Mensagem de boas vindas


quinta-feira, 26 de novembro de 2015

LEGIÃO DO MAL

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LEGIÃO DO MAL
“E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? — Ao que ele respondeu: Legião é o meu nome, porque somos muitos.
Marcos, 5: 9
O Mestre legou inolvidável lição aos discípulos nesta passagem dos Evangelhos.
Dispensador do bem e da paz, aproxima-se Jesus do Espírito perverso que o recebe em desesperação.
O Cristo não se impacienta e indaga carinhosamente de seu nome, respondendo-lhe o interpelado:
“Chamo-me Legião, porque somos muitos”.
Os aprendizes que o seguiam não souberam interpretar a cena, em toda a sua expressão simbólica.
E até hoje pergunta-se pelo conteúdo da ocorrência com justificável estranheza.
É que o Senhor desejava transmitir imortal ensinamento aos companheiros de tarefa redentora.
A frente do Espírito delinquente e perturbado, Ele era apenas um; o interlocutor, entretanto, denominava-se “Legião”, representava maioria esmagadora, personificava a massa vastíssima das intenções inferiores e criminosas. Revelava o Mestre que, por indeterminado tempo, o bem estaria em proporção diminuta comparado ao mal em aludes arrasadores.
Se te encontras, pois, a serviço do Cristo na Terra, não te esqueças de perseverar no bem, dentro de todas as horas da vida, convicto de que o mal se faz sentir em derredor, à maneira de legião ameaçadora, exigindo funda serenidade e grande confiança no Cristo, com trabalho e vigilância, até à vitória final.
MINHA REFLEXÃO
O momento aludido no Evangelho de Marcos, nessa mensagem de Emmanuel, foi de profunda dor por parte do médium em prova e expiação, pela perseguição daqueles que o tinha contas a cobrar. Eram Espíritos em desalinho que, por rebeldia e profunda alienação, perseguia aquele homem. O Cristo, aproveitou, como sempre, uma oportunidade para nos ensinar.
Sabemos que sofremos uma influência[1] muito grande da Espiritualidade e, considerando que há mais Espíritos inferiores que superiores em nosso planeta, devemos, como Emmanuel nos alerta, estar alerta e vigilantes quanto à presença de legiões espirituais que podem nos assaltar de inopino num momento de invigilância.
Que sejamos unos com o Mestre em qualquer atividade, pois dependendo dos nossos pensamentos, poderemos reunir, em torno de nós, legiões de Espíritos voltados ao mal, e, quem sabe, ao nosso mal.
Que Deus nos ajude.
Domício.



[1] Questão nº 459 de O Livro dos Espíritos – Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos? Resp.: “Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que vos dirigem”.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

UM SÓ SENHOR

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UM SÓ SENHOR
Nenhum servo pode servir a dois senhores. — Jesus.
Lucas, 16: 13.
Se os cristãos de todos os tempos encontraram dolorosas situações de perplexidade nas estradas do mundo, é que, depois dos apóstolos e dos mártires, a maioria tem cooperado na divulgação de falsos sentimentos, com respeito ao Senhor a que devem servir.
Como o Reino do Cristo ainda não é da Terra, não se pode satisfazer a Jesus e ao mundo, a um só tempo. O vício e o dever não se aliam na marcha diária.
Que dizer de um homem que pretenda dirigir dois centros de atividade antagônica, em simultâneo esforço?
Cristo é a linha central de nossas cogitações.
Ele é o Senhor único, depois de Deus, para os filhos da Terra, com direitos inalienáveis, porqüanto é a nossa luz do primeiro dia evolutivo e adquiriu-nos para a redenção com os sacrifícios de seu amor.
Somos servos d’Ele. Precisamos atender-lhe aos interesses sublimes, com humildade. E, para isso, é necessário não fugir do mundo, nem das responsabilidades que nos cercam, mas, sim, transformar a parte de serviço confiada ao nosso esforço, nos círculos de luta, em célula de trabalho do Cristo.
A tarefa primordial do discípulo é, portanto, compreender o caráter transitório da existência carnal, consagrar-se ao Mestre como centro da vida e oferecer aos semelhantes os seus divinos benefícios.
MINHA REFLEXÃO
Essa mensagem de Emmanuel nos faz lembrar o trabalho Crístico de plantar o Reino de Deus na Terra. Um trabalho de paciência, perseverança e compreensão do nosso Mestre e de seus amadurecidos seguidores. Ele sempre contou conosco. Esse trabalho é colaborativo.
O Cristo nunca trabalhou pela nossa própria evolução, senão nos dando o Caminho, a Verdade e a Vida[1]. Sendo Ele mesmo tudo isso. Sempre contou conosco para evolução moral do Planeta via nossa evolução interior.
Suas parábolas sempre foram voltadas para a nossa participação nessa evolução. Podemos citar o sermão do monte (Mateus, 5: 1-12), a parábola do festim de bodas (Mateus, 22: 1 a 14.), do trabalhador de última hora, a dos talentos (Mateus, 20: 1 a 16.) etc.
Suas exortações para o nosso comprometimento com a sua Seara também foram taxativas a exemplo da porta estreita[2] e daquela a que se refere essa mensagem de Emmanuel (não servir a Deus e a Mamon) que colocamos aqui de modo completo:
“Nenhum servo pode servir a dois senhores, pois ou odiará a um e amará o outro, ou se apegará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamon”[3].
Então, devemos trilhar pelo Caminho que ele nos traçou para que possamos construir o Reino de Deus em nós e, consequentemente, implantar na Terra esse Reino.
Que Deus nos ajude.
Domício.



