Mensagem de boas vindas


segunda-feira, 31 de março de 2014

LEVANTEMO-NOS


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LEVANTEMO-NOS
“Levantai-vos, vamo-nos daqui.”
Jesus (João: 14: 31).
Antes de retirar-se para as orações supremas no Horto, falou Jesus aos discípulos longamente, esclarecendo o sentido profundo de sua exemplificação.
Relacionando seus pensamentos sublimes, fez o formoso convite inserto no Evangelho de João:
— “Levantai-vos, vamo-nos daqui”.
O apelo é altamente significativo.
Ao toque de erguer-se, o homem do mundo costuma procurar o movimento das vitórias fáceis, atirando-se à luta sequioso de supremacia ou trocando de domicílio, na expectativa de melhoria efêmera.
Com Jesus, entretanto, ocorreu o contrário.
Levantou-se para ser dilacerado, logo após, pelo gesto de Judas.
Distanciou-se do local em que se achava a fim de alcançar, pouco depois, a flagelação e a morte.
Naturalmente partiu para o glorioso destino de reencontro com o Pai, mas precisamos destacar as escalas da viagem...
Ergueu-se e saiu, em busca da glória suprema. As estações de marcha são eminentemente educativas: — Getsêmani, o Cárcere, o Pretório, a Via Dolorosa, o Calvário, a Cruz constituem pontos de observação muito interessantes, mormente na atualidade, que apresenta inúmeros cristãos aguardando a possibilidade da viagem sobre as almofadas de luxo do menor esforço.
MINHA REFLEXÃO
A consciência do dever, sabendo que não ia passar por bons momentos, foi mais um exemplo de elevação e compreensão do Cristo, em relação ao nosso estágio evolutivo. Ele sabia que ia passar por tudo que passou, mesmo antes de descer. Contudo, não deixou que a dor física e os maus tratos morais o impedissem de viver a sua missão. Ele não tinha provas ou expiações a passar. Porém, Ele deveria viver o exemplo do ensino baseado em ações teórico-práticas.
Nós, espíritas, sabemos que temos provas e expiações a viver. Mesmo assim, com esse conhecimento, nem sempre somos fortes o suficiente para passarmos pelas provas e/ou expiações a que nos submetemos.
O Evangelho do Cristo é consolador, a sua revivência (a Doutrina Espírita) é esclarecedora e consoladora. Segundo Allan Kardec, explicando a causa das aflições humanas (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. 5, Item 3),

(...) Por meio dos ensinos de Jesus, Deus pôs os homens na direção dessa causa, e hoje, julgando-os suficientemente maduros para compreendê-la, lhes revela completamente a aludida causa, por meio do Espiritismo, isto é, pela palavra dos Espíritos[1].
Todo dia é dia de viver o que preparamos para nós com os nossos desatinos e desamor aos nossos semelhantes.
Sejamos verdadeiros adeptos do Espiritismo e carreguemos nossa cruz, lembrando do Cristo; sigamos fortes, como Ele em sua via crucis, sintonizados com o Pai (que significa estar com Ele, também), pois, assim, ela se tornará mais leve, como Ele mesmo nos asseverou[2].
Que Deus nos ajude.
Domício.



[1] Ibidem, item 4. De duas espécies são as vicissitudes da vida, ou, se o preferirem, promanam de duas fontes bem diferentes, que importa distinguir. Umas têm sua causa na vida presente; outras, fora desta vida. Remontando-se à origem dos males terrestres, reconhecer-se-á que muitos são consequência natural do caráter e do proceder dos que os suportam. (...) A quem, então, há de o homem responsabilizar por todas essas aflições, senão a si mesmo? O homem, pois, em grande número de casos, é o causador de seus próprios infortúnios; mas, em vez de reconhecê-lo, acha mais simples, menos humilhante para a sua vaidade acusar a sorte, a Providência, a má fortuna, a má estrela, ao passo que a má estrela é apenas a sua incúria.
[2]  Vinde a mim, todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, que eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei comigo que sou brando e humilde de coração e achareis repouso para vossas almas, pois é suave o meu jugo e leve o meu fardo. (S. Mateus, 21: 28-30.) Vide explicações de Allan Kardec sobre essa exortação do Cristo em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. 6, Item 2.

quarta-feira, 19 de março de 2014

AFLIÇÕES

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AFLIÇÕES
Mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições do Cristo.
I PEDRO, 4: 13
É inegável que em vosso aprendizado terrestre atravessareis dias de inverno ríspido, em que será indispensável recorrer às provisões armazenadas no íntimo, nas colheitas dos dias de equilíbrio e abundância.
Contemplareis o mundo, na desilusão de amigos muito amados, como templo em ruínas, sob os embates de tormenta cruel.
As esperanças feneceram distantes, os sonhos permanecem pisados pelos ingratos. Os afeiçoados desapareceram, uns pela indiferença, outros porque preferiram a integração no quadro dos interesses fugitivos do plano material.
Quando surgir um dia assim em vossos horizontes, compelindo-vos à inquietação e à amargura, certo não vos será proibido chorar. Entretanto, é necessário não esquecerdes a divina companhia do Senhor Jesus.
Supondes, acaso, que o Mestre dos Mestres habita uma esfera inacessível ao pensamento dos homens? julgais, porventura, não receba o Salvador ingratidões e apodos, por parte das criaturas humanas, diariamente? Antes de conhecermos o alheio mal que nos aflige, Ele conhecia o nosso e sofria pelos nossos erros.
Não olvidemos, portanto, que, nas aflições, é imprescindível tomar-lhe a sublime companhia e prosseguir avante com a sua serenidade e seu bom ânimo.

