doutrina aos homens, gravando-a no coração dos companheiros sinceros. Seu testamento espiritual constitui-se de ensinos aos discípulos e não foram grafados por ele mesmo.
Recursos humanos seriam insuficientes para revelar a riqueza eterna de sua Mensagem. As letras e raciocínios, propriamente humanos, na maioria das vezes costumam dar margem a controvérsias. Em vista disso, Jesus gravou seus ensinamentos nos corações que o rodeavam e até hoje os aprendizes que se lhe conservam fiéis são as suas cartas divinas dirigidas à Humanidade. Esses documentos vivos do santificante amor do Cristo palpitam em todas as religiões e em todos os climas. São os vanguardeiros que conhecem a vida superior, experimentam o sublime contato do Mestre e transformam-se em sua mensagem para os homens.
Podem surgir muitas contendas em torno das páginas mais célebres e formosas; todavia, perante a alma que se converteu em carta viva do Senhor, quando não haja vibrações superiores da compreensão, haverá sempre o divino silêncio.
MINHA REFLEXÃO
Nosso Mestre, não escolheu, para o seu desiderato, aqui na Terra, Espíritos de elevadíssima envergadura. Esses ficaram do lado da Vida Maior sustentando os seus escolhidos e convertidos para que não caíssem em suas tentações. Aqueles nem sempre foram felizes, na Escola do Mestre, pois eram todos aprendizes de sua Boa Nova, mas nem por isso foram abandonados pelo amoroso e misericordioso Mestre. Ele reapareceu, depois de ser traído e negado, para demonstrar a imortalidade do Espírito e reanimar seus discípulos para a grande tarefa que iriam desincumbir a partir dali.
Espíritos renovados foram aqueles que muito se sacrificaram para exterminar, em si, o homem velho que teimava em existir. Dentre seus primeiros seguidores, tivemos exemplos de Espíritos de maior ou menor grau de espiritualização; houve Espíritos que sacrificaram muito a si mesmo para segui-lo, como a Maria de Magdala e Paulo. Nesse blog temos a mensagem de número 92 que nos traz a reflexão sobre a transformação incondicional daquela mulher que, pelo seu esforço imenso em se transformar, para seguir o Cristo, foi merecedora de sua primeira aparição[1]. Assim, ela se transformou em carta viva do Mestre. Uma carta recheada de sacrifícios em domar a si mesmo, pois que escolheu passar pela porta estreita[2] e foi vitoriosa em transpô-la.
Que possamos ser todos os dias do ano, e não só no mês de dezembro, dia 24, seus admiradores/adoradores/seguidores, cartas vivas Dele.
Que Deus nos ajude.
Domício.

JESUS: O SENHOR, MESTRE E CONSOLADOR
L. Angel         23/12/2014
Jesus, a Inocência.
Cristo, o Mestre.
Messias, a Esperança da Divina Complacência.
Nosso Irmão, o Professor das aulas campestres
“Eu não vim trazer a paz, mas a espada”,
Disse a Luz do mundo,
Significando a repercussão de Suas ideias ditadas,
Nesse planeta de ideário moral não fecundo.
Na Vinha do Senhor,
Não trabalha qualquer filho Seu.
Precisa estar de mãos limpas, sem amargor,
Como Paulo, um trabalhador digno das maravilhas de Deus.
Que sejamos os trabalhadores fiéis da última hora.
Discípulos convictos continuadores de Sua obra.
Unidos e instruídos, pois a Regeneração não demora.
Para isso o século não dobra.
Jesus, és a luz que nos guia.
CAMINHO iluminado.
A VERDADE que não temos aceitado.
Cristo, tu és a VIDA que não se adia!!!