[1]Jesus lhe diz: Eu sou o Caminho, e a Verdade, e a Vida. Ninguém vem ao Pai, senão por mim (João, 14:6).
[2] Mateus, 7: 13 e 14.)
[3] Vide interpretação espírita em O Evangelho Segundo o Espiritismo, no cap. XVI, que leva o nome “Não se pode servir a Deus e a Mamon”.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

PIOR PARA ELES

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PIOR PARA ELES
Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos.
Lucas (4:21).
Tomando lugar junto dos habitantes de Nazaré, exclamou Jesus, após ler algumas promessas de Isaias: “Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos.”
Os agrupamentos religiosos são procurados, quase sempre, por investigadores curiosos que, à primeira vista, parecem vagabundos itinerantes; todavia, é forçoso reconhecer que há sempre ascendentes espirituais compelindo-lhes o espírito ao exame e à consulta; eles próprios não saberiam definir essa convocação sutil e silenciosa que os obriga a ouvir, por vezes, grandes preleções, longas palestras, exposições e elucidações que, aparentemente, não os interessam.
Em várias circunstâncias, afirmam tolerar o assunto, em vista do código de gentileza e do respeito mútuo; entretanto, não é assim. Existe algo mais forte, além das boas maneiras que os compelem a ouvir. É que soou o momento da revelação espiritual para eles.
Muitos continuam indiferentes, irônicos, recalcitrantes, mas a responsabilidade do conhecimento já lhes pesa nos ombros e, se pudessem sentir a verdade com mais clareza, albergariam a carinhosa admoestação do Mestre no íntimo da alma: “Hoje se cumpre esta Escritura em vossos ouvidos.”
A misericórdia foi dispensada. Deu Jesus alguma coisa de sua bondade infinita. Cumpriu-se a divina palavra. Se os interessados não se beneficiarem com ela, pior para eles.
MINHA REFLEXÃO
Muitos não se interessam pelo apelo cristão. Outros até são sarcásticos quando o assunto é religião. Há aqueles, ainda, que se esforçam em se arvorar como interessados para melhor lançar o fel da descrença.
Sabedor dessas artimanhas, o Cristo foi bastante contundente com os hipócritas e pseudoignorantes (como um doutor da lei, por exemplo), como está gravado, no Evangelho, como se segue:
Então, levantando-se, disse-lhe um doutor da lei, para o tentar: Mestre, que preciso fazer para possuir a vida eterna? (Lucas, 10: 25).
Os fariseus, ouvindo que ele fizera calar os saduceus, reuniram-se em conselho, e um deles, testando-o, o interrogou: Mestre, qual é o grande da lei? (Mateus, 22: 34 a 36).
Respondeu-lhe Nicodemos: "Como pode isso fazer-se?" - Jesus lhe observou: "Pois quê! és mestre em Israel e ignoras estas coisas? Digo-te em verdade, em verdade, que não dizemos senão o que sabemos e que não damos testemunho, senão do que temos visto. Entretanto, não aceitas o nosso testemunho. - Mas, se não me credes, quando vos falo das coisas da Terra, como me crereis, quando vos fale das coisas do céu?" (João, 3: 10 a 12).
Por isso é que lhes falo por parábolas: porque, vendo, nada veem e, ouvindo, nada entendem, nem compreendem. - Neles se cumpre a profecia de Isaías, quando diz: Ouvireis com os vossos ouvidos e nada entendereis, olhareis com os vossos olhos e nada vereis (Mateus, 13: 13 a 14).
Sabemos que todos têm sua hora de despertar. Uns demoram mais que outros: “pior para eles”.
Que não o imitemos.
Que Deus nos ajude.