MINHA REFLEXÃO
Muito bonita essa mensagem e demais consoladora. Até que ponto somos aflitos segundo a bem-aventurança exposta pelo nosso Mestre no seu Sermão da Montanha? (Mateus, 5: 5-6, 10; Lucas, 6: 20-21; Lucas, 6: 24 e 25; O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. 5 – Bem-Aventurados os Aflitos).
Somos seres endividados em função de nossos atos impensados, em existências anteriores, e ainda desfalecemos diante de uma contrariedade, uma injúria, uma calúnia, ingratidão ou qualquer ultraje.
Sejamos fiéis ao Cristo que desceu até nós por um imenso Amor e, assim mesmo, foi ultrajado e crucificado da forma mais infame, com mais crueldade do que foi feito aos ladrões crucificados no mesmo dia. Ainda assim, manteve aquele Amor, perdoando-nos.
Reapareceu aos discípulos para os orientar a continuar a Sua Obra de esclarecimento e consolo aqui na Terra.
Somos eternos devedores de Sua incansável Misericórdia, pois, até hoje, ainda é repudiado por quem permanece na iniquidade.
Emmanuel nos lembra disso, muito bem, e nos conclama a lembrar de Jesus Cristo nas horas de angústia e desfalecimento espiritual. Que saibamos fazer valer a vinda do Nosso Excelso Irmão.
Sejamos cristãos.
Que Deus nos ajude.
Domício.

sexta-feira, 7 de março de 2014

MADEIROS SECOS

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MADEIROS SECOS
Porque, se ao madeiro verde fazem isto, que se fará ao seco? Jesus (LUCAS, 23: 31).
Jesus é a videira eterna, cheia de seiva divina, espalhando ramos fartos, perfumes consoladores e frutos substanciosos entre os homens, e o mundo não lhe ofereceu senão a cruz da flagelação e da morte infamante.
Desde milênios remotos é o Salvador, o puro por excelência.
Que não devemos esperar, por nossa vez, criaturas endividadas que somos, representando galhos ainda secos na árvore da vida?
Em cada experiência, necessitamos de processos novos no serviço de reparação e corrigenda.
Somos madeiros sem vida própria, que as paixões humanas inutilizaram, em sua fúria destruidora.
Os homens do campo metem a vara punitiva nos pessegueiros, quando suas frondes raquíticas não produzem. O efeito é benéfico e compensador.
O martírio do Cristo ultrapassou os limites de nossa imaginação. Como tronco sublime da vida, sofreu por desejar transmitir-nos sua seiva fecundante.
Como lenhos ressequidos, ao calor do mal, sofremos por necessidade, em favor de nós mesmos.
O mundo organizou a tragédia da cruz para o Mestre, por espírito de maldade e ingratidão; mas, nós outros, se temos cruzes na senda redentora, não é porque Deus seja rigoroso na execução de suas leis, mas por ser Amoroso Pai de nossas almas, cheio de sabedoria e compaixão nos processos educativos.

MINHA REFLEXÃO
Jesus que não tinha nada que reparar ou ser provado, passou momentos difíceis de humilhação e dor. Nós que ainda temos tanto a reparar, nos melindramos com a menor coisa. Deprimimo-nos pela ausência momentânea ou demorada daquele convive/conviveu por muito tempo conosco. Quando é uma dor física, nem sempre somos guerreiros suficiente para sustentar a fé e agradecer a Deus a oportunidade de nos redimir ou nos prova com vista a uma ascensão espiritual.
Devemos ser paciente com nossa dor, pois Deus não nos castiga; nós que nos desviamos de Sua Lei[1]. E esse desviar é doloroso na volta ao cumprimento dela, principalmente porque nos demoramos a se afastar daquilo que nos fez/faz mal.
Que sejamos conscientes de nossas responsabilidades em relação ao nosso proceder. Que possamos enfrentar, com destemor e caridade, os sofrimentos consequentes de nossas próprias ações.
Que Deus nos ajude.
Domício.


[1] “Deus tem Suas leis a regerem todas as vossas ações. Se as violais, vossa é a culpa. Indubitavelmente, quando um homem comete um excesso qualquer, Deus não profere contra ele um julgamento, dizendo-lhe, por exemplo: Foste guloso, vou punir-te. Ele traçou um limite; as enfermidades e muitas vezes a morte são a consequência dos excessos. Eis aí a punição; é o resultado da infração da lei. Assim em tudo.” (O Livro dos Espíritos, questão 964).