[1] L. Angel a homenageou, em 01/06/14:
Maria de Magdala, exemplo dificilmente imitável/ Renunciou aos seus desatinos que não quis mais viver./ O encontro com o Mestre foi decididamente transformador – que admirável!/ Por isso foi a premiada para vê-Lo no Seu primeiro reaparecer.
[2] MATEUS (7: 13 e 14); O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XVIII, itens 3 a 5.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

NÃO TE ESQUEÇAS

113
NÃO TE ESQUEÇAS
Porque muitos dos judeus, por causa dele, iam e criam em Jesus.
JOÃO, 12: 11.
Narra o Evangelho de João que muita gente, encaminhando-se para Betânia, buscava acercar-se do Mestre, não somente para vê-lo, mas para comtemplar também a figura de Lázaro, retirado do sepulcro. Nessa movimentação, muitos iam e voltavam transformados, irritando os círculos farisaicos.
Essa lembrança do Apóstolo é preciosa.
A situação, todavia, é idêntica nos dias atuais.
A alma voltada para o Cristo quase sempre foi ressuscitada por seu amor, escapando à sombra dos pesadelos intelectuais que operam a morte do sentimento...
Muitos homens estão mortos, soterrados nos sepulcros da indiferença, do egoísmo, da negação. Quando um companheiro, como Lázaro, tem a felicidade de ser tocado pelo Cristo, eis que se estabelece a curiosidade geral em torno de suas atitudes. Todos desejam conhecer-lhe as modificações.
Se és, portanto, um beneficiado de Jesus; se o Senhor já te levantou do pó terrestre para o conhecimento da vida infinita, recorda-te de que teus amigos, na maioria, têm notícias do Mestre; todavia, ainda não estão preparados a compreendê-lo integralmente. Serás, como Lázaro, o ponto de observação direta para todos eles. Somente começarão a receber a claridade da crença sincera por ti, reconhecendo o poder de Jesus pela transformação que estejas demonstrando. Se já foste, pois, chamado pelo Senhor da Vida, está em tuas mãos continuares nos recintos da morte ou levantares para a edificação dos que te rodeiam.
MINHA REFLEXÃO
Nós Espíritas, como outros profitentes de outras religiões, que se dizem tocados pelas claridades dos ensinamentos do Cristo, somos como bússolas norteando os que ficam tão somente a admirar os feitos deles.
Mas devemos, a despeito disso, pensar que a oportunidade de ter se deixado clarificar pela Luz do Mestre é muito significativa. Não podemos nos deixar abater pelas nossas imperfeições e apelos dos que ficam a nos observar e criticar quando caímos.
Somos imperfeitos, mas em processo de aperfeiçoamento. O Mestre não veio para os sãos e sim para os doentes[1]. E, apesar, de entendermos que somos menos doentes que muitos da face desse planeta, ainda somos doentes da alma.
Essa mensagem lembra outra já refletida nesse blog (102 – O Cristão e o Mundo e 112 - Como Lázaro), assim como outras, também.
Não nos esqueçamos de que somos aproveitados pelo Mestre e seus obreiros da vida maior pelo que já desenvolvemos em favor de nós, para os outros. Sejamos exemplos para nós mesmos não desanimando nas horas mais duras de nossas provações e expiações. Seremos os primeiros beneficiados.
Que Deus nos ajude.
Domício







[1]Estando Jesus à mesa em casa desse homem (Mateus), vieram aí ter muitos publicanos e gente de má vida, que se puseram à mesa com Jesus e seus discípulos; - o que fez que os fariseus, notando-o, disseram aos discípulos: Como é que o vosso Mestre come com publicanos e pessoas de má vida? - Tendo-os ouvido, disse-lhes Jesus: Não são os que gozam saúde que precisam de médico. (Mateus, 9: 10 a 12.). Essa passagem evangélica é interpretada à luz do Espiritismo por Allan Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XXIV, item 11.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