Domício Maciel.

PARA OS MONTES


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PARA OS MONTES
Então, os que estiverem na Judéia, fujam para os montes.
Jesus (Mateus, 24: 16).
Referindo-se aos instantes dolorosos que assinalariam a renovação planetária, aconselhou o Mestre aos que estivessem na Judéia procurar os montes. A advertência é profunda, porque, pelo termo “Judéia”, devemos tomar a “região espiritual” de quantos, pelas aspirações íntimas, se aproximem do Mestre para a suprema iluminação.
E a atualidade da Terra é dos mais fortes quadros nesse gênero. Em todos os recantos, estabelecem-se lutas e ruínas. Venenos mortíferos são inoculados pela política inconsciente nas massas populares. A baixada está repleta de nevoeiros tremendos. Os lugares santos permanecem cheios de trevas abomináveis. Alguns homens caminham ao sinistro clarão de incêndios. Aduba-se o chão com sangue e lágrimas, para a semeadura do porvir.
É chegado o instante de se retirarem os que permanecem na Judéia para os “montes” das ideias superiores. É indispensável manter-se o discípulo do bem nas alturas espirituais, sem abandonar a cooperação elevada que o Senhor exemplificou na Terra; que aí consolide a sua posição de colaborador fiel, invencível na paz e na esperança, convicto de que, após a passagem dos homens da perturbação, portadores de destroços e lágrimas, são os filhos do trabalho que semeiam a alegria, de novo, e reconstroem o edifício da vida.
MINHA REFLEXÃO
Do início da Era Cristã, quando da passagem do Mestre pelo planeta, reencarnado, para os dias de hoje, muito evoluiu a humanidade. Entretanto, a mensagem do Mestre é ainda atual. São chegados os tempos, em definitivo. Nossa humanidade passa pelos instantes da regeneração. É o momento da brandura e mansidão[1]. O planeta está sendo palco das últimas reencarnações daqueles que insistem em resistir ao chamado do Senhor (Mateus, 22: 1 a 14)[2].
Há os que não mais dados às atrocidades, contudo não compreendem o estágio dos mais inferiores; e ao se trocarem com eles, muita vez pelas vias de fato, descem ao nível deles e sofrem mais ainda. A injustiça e a incompreensão ainda imperam. A morte e as feridas, necessariamente, não estão sendo feitas apenas no corpo, mas atingem profundamente na alma. É, então, chegada a hora do perdão incondicional, como nunca foi.[3]
Ao se referir aos brandos e pacíficos, segundo A. Kardec, o Cristo
quis dizer que até agora os bens da Terra são açambarcados pelos violentos, em prejuízo dos que são brandos e pacíficos; que a estes faltam muitas vezes o necessário, ao passo que outros têm o supérfluo. Promete que justiça lhes será feita, assim na Terra como no céu, porque serão chamados filhos de Deus. Quando a Humanidade se submeter à lei de amor e de caridade, deixará de haver egoísmo; o fraco e o pacífico já não serão explorados, nem esmagados pelo forte e pelo violento. Tal a condição da Terra, quando, de acordo com a lei do progresso e a promessa de Jesus, se houver tornado mundo ditoso, por efeito do afastamento dos maus. (In: O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. IX, item 5).
Então, que possamos herdar a Terra e sermos chamados Filhos de Deus, como Jesus, o Cristo, foi, melhorando-nos.
Que Deus nos ajude.
Domício Maciel.


