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LEVANTEMO-NOS
“Levantai-vos, vamo-nos daqui.”
Jesus (João: 14: 31).
Antes de retirar-se para as
orações supremas no Horto, falou Jesus aos discípulos longamente, esclarecendo
o sentido profundo de sua exemplificação.
Relacionando seus pensamentos sublimes,
fez o formoso convite inserto no Evangelho de João:
— “Levantai-vos, vamo-nos
daqui”.
O apelo é altamente significativo.
O apelo é altamente significativo.
Ao toque de erguer-se, o homem
do mundo costuma procurar o movimento das vitórias fáceis, atirando-se à luta
sequioso de supremacia ou trocando de domicílio, na expectativa de melhoria
efêmera.
Com Jesus, entretanto, ocorreu
o contrário.
Levantou-se para ser
dilacerado, logo após, pelo gesto de Judas.
Distanciou-se do local em que
se achava a fim de alcançar, pouco depois, a flagelação e a morte.
Naturalmente partiu para o
glorioso destino de reencontro com o Pai, mas precisamos destacar as escalas da
viagem...
Ergueu-se e saiu, em busca da glória suprema.
As estações de marcha são eminentemente educativas: — Getsêmani, o Cárcere, o
Pretório, a Via Dolorosa, o Calvário, a Cruz constituem pontos de observação
muito interessantes, mormente na atualidade, que apresenta inúmeros cristãos
aguardando a possibilidade da viagem sobre as almofadas de luxo do menor
esforço.
MINHA
REFLEXÃO
A consciência do dever,
sabendo que não ia passar por bons momentos, foi mais um exemplo de elevação e
compreensão do Cristo, em relação ao nosso estágio evolutivo. Ele sabia que ia
passar por tudo que passou, mesmo antes de descer. Contudo, não deixou que a
dor física e os maus tratos morais o impedissem de viver a sua missão. Ele não
tinha provas ou expiações a passar. Porém, Ele deveria viver o exemplo do ensino baseado em ações teórico-práticas.
Nós, espíritas, sabemos que
temos provas e expiações a viver. Mesmo assim, com esse conhecimento, nem
sempre somos fortes o suficiente para passarmos pelas provas e/ou expiações a que
nos submetemos.
O Evangelho do Cristo é
consolador, a sua revivência (a Doutrina Espírita) é esclarecedora e
consoladora. Segundo Allan Kardec, explicando a causa das aflições humanas (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. 5, Item 3),
(...) Por meio dos
ensinos de Jesus, Deus pôs os homens na direção dessa causa, e hoje,
julgando-os suficientemente maduros para compreendê-la, lhes revela
completamente a aludida causa, por meio do Espiritismo, isto é, pela palavra
dos Espíritos[1].
Todo dia é dia de viver o que
preparamos para nós com os nossos desatinos e desamor aos nossos semelhantes.
Sejamos verdadeiros adeptos do
Espiritismo e carreguemos nossa cruz, lembrando do Cristo; sigamos fortes, como
Ele em sua via crucis, sintonizados com o Pai (que significa estar com Ele,
também), pois, assim, ela se tornará mais leve, como Ele mesmo nos asseverou[2].
Que Deus nos ajude.
Domício.
[1] Ibidem, item 4. De duas espécies são as vicissitudes da vida, ou, se o preferirem, promanam
de duas fontes bem diferentes, que importa distinguir. Umas têm sua causa na
vida presente; outras, fora desta vida. Remontando-se à origem dos males
terrestres, reconhecer-se-á que muitos são consequência natural do caráter e do
proceder dos que os suportam. (...) A quem, então, há de o homem
responsabilizar por todas essas aflições, senão a si mesmo? O homem, pois, em
grande número de casos, é o causador de seus próprios infortúnios; mas, em vez
de reconhecê-lo, acha mais simples, menos humilhante para a sua vaidade acusar
a sorte, a Providência, a má fortuna, a má estrela, ao passo que a má estrela é
apenas a sua incúria.
[2]
Vinde a mim, todos vós que estais
aflitos e sobrecarregados, que eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e
aprendei comigo que sou brando e humilde de coração e achareis repouso para
vossas almas, pois é suave o meu jugo e leve o meu fardo. (S. Mateus, 21: 28-30.) Vide explicações de Allan Kardec sobre essa exortação do Cristo
em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. 6, Item 2.