COMO LÁZARO

112
COMO LÁZARO
E o defunto saiu, tendo as mãos e os pés ligados com faixas e o seu rosto envolto num lenço. Disse-lhes Jesus: Desligai-o e deixai-o ir.
João (11: 44).
O regresso de Lázaro à vida ativa representa grandioso símbolo para todos os trabalhadores da Terra.
Os criminosos arrependidos, os pecadores que se voltam para o bem, os que “trincaram” o cristal da consciência, entendem a maravilhosa característica do verbo recomeçar.
Lázaro não podia ser feliz tão-só por revestir-se novamente da carne perecível, mas, sim, pela possibilidade de reiniciar a experiência humana com valores novos. E, na faina evolutiva, cada vez que o espírito alcança do Mestre Divino a oportunidade de regressar à Terra, ei-lo desenfaixado dos laços vigorosos... exonerado da angústia, do remorso, do medo... A sensação do túmulo de impressões em que se encontrava, era venda forte a cobrir-lhe o rosto...
Jesus, compadecido, exclamou para o mundo
 — Desligai-o, deixai-o ir.
Essa passagem evangélica é assinalada de profunda beleza.
Preciosa é a existência de um homem, porque o Cristo lhe permitiu o desligamento dos laços criminosos com o pretérito, deixando-o encaminhar-se, de novo, às fontes da vida humana, de maneira a reconstituir e santificar os elos de seu destino espiritual, na dádiva suprema de começar outra vez.
MINHA REFLEXÃO
Belíssima, essa reflexão de Emmanuel em torno do episódio de Lázaro. Nós, milenarmente, vimos seguindo na estrada escolhida por nós, de modo semimorto, como Lázaro.
A cada existência oferecida pela Misericórdia de Deus, quando nos tirou pela n-ésima vez as faixas e cordas de nosso corpo espiritual, retomamos as ações que criaram em nós, novamente, aquelas faixas que nos mortificam, sem nos matar.
Ao reencarnarmos, somos convidados novamente a retirar de nós o que nos prende ao pó das ilusões mundanas. Seria desejável, que em vez de nos aprisionarmos novamente, a cada existência, ajudássemos o Cristo[1] a desenfaixar os nossos semelhantes, ainda renitentes no mal contra si e contra o próximo[2].
Que Deus nos ajude nessa meta, nessa missão, de sermos verdadeiramente espíritas, de sermos cristãos.
Domício.

Deixo um fragmento poético de L. Angel sobre o tema dessa mensagem.

Renascer todo dia:
Isto é imperativo.
Andar para frente, isto não se adia,
Pois a vida física é um instante furtivo.
L. Angel   27/04/2014

[1] Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XX, Item 4 – A missão dos espíritas.
[2] Sugiro ao leitor amigo que leia a mensagem de Emmanuel, de número 56, intitulada Renasce agora, do livro Fonte Viva, psicografado por Chico Xavier. Caso faça relação com essa mensagem que eu ora reflito, por favor, coloque como comentário dela, aqui nesse blog.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

ORIENTADORES DO MUNDO

111
ORIENTADORES DO MUNDO
Respondeu-lhe Jesus: És mestre em Israel e não sabes isto?
JOÃO (3: 10).
É muito comum nos círculos religiosos, notadamente nos arraiais espiritistas, o aparecimento de orientadores do mundo, reclamando provas da existência da alma.
Tempo virá em que semelhantes inquirições serão consideradas pueris, porque, afinal, esses mentores da política, da educação, da ciência, estão perguntando, no fundo, se eles próprios existem.
A resposta de Jesus a Nicodemos, embora se refira ao problema da reencarnação, enquadra-se perfeitamente ao assunto, de vez que os condutores da atualidade prosseguem indagando sobre realidades essenciais da vida.
Peçamos a Deus auxilie o homem para que não continue tentando penetrar a casa do progresso pelo telhado.
O médico leviano, até que verifique a verdade espiritual, será defrontado por experiências dolorosas no campo das realizações que lhe dizem respeito. O professor, apenas teórico, precipitar-se-á muitas vezes nas ilusões. O administrador improvisado permanecerá exposto a erros tremendos, até que se ajuste a responsabilidade que lhe é própria.
Por esse motivo, a resposta de Jesus aplica-se, com acerto, às interrogações dos instrutores modernos. Transformados em investigadores, dirigem-se a nós outros, muita vez com ironia, reclamando a certeza sobre a existência do espírito; entretanto, eles orientam os outros e se introduzem na vida dos nossos irmãos em humanidade. Considerando essa circunstância e em se tratando de problema tão essencial para si próprios, é razoável que não perguntem, porque devem saber.
MINHA REFLEXÃO
Os pseudo instrutores que não querem, com atitudes de quem quer crescer em conhecimentos, pois os que tem já é suficiente para atender suas conveniências pessoais, desprezam aqueles que contrariam as mesmas conveniências.
Então, indagam tão somente para provocar, de modo irônico, o que em sã consciência já, pela lógica sustentada pela sua “inteligência professoral”, conhecem.
Jesus foi muitas vezes questionado, retoricamente, pelos seus adversários para com isso comprometê-lo. Mas o Mestre sabia o que vinha de seus pensamentos e dava a eles a sabedoria. Assim foi no caso da cobrança dos impostos, sobre ser rei dos judeus, sobre nascer de novo na barriga mãe, sendo velho, etc.
Que não sejamos tal qual aqueles que apenas criticam uma ideia, comportamento elevado, novo, como a resistir em sair de seu comodismo viciado e corrupto que muito lhe compraz. Se baseiam na contradição como se a contradição existisse. Como exemplos, temos o repúdio e às vezes até o escárnio ao vegetarianismo, a determinação de continuar um vício (álcool[1], tabaco e drogas “leves” e até “medicinal” como a maconha[2]).
Que sejamos instrutores, antes de todos, de nós mesmos e sigamos o maior dos maiores instrutores: o Mestre Jesus.
Que Deus nos ajude.
Domício.