[1] Bem-aventurados os que são brandos, porque possuirão a Terra. (Mateus, 5: 4).
– Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus. (Id., v. 9.)
– Sabeis que foi dito aos antigos: Não matareis e quem quer que mate merecerá condenação pelo juízo. – Eu, porém, vos digo que quem quer que se puser em cólera contra seu irmão merecerá condenado no juízo; que aquele que disser a seu irmão: Raca, merecerá condenado pelo conselho; e que aquele que lhe disser: És louco, merecerá condenado ao fogo do inferno. (Id., vv. 21 e 22.)
[2] Vide, nesse blog, a mensagem de número 30, intitulada ”O mundo e o mal” por Emmanuel.
[3] Bem-aventurados os que são misericordiosos, porque obterão misericórdia. (Mateus, 5: 7).
– Se perdoardes aos homens as faltas que cometerem contra vós, também vosso Pai celestial vos perdoará os pecados; - mas, se não perdoardes aos homens quando vos tenham ofendido, vosso Pai celestial também não vos perdoará os pecados. (Mateus, 6: 14 e 15.)

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

POR AMOR

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POR AMOR
Cegou-lhes os olhos e endureceu-lhes o coração, a fim de que não vejam com os olhos e compreendam no coração e se convertam e eu os cure.
JOÃO, 12:40
Os planos mais humildes da Natureza revelam a Providência Divina, em soberana expressão de desvelo e amor.
Os lírios não tecem, as aves não guardam provisões e misteriosa força fornece-lhes o necessário.
A observação sobre a vida dos animais demonstra os extremos de ternura com que o Pai vela pela Criação desde o princípio: aqui, uma asa; acolá, um dente a mais; ali, desconhecido poder de defesa.
Afirma-se a grande revelação de amor em tudo.
No entanto, quando o Pai convoca os filhos à cooperação nas suas obras, eis que muita vez se salientam os ingratos, que convertem os favores recebidos, não em deveres nobres e construtivos, mas em novas exigências; então, faz-se preciso que o coração se lhes endureça cada vez mais, porque, fora do equilíbrio, encontrarão o sofrimento na restauração indispensável das leis externas desse mesmo amor divino. Quando nada enxergam além dos aspectos materiais da paisagem transitória, sobrevém, inopinadamente, a luta depuradora.
É quando Jesus chega e opera a cura.
Só então torna o ingrato à compreensão da Magnanimidade Divina.
O amor equilibra, a dor restaura. É por isso que ouvimos muitas vezes: “Nunca teria acreditado em Deus se não houvesse sofrido.”
MINHA REFLEXÃO
Tudo que o Pai Maior faz é absolutamente perfeito. Até a maneira de nos trazer à consciência de Sua existência e amor é perfeita. Nos distanciamos dele pelas nossas incúrias e sofremos como aquele que resolutamente envia o dedo em uma tomada elétrica. 
Temos duas escolhas: amor ou dor.
A melhor escolha é decidir pelo AMOR que requer renúncia, humildade, indulgência e perdão das ofensas[1], ou seja, consciência voltada para o coletivo que resulta em avanço espiritual – Cumprimento das Leis de Deus.
Emmanuel nos faz refletir sobre essa decisão quando nos diz:
“O amor equilibra, a dor restaura. É por isso que ouvimos muitas vezes: “Nunca teria acreditado em Deus se não houvesse sofrido”.
Quando se quebra um braço, dói muito. Colocá-lo de volta dói, também, demais! Assim acontece com quem se transvia das Leis de Deus. Dói ao transgredir e dói na reparação também, e o Cristo, o Médico Maior, nos dá o remédio: O Sermão do Monte.
O que é mais perfeito do que o Amor de Deus (que não é eterno no castigar, que, aliás nem castiga), considerando que a dor e a reparação são tão somente momentos de aprendizagens? Allan Kardec nos faz bem compreender isso:
As tribulações podem ser impostas a Espíritos endurecidos, ou extremamente ignorantes, para levá-los a fazer uma escolha com conhecimento de causa. Os Espíritos penitentes, porém, desejosos de reparar o mal que hajam feito e de proceder melhor, esses as escolhem livremente. Tal o caso de um que, havendo desempenhado mal sua tarefa, pede lha deixem recomeçar, para não perder o fruto de seu trabalho. As tribulações, portanto, são, ao mesmo tempo, expiações do passado, que recebe nelas o merecido castigo, e provas com relação ao futuro, que elas preparam. Rendamos graças a Deus, que, em sua bondade, faculta ao homem reparar seus erros e não o condena irrevogavelmente por uma primeira falta[2].
Deus não nos condena eternamente nem pela primeira, nem pelas subsequentes faltas. Allan Kardec nos explica o significado da expressão Bem-aventurados os aflitos:

Também podem essas palavras ser traduzidas assim: Deveis considerar-vos felizes por sofrerdes, visto que as dores deste mundo são o pagamento da dívida que as vossas passadas faltas vos fizeram contrair; suportadas pacientemente na Terra, essas dores vos poupam séculos de sofrimentos na vida futura. Deveis, pois, sentir-vos felizes por reduzir Deus a vossa dívida, permitindo que a saldeis agora, o que vos garantirá a tranquilidade no porvir.[3]
Que tenhamos consciência do dever e amor que devemos desenvolver em nós mesmos, amando a Deus e aos nossos semelhantes. Isto faz parte da medicação passada pelo nosso Excelsior Médico.
Que Deus nos ajude.
Domício.



[1] Vide questão nº 886 de o Livro dos Espíritos
[2] O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. V – Bem-aventurados os aflitos, item 8.
[3] O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. V – Bem-aventurados os aflitos, item 12.

PRETENSÕES

138
PRETENSÕES
Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento.
Paulo (1ª Epístola aos Coríntios, 3: 6.)
A igreja de Corinto estava cheia de alegações dos discípulos inquietos.
Certos componentes da instituição imprimiam maior valor aos esforços de Paulo, enquanto outros conferiam privilégios de edificação a Apolo.
O advogado dos gentios foi divinamente inspirado, comentando o assunto em sua carta.
Por que pretensões individuais numa obra da qual somos todos beneficiários do mesmo Senhor?
Na atualidade, é louvável o exame da recomendação de Paulo aos Coríntios, porqüanto já não são os usufrutuários da organização cristã que se rejubilam pela recepção das bênçãos do Evangelho através desse ou daquele dos trabalhadores do Cristo, mas os operários da causa que, por vezes, chegam ao campo de serviço exibindo-se por vultos destacados dessa ou daquela obra do bem.
A certeza de que “toda boa dádiva vem de Deus” constitui excelente exercício para os trabalhos comuns.
É interessante observar como está sempre disposto o homem a se apropriar de circunstâncias que o elevem no alheio conceito com facilidade.
Sempre inclinado a destacar-se nos círculos do bem que ainda lhe não pertence de modo substancial, raramente assume a paternidade dos erros que comete. Essa é uma das singulares contradições da criatura.
Não te esqueças. O serviço é de todos. Uns plantam, outros adubam. Vive contente no setor de trabalho confiado às tuas mãos ou à tua inteligência e serve sem pretensões, porque o homem prepara a terra e organiza a semeadura, por misericórdia da Providência, mas é Deus quem põe as flores nas frondes e concede os frutos, segundo o merecimento.
MINHA REFLEXÃO
Esse problema tão bem administrado por Paulo, nos lembra que também como espíritas devemos ter cuidados para não nos separar por causa das dissenções internas ao movimento.
Faz – nos lembrar, também, que, por causa das dissenções, os cristãos se dividiram em várias Igrejas. Cada “facção cristã” passou a pretender a interpretação mais ajuizada do Evangelho do Cristo.
Então, passou a valer a pretensão que fora dessa ou daquela igreja não haveria salvação. A. Kardec faz uma análise sobre esta questão no capítulo XV – Fora da Caridade não há Salvação de O Evangelho Segundo o Espiritismo:
A máxima - Fora da caridade não há salvação consagra o princípio da igualdade perante Deus e da liberdade de consciência. Tendo-a por norma, todos os homens são irmãos e, qualquer que seja a maneira por que adorem o Criador, eles se estendem as mãos e oram uns pelos outros. Com o dogma - Fora da Igreja não há salvação, anatematizam-se e se perseguem reciprocamente, vivem como inimigos; o pai não pede pelo filho, nem o filho pelo pai, nem o amigo pelo amigo, desde que mutuamente se consideram condenados sem remissão. É, pois, um dogma essencialmente contrário aos ensinamentos do Cristo e à lei evangélica.
Que sejamos cristãos, isso basta. Que respeitemos os credos alheios e comunguemos com os cristãos que não são espíritas, pois são nossos irmãos em Cristo, por graça do Nosso Senhor. Que sejamos vilipendiados por alguns irmãos que ainda resistem à ideia reencarnacionista. Contudo, não temos o direito de rechaçá-los por ainda agirem assim. Tudo no seu tempo.
Sejamos cristãos. Sejamos caridosos.
Que Deus nos ajude.
Domício Maciel.

O BANQUETE DOS PUBLICANOS

137
O BANQUETE DOS PUBLICANOS
E os fariseus, vendo isto, disseram aos seus discípulos: Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores?
Mateus, 9: 11
De maneira geral, a comunidade cristã, em seus diversos setores, ainda não percebeu toda a significação do banquete do Mestre, entre publicanos e pecadores.
Não só a última ceia com os discípulos mais íntimos se revestiu de singular importância. Nessa reunião de Jerusalém, ocorrida na Páscoa, revela-nos Jesus o caráter sublime de suas relações com os amigos de apostolado. Trata-se de ágape íntimo e familiar, solenizando despedida afetuosa e divina lição ao mesmo tempo.
No entanto, é necessário recordar que o Mestre atendia a esse círculo em derradeiro lugar, porqüanto já se havia banqueteado carinhosamente com os publicanos e pecadores. Partilhava a ceia com os discípulos, num dia de alta vibração religiosa, mas comungara o júbilo daqueles que viviam a distância da fé, reunindo-os, generoso, e conferindo-lhes os mesmos bens nascidos de seu amor.
O banquete dos publicanos tem especial significado na história do Cristianismo. Demonstra que o Senhor abraça a todos os que desejem a excelência de sua alimentação espiritual nos trabalhos de sua vinha, e que não só nas ocasiões de fé permanece presente entre os que o amam; em qualquer tempo e situação, está pronto a atender as almas que o buscam. O banquete dos pecadores foi oferecido antes da ceia aos discípulos. E não nos esqueçamos de que a mesa divina prossegue em sublime serviço. Resta aos comensais o aproveitamento da concessão.
MINHA REFLEXÃO
O Mestre veio para todos, particularmente para os “doentes”. Veio também para os pagãos. Amou indistintamente, incondicionalmente e em qualquer dia e hora. Amou aos amigos e aqueles que o destrataram e o crucificaram. Ele tinha plena consciência do chão onde pisava, pois nos deixou o Sermão do Monte.
Ele não se prendia às manifestações exteriores e nem seguia a tradição mosaica (lavar as mãos – como motivo religioso, curar no sábado etc), pois só o que tinha de moral deixado por Moisés (os Dez Mandamentos), ele conservou. Assim, não rechaçava ninguém que o procurava, pois sabia o que vinha no coração de cada pessoa que o buscava. Usando desse conhecimento, Ele se saiu bem em todas as provocações que pretendiam desmoralizá-lo.
O episódio do banquete com os publicanos foi providencial, pois serviu de recurso para ministrar uma lição. Emmanuel nos lembra que não devemos esquecer que “a mesa divina prossegue em sublime serviço. Resta aos comensais o aproveitamento da concessão”. Isto é um convite, mas devemos ter em mente que devemos estar preparados para o banquete divino, pois
não basta a ninguém ser convidado; não basta dizer-se cristão, nem sentar-se à mesa para tomar parte no banquete celestial. É preciso, antes de tudo e sob condição expressa, estar revestido da túnica nupcial, isto é, ter puro o coração e cumprir a lei segundo o espírito. A. Kardec[1]
O banquete então, seria um reabastecer de energias divinas para a continuação do trabalho caritativo em todos os seus matizes (benevolência, indulgência e perdão das ofensas).
Que sejamos dignos do banquete espiritual reservado aos justos.
Que Deus nos ajude.
Domício Maciel.



[1] Comentando a parábola do festim de bodas (Mateus, 22: 1 a 14). In O Evangelho Segundo o Espiritismo, capitulo XVIII.