[1] “Eu bebo sim, estou vivendo. Tem gente que não bebe está morrendo. Eu bebo sim”.
[2] “Depois, tendo chamado o povo, disse: “Escutai e compreendei bem isto: Não é o que entra na boca que macula o homem; o que sai da boca do homem é que o macula. O que sai da boca procede do coração e é o que torna impuro o homem; porquanto do coração é que partem os maus pensamentos, os assassínios, os adultérios, as fornicações, os latrocínios, os falsos-testemunhos, as blasfêmias e as maledicências. Essas são as coisas que tornam impuro o homem; o comer sem haver lavado as mãos não é o que o torna impuro”. (Mateus, 15: 1-20). Vide interpretação de A. Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. VIII, Item 10.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

VIDAS SUCESSIVAS

110
VIDAS SUCESSIVAS
Não te maravilhes de te haver dito: Necessário vos é nascer de novo.
Jesus.
João, 3: 7.
A palavra de Jesus a Nicodemos foi suficientemente clara.
Desviá-la para interpretações descabidas pode ser compreensível no sacerdócio organizado, atento às injunções da luta humana, mas nunca nos espíritos amantes da verdade legítima.
A reencarnação é lei universal.
Sem ela, a existência terrena representaria turbilhão de desordem e injustiça; à luz de seus esclarecimentos, entendemos todos os fenômenos dolorosos do caminho.
O homem ainda não percebeu toda a extensão da misericórdia divina, nos processos de resgate e reajustamento.
Entre os homens, o criminoso é enviado a penas cruéis, seja pela condenação à morte ou aos sofrimentos prolongados.
A Providência, todavia, corrige, amando... Não encaminha os réus a prisões infectas e úmidas. Determina somente que os comparsas de dramas nefastos troquem a vestimenta carnal e voltem ao palco da atividade humana, de modo a se redimirem, uns à frente dos outros.
Para a Sabedoria Magnânima nem sempre o que errou é um celerado, como nem sempre a vítima é pura e sincera. Deus não vê apenas a maldade que surge à superfície do escândalo; conhece o mecanismo sombrio de todas as circunstâncias que provocaram um crime.
O algoz integral como a vítima integral são desconhecidos do homem; o Pai, contudo, identifica as necessidades de seus filhos e reúne-os, periodicamente, pelos laços de sangue ou na rede dos compromissos edificantes, a fim de que aprendam a lei do amor, entre as dificuldades e as dores do destino, com a bênção de temporário esquecimento.
MINHA REFLEXÃO
A mensagem fala da justiça divina diante dos sofridos embates existentes entre os humanos. Ninguém é vítima. Os litigantes apenas trocam de lugar de uma encarnação para outra.
Ninguém sofre injustamente e ninguém fere impunemente.
O algoz em vez de ferir deve perdoar e a vítima também deve se conscientizar que se sofre é por que Deus permite e, então, deve perdoar, também, para que o ciclo de ódio seja cortado[1].
Perdoar para ser perdoado, eis o que temos que fazer. Quem sofre um ultraje, uma ingratidão, um desrespeito, deve ser suficientemente humilde para não dar sequência à troca de ultrajes[2].
Que Deus nos ajude.
Domício.