COISAS TERRESTRES E CELESTIAIS

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COISAS TERRESTRES E CELESTIAIS
Se vos tenho falado de coisas terrestres, e não me credes, como crereis se vos falar das celestiais?
Jesus (João, 3: 12).
No intercâmbio com o mundo espiritual, é frequente a reclamação de certos estudiosos, relativamente à ausência de informações das entidades comunicantes, no que se refere às particularidades alusivas às atividades em que se movimentam.
Por que não se fazem mais explícitos os desencarnados quanto ao novo gênero de vida a que foram chamados? Como serão suas cidades, suas casas, seus processos de relações comuns? Através de que meios se organizam hierarquicamente? Terão governos nos moldes terrestres?
Indagam outros, relativamente às razões pelas quais os cientistas libertos do plano físico não voltam aos antigos centros de pesquisas e realizações, vulgarizando métodos de cura para as chamadas moléstias incuráveis ou revelando invenções novas que acelerem o progresso mundial.
São esses os argumentos apressados da preguiça humana.
Se os Espíritos comunicantes têm tratado quase que somente do material existente em torno das próprias criaturas terrenas, num curso metódico de introdução a tarefas mais altas e ainda não puderam ser integralmente ouvidos, que viria a acontecer se olvidassem compromissos graves, dando-se ao gosto de comentários prematuros?
É necessário compreenda o homem que Deus concede os auxílios; entretanto, cada Espírito é obrigado a talhar a própria glória.
A grande tarefa do mundo espiritual, em seu mecanismo de relações com os homens encarnados, não é a de trazer conhecimentos sensacionais e extemporâneos, mas a de ensinar os homens a ler os sinais divinos que a vida terrestre contém em si mesma, iluminando-lhes a marcha para a espiritualidade superior.
MINHA REFLEXÃO
A Doutrina dos Espíritos nos trouxe revelações sobre a pluralidade das existências, a pluralidade dos mundos habitados, sobre a vida espírita (a vida do Espírito na erraticidade), sobre Deus e suas Leis, justas e sábias, além da comunicabilidade dos Espíritos com os encarnados.
No tocante à comunicabilidade dos Espíritos, foi graças a ela que a Doutrina foi revelada. Os Espíritos sempre se comunicaram, mas as comunicações sempre estiveram, até o Espiritismo nos ser revelado, no campo do sobrenatural. Depois do ano de 1857, a comunicabilidade passou a ser algo estudado com seriedade e, a partir do Livro dos Médiuns, materializou-se um método sério de conversação com os Espíritos. Segundo A. Kardec,
Os espíritos anunciam que chegaram os tempos marcados pela Providência para uma manifestação universal e que, sendo eles os ministros de Deus e os agentes de Sua vontade, têm por missão instruir e esclarecer os homens, abrindo uma nova era para a regeneração da Humanidade. In: Prolegômenos de O Livro dos Espíritos.
Então, os Espíritos Superiores receberam a missão de nos instruir e só com esse intuito se manifestam sobre as coisas que, de fato, nos esclarecem, sem, contudo, tirar de nós, humanos, o mérito da pesquisa. Isto é,
Os nossos Espíritos protetores podem, em muitas circunstâncias, indicar-nos o melhor caminho, sem, entretanto, nos conduzirem pela mão, porque, se assim fizessem, perderíamos o mérito da iniciativa e não ousaríamos dar um passo sem a eles recorrermos, com prejuízo do nosso aperfeiçoamento. Para progredir, precisa o homem, muitas vezes, adquirir experiência à sua própria custa. Por isso é que os Espíritos ponderados nos aconselham, mas quase sempre nos deixam entregues às nossas próprias forças, como faz o educador hábil, com seus alunos. Nas circunstâncias ordinárias da vida, eles nos aconselham pela inspiração, deixando-nos assim todo o mérito do bem que façamos, como toda a responsabilidade do mal que pratiquemos. Allan Kardec In: O Livro dos Médiuns Cap. XXVI – Perguntas que se podem fazer aos Espíritos.
No tocante às pesquisas científicas, A. Kardec quando perguntou aos Espíritos da Codificação se Eles nos guiavam em nossas pesquisas científica e descobertas, eles responderam:
A ciência é obra do gênio; só pelo trabalho deve ser adquirida, pois só pelo trabalho é que o homem se adianta no seu caminho. Que mérito teria ele, se não lhe fosse preciso mais do que interrogar os Espíritos para saber tudo? A esse preço, qualquer imbecil poderia tornar-se sábio. O mesmo se dá com as invenções e descobertas que interessam à indústria. Há ainda uma outra consideração e é que cada coisa tem que vir a seu tempo e quando as ideias estão maduras para a receber. Se o homem dispusesse desse poder, subverteria a ordem das coisas, fazendo que os frutos brotassem antes da estação própria.
In: O Livro dos Médiuns Cap. XXVI – Perguntas que se podem fazer aos  Espíritos.
Então, devemos ter clareza de nossa parte na nossa evolução espiritual, sem, contudo, abrir mão da ajuda que advém do plano espiritual que nos assiste nos inspirando, aproveitando o que temos de melhor. Somos assim, colaboradores não só de nossa caminhada, mas também a de nossos semelhantes.
Que Deus nos ajude.
Domício Maciel.

O OURO INTRANSFERÍVEL

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O OURO INTRANSFERÍVEL
Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças.
Apocalipse (8: 18).
Sempre vulgares as aquisições de custo fácil.
Nada difícil ao homem comum perseguir as possibilidades financeiras aliciar interesses mesquinhos, inventar mil recursos para atingir os fins inferiores; entretanto, os que adotam semelhante norma desconhecem o caráter sagrado do mais humilde patrimônio que lhes vai às mãos, abusando da posse para sentirem-se, depois, mais empobrecidos que nunca.
A recomendação divina é suficientemente clara.
Para que um homem se enriqueça, deve adquirir o ouro provado no fogo, fortuna essa que procede das mãos generosas do Altíssimo.
Somente essa riqueza espiritual, adquirida nas situações de trabalho árduo, de profunda compreensão, de vitória sobre si mesmo, de esforço incessante, conferirá ao Espírito a posição de ascendência legítima, de bem-estar permanente, além das transformações impostas pelo sepulcro, e apenas levará a efeito tão elevada conquista após entregar-se totalmente ao Pai para a grandeza do Divino Serviço.
O homem mobilizado pelo homem poderá, sem dúvida, receber volumosos salários. Convenhamos, porém, que esses bens se transformam sempre ou algum dia serão transferidos a outrem pelo detentor provisório. No entanto, quando o trabalhador gasta suas possibilidades nos trabalhos do bem, com esquecimento do egoísmo, desinteressado de si próprio, colocando acima dos caprichos da personalidade os objetivos da Obra de Deus, lutando, amando, sofrendo e entregando-se a Ele, adquire, indiscutivelmente, o ouro eterno e intransferível.
MINHA REFLEXÃO
Há duas riquezas que o homem pode construir: a material e a espiritual. A primeira, pode ser fruto do uso da inteligência voltada para o bem e desenvolvimento da sociedade. Não há nenhum problema em obtê-la, pois, o trabalho gera trabalho, facultando oportunidades a outros de construírem a sua. Mas pode ser também fruto da desonestidade. Em vez de ser um móvel de evolução, pode ser de estagnação espiritual.
A segunda pode ser consequência da primeira se esta for originária de uma mente produtiva e altruísta e, assim, fiel ao Senhor. A administração de uma riqueza material qualifica seu administrador em mal ou bom servidor. Dessa forma, o detentor da posse, cumpre a orientação do Mestre ao nos ensinar que “ninguém pode servir a dois senhores, porque ou odiará a um e amará a outro, ou se prenderá a um e desprezará o outro. Não podeis servir simultaneamente a Deus e a Mamon” (Lucas, 16: 13).[1]
A riqueza material é uma prova de abnegação e foco na evolução espiritual. Ser rico, materialmente falando, não é uma transgressão à Lei. Mas essa riqueza, muitas vezes obtida pelo derramamento do suor e dispêndio de energias intelectuais, não pertence ao usufrutuário, pois ele terá que deixá-la quando voltar ao plano espiritual. O Mestre nos contou uma parábola, da qual referenciamos só o seu final[2], ao ser exortado por um homem que reclamava parte da herança deixada pelo pai. Mas, antes, respondeu ao consulente: “Tende o cuidado de preservar-vos de toda a avareza, seja qual for a abundância em que o homem se encontre, sua vida não depende dos bens que ele possua (