[1]  Reconciliai-vos o mais depressa possível com o vosso adversário, enquanto estais com ele a caminho, para que ele não vos entregue ao juiz, o juiz não vos entregue ao ministro da justiça e não sejais metido em prisão. – Digo-vos, em verdade, que daí não saireis, enquanto não houverdes pago o último ceitil (Mateus, 5: 25 e 26).
[2] Se perdoardes aos homens as faltas que cometerem contra vós, também vosso Pai celestial vos perdoará os pecados; - mas, se não perdoardes aos homens quando vos tenham ofendido, vosso Pai celestial também não vos perdoará os pecados (Mateus, 6: 14 e 15).

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

ACHAREMOS SEMPRE

109
ACHAREMOS SEMPRE
Porque qualquer que pede, recebe; e quem busca, acha.
Jesus (Lucas, 11: 10.)
Ao experimentar o crente a necessidade de alguma coisa, recorda maquinalmente a promessa do Mestre, quando assegurou resposta adequada a qualquer que pedir.
Importa, contudo, saber o que procuramos. Naturalmente, receberemos sempre, mas é imprescindível conhecer o objeto de nossa solicitação.
Asseverou Jesus: “Quem busca, acha”.
Quem procura o mal encontra-se com o mal.
Existe perfeita correspondência entre nossa alma e a alma das coisas. Não expendemos uma hipótese, examinamos uma lei.
Para os que procuram ladrões, escutando os falsos apelos do mundo interior que lhes é próprio, todos os homens serão desonestos. Assim ocorre aos que possuem aspirações de crença, acercando-se, desconfiados, dos agrupamentos religiosos. Nunca surpreendem a fé, porque tudo analisam pela má-fé a que se acolhem. Tanto experimentam e insistem, manejando os propósitos inferiores de que se nutrem, que nada encontram, efetivamente, além das desilusões que esperavam.
A fim de encontrarmos o bem, é preciso buscá-lo todos os dias.
Inegavelmente, num campo de lutas chocantes como a esfera terrestre, a caçada ao mal é imediatamente coroada de êxito, pela preponderância do mal entre as criaturas. A pesca do bem não é tão fácil; no entanto, o bem será encontrado como valor divino e eterno.
É indispensável, pois, muita vigilância na decisão de buscarmos alguma coisa, porquanto o Mestre afirmou: “Quem busca, acha”; e acharemos sempre o que procuramos.
MINHA REFLEXÃO
A prece é um recurso de comunicação com os planos divinos. Todo aquele ora recebe o auxílio do Alto. Mas não é qualquer prece, e nem de qualquer modo que a faça, que recebe a resposta do alto. Com certeza ela será ouvida, mas nem sempre será atendida como a pretensão daquele que ora.
Segundo a Doutrina, interpretando os ensinamentos do Cristo, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, é necessário que a prece seja feita com a pureza da alma[1].
Mas a mensagem de Emmanuel nos alerta para além da eficácia da prece. Todos os dias a gente busca coisas que nem sempre nos é lícito ou nos convém. Se buscamos o bem, encontramos o bem, se buscamos o mal, encontramos o mal.
As nossas atitudes com o nosso corpo renovam nossas energias ou as eliminam. Se pensamos mal, atraímos os maus Espíritos para o nosso convívio. Buscamos, muitas vezes, inadvertidamente, o mal para as nossas vidas.
Então, "quem procura acha", diz o ditado popular, sem conexão com a passagem do Cristo. Dependendo “da prece”, ou da busca, as surpresas podem ser inesperadas. Que sejamos aquele que busca sempre o caminho do bem, o próprio e o do semelhante.
Que Deus nos ajude.
Domício.


[1]  Mateus (6: 5 a 8); Marcos (11: 25 e 26); O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXVII, itens 1 a 4). 

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

REENCARNAÇÃO

108
REENCARNAÇÃO
Portanto, se a tua mão ou o teu pé te escandalizar, corta-o e atira-o para longe de ti; melhor te é entrar na vida, coxo ou aleijado, do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno. – Jesus.
(Mateus, 18: 8.)
Unicamente a reencarnação esclarece as questões do ser, do sofrimento e do destino. Em muitas ocasiões, falou-nos Jesus de seus belos e sábios princípios
Esta passagem de Mateus é sumamente expressiva.
É indispensável considerar que o Mestre se dirigia a uma sociedade estagnada, quase morta.
No concerto das lições divinas que recebe, o cristão, a rigor, apenas conhece, de fato, um gênero de morte, a que sobrevém à consciência culpada pelo desvio da Lei; e os contemporâneos do Cristo, na maioria, eram criaturas sem atividade espiritual edificante, de alma endurecida e coração paralítico. A expressão “melhor te é entrar na vida” representa solução fundamental. Acaso, não eram os ouvintes pessoas humanas? Referia-se, porém, o Senhor à existência contínua, à vida de sempre, dentro da qual todo espírito despertará para a sua gloriosa destinação de eternidade.
Na elevada simbologia de suas palavras, apresenta-nos Jesus o motivo determinante dos renascimentos dolorosos, em que observamos aleijados, cegos e paralíticos de berço, que pedem semelhantes provas como períodos de refazimento e regeneração indispensáveis à felicidade porvindoura.
Quanto à imagem do “fogo eterno”, inserta nas letras evangélicas, é recurso muito adequado à lição, porque, enquanto não se dispuser a criatura a viver com o Cristo, será impelida a fazê-lo, através de mil meios diferentes; se a rebeldia perdurar por infinidade de séculos, os processos purificadores permanecerão igualmente como o fogo material, que existirá na Terra enquanto seu concurso perdurar no tempo, como utilidade indispensável à vida física.
MINHA REFLEXÃO
Jesus nos ensinou que verdadeira é a vida espiritual, a vida futura[1]. O que acontece de bom ou ruim na vida física é uma consequência dos feitos de nossas vidas passadas ou opções assumidas como Espíritos, com consciência justa ou não.
Reencarnar significa voltar a carne, retomar um corpo de carne com vista a continuidade de um processo evolutivo[2]. De certo que existe uma Lei, e se transgredimos a Lei, somos naturalmente convidados a nos ajustar a Ela. O corpo muitas vezes sofre com esse ajuste e em consequência o Espírito que o habita temporariamente. Não é uma punição, mas efeito material de uma causa espiritual. Então, melhor é nascer se depurando dos resquícios de pensamentos contrários à Lei que continuar sofrendo indefinidamente ao longo dos séculos. Inferno, cada um o tem, e o tempo de existência dele em nossas vidas depende de nossa decisão em praticar a Lei de Deus. Sobre isso, a Doutrina nos esclarece em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. IV, Item 25.
    [...] Mas, a encarnação para todos os Espíritos, é apenas um estado transitório. E uma tarefa que Deus lhes impõe, quando iniciam a vida, como primeira experiência do uso que farão do livre-arbítrio. Os que desempenham com zelo essa tarefa transpõem rapidamente e menos penosamente os primeiros graus da iniciação e mais cedo gozam do fruto de seus labores. Os que, ao contrário, usam mal da liberdade que Deus lhes concede retardam a sua marcha e, tal seja a obstinação que demonstrem, podem prolongar indefinidamente a necessidade da reencarnação e é quando se torna um castigo. S. Luís.
Assim, somos nossos juízes e decisores de nossas penas, tanto quanto ao modo da pena, quanto ao tempo de duração dela.
Que possamos tomar sempre a melhor resolução para nossa vida como o juiz que sabe bem a Lei e não a infringe para não ser ele próprio o seu juiz que condena a si mesmo a uma pena dura, mas justa.
Que Deus nos ajude.
Domício.



[1] 1. Pilatos, tendo entrado de novo no palácio e feito vir Jesus à sua presença, perguntou-lhe: És o rei dos judeus? - Respondeu-lhe Jesus: Meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, a minha gente houvera combatido para impedir que eu caísse nas mãos dos judeus; mas, o meu reino ainda não é aqui. (João, 18: 33 e 36). Vide interpretação de Allan Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. II, Itens 2 e 3.
[2] 167. Qual o fim objetivado com a reencarnação?
“Expiação, melhoramento progressivo da Humanidade. Sem isto, onde a justiça?”
168. É limitado o número das existências corporais, ou o Espírito reencarna perpetuamente? “A cada nova existência, o Espírito dá um passo para diante na senda do progresso. Desde que se ache limpo de todas as impurezas, não tem mais necessidade das provas da vida corporal.” (O Livro dos Espíritos – Parte Segunda, Cap. IV)

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

VINDA DO REINO


107
VINDA DO REINO
O reino de Deus não vem com aparência exterior. Jesus.
(Lucas, 17: 20).
Os agrupamentos religiosos no mundo permanecem, quase sempre, preocupados pelas conversões alheias. Os crentes mais entusiastas anseiam por transformar as concepções dos amigos. Em vista disso, em toda parte somos defrontados por irmãos aflitos pela dilatação do proselitismo em seus círculos de estudo.
Semelhante atividade nem sempre é útil, porquanto, em muitas ocasiões, pode perturbar elevados projetos em realização.
Afirma Jesus que o Reino de Deus não vem com aparência exterior. É sempre ruinosa a preocupação por demonstrar pompas e números vaidosamente, nos grupos da fé. Expressões transitórias de poder humano não atestam o Reino de Deus. A realização divina começará do íntimo das criaturas, constituindo gloriosa luz do templo interno. Não surge à comum apreciação, porque a maioria dos homens transitam semicegos, através do túnel da carne, sepultando os erros do passado culposo.
A carne é digna e venerável, pois é vaso de purificação, recebendo-nos para o resgate preciso; entretanto, para os espíritos redimidos significa “morte” ou “transformação permanente”. O homem carnal, em vista das circunstâncias que lhe governam o esforço, pode ver somente o que está “morto” ou aquilo que “vai morrer”. O Reino de Deus, porém, divino e imortal, escapa naturalmente à visão dos humanos.
MINHA REFLEXÃO
Ser Cristão não significa, tão somente, pregar as palavras do Cristo. Também não significa arrebanhar mais prosélitos para sua religião ou mesmo se preocupar com a salvação dos semelhantes.
Não precisamos nos preocupar com a Vinda do Senhor, pois Ele nunca foi embora. Já estava e esteve e está conosco desde sempre, depois que assumiu a governança de nosso planeta transitório.
Somos tutelados d’Ele, além de termos nosso particular Anjo da Guarda. Então, por que se preocupar com a vinda do Reino do Senhor. Devemos sim, construir esse Reino interior pela transformação moral que ainda está por se fazer em cada ser deste planeta de provas e expiações.
As práticas exteriores, dependendo da sinceridade e ignorância espiritual e/ou tradição cultural de uma sociedade, ainda são necessárias, e devemos respeitar, mas o importante é nos desvincularmos do que é exterior.
Ter uma religião não nos salva; pregar os ensinamentos do Nosso Senhor não é suficiente; “estar” com Ele, é uma inicial condição libertadora, mas não é tudo, como Ele próprio nos ensinou e está grafado em Mateus (7: 21 a 23)[1].
A reforma íntima (construção do Reino de Deus) é tudo, como nos ensina A. Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo[2], quando discorre sobre as qualidades dos bons espíritas.
Também somos esclarecidos, pela Doutrina Espírita, que a Religião não nos credencia ao Reino de Deus[3], mas, sim, a prática da caridade que, resumidamente pelo Espíritos Superiores, significa: “Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas” (O Livro dos Espíritos, questão 886).
Que sejamos espíritas, que sejamos cristãos, e sejamos dignos do Mestre, construindo, cada um, o Reino de Deus em seu coração.
Que Deus nos ajude.
Domício. 


[1] Nem todos os que me dizem: Senhor! Senhor! entrarão no reino dos céus; apenas entrará aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. – Muitos, nesse dia, me dirão: Senhor! Senhor! não profetizamos em teu nome? Não expulsamos em teu nome o demônio? Não fizemos muitos milagres em teu nome? - Eu então lhes direi em altas vozes: Afastai-vos de mim, vós que fazeis obras de iniquidade. (Mateus, 7: 21-23.)
[2] “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más” (A. Kardec InO Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVII, Item 4.)
[3] “Não podendo amar a Deus sem praticar a caridade para com o próximo, todos os deveres do homem se resumem nesta máxima: FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO (A. Kardec InO Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XV, Item 5.)

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

DAR

106
DAR
E dá a qualquer que te pedir; e, ao que tomar o que é teu, não lho tornes a pedir.
Jesus. (LUCAS, 6:30.)
O ato de dar é dos mais sublimes nas operações da vida; entretanto, muitos homens são displicentes e incompreensíveis na execução dele. Alguns distribuem esmolas levianamente, outros se esquecem da vigilância, entregando seu trabalho a malfeitores.
Jesus é nosso Mestre nas ocorrências mínimas. E se ouvimo-lo recomendando estejamos prontos a dar “a qualquer” que pedir, vemo-lo atendendo a todas as criaturas do seu caminho, não de acordo com os caprichos, mas segundo as necessidades.
Concedeu bem-aventuranças aos aflitos e advertências aos vendilhões. Certo, os mercadores de má-fé, no íntimo, rogavam-lhe a manutenção do “status quo”, mas sua resposta foi eloquente. Deu alegrias nas bodas de Caná e repreensões em assembleias dos discípulos. Proporcionou a cada situação e a cada personalidade o que necessitavam e, quando os ingratos lhe tomaram o direito da própria vida, aos olhos da Humanidade, não voltou o Cristo a pedir- lhes que o deixassem na obra começada.
Deu tudo o que se coadunava com o bem. E deu com abundância, salientando-se que, sob o peso da cruz, conferiu sublime compreensão à ignorância geral, sem reclamação de qualquer natureza, porque sabia que o ato de dar vem de Deus e nada mais sagrado que colaborar com o Pai que está nos céus.
MINHA REFLEXÃO
O Cristo nos ensinou a oferta incondicional. A ingratidão não era sua preocupação, mesmo sabendo, de antemão, que seria vítima dela por parte de todos os que receberam sua solicitude e confiança[1], exceção raríssima.
Devemos dar com a alma de quem não tem nada, exceto o próprio pensamento e as virtudes já alcançadas, o Amor de Deus e de seus filhos que já alcançaram a pureza Espiritualidade. Por nossa vez, não podemos exigir amor, respeito e gratidão de quem não alcançou a pureza espiritual, como nós.
Quando nos tirarem o que alcançamos com o suor de nosso rosto, demonstremos o desapego, até porque temos capacidade de reaver tudo o que nos tirarem. Sejamos desapegados. Cobrar de quem nos deve, materialmente, é se instituir de dono de algo que não levaremos para o plano espiritual. Se for um ato afetivo, também não nos perturbemos o coração, se foi dado de coração. Deus nos Ama infinitamente e vivemos respondendo com a ingratidão a um Pai infinitamente solícito.
Devemos dar com desapego, mesmo que o que dermos for de forma sacrificial, como a senhora do gazofilácio[2].
Se formos cerceados de nossa liberdade por atos injustos, que possamos aguardar o momento da justiça de Deus, que chegará na hora certa. Perdoar incessantemente é o nosso dever, mesmo que nos doa muito no estágio que nos encontramos. Com o tempo, com os exercícios que Deus nos oferece, mais adiante, faremos tão espontaneamente que nem nos sentiremos injuriados como o Cristo demonstrou fazê-lo[3].
Que Deus nos ajude.
Domício



[1] Vide situações vividas com Judas e Pedro.
[2]  Estando Jesus sentado defronte do gazofilácio, a observar de que modo o povo lançava ali o dinheiro, viu que muitas pessoas ricas o deitavam em abundância. - Nisso, veio também uma pobre que apenas deitou duas pequenas moedas do valor de dez centavos cada uma. - Chamando então seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta pobre viúva deu muito mais do que todos os que antes puseram suas dádivas no gazofilácio; - por isso que todos os outros deram do que lhes abunda, ao passo que ela deu do que lhe faz falta, deu mesmo tudo o que tinha para seu sustento. (Marcos, 12: 41 a 44. - Lucas, 21: 1 a 4.)
[3] Aprendestes que foi dito: “Amareis o vosso próximo e odiareis os vossos inimigos.” Eu, porém, vos digo: “Amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam, a fim de serdes filhos do vosso Pai que está nos céus e que faz se levante o Sol para os bons e para os maus e que chova sobre os justos e os injustos. - Porque, se só amardes os que vos amam, qual será a vossa recompensa? Não procedem assim também os publicanos? Se apenas os vossos irmãos saudardes, que é o que com isso fazeis mais do que os outros? Não fazem outro tanto os pagãos?” (Mateus, 5: 43 a 47.)
 - “Digo-vos que, se a vossa justiça não for mais abundante que a dos escribas e dos fariseus, não entrareis no reino dos céus.”(Mateus,.5: 20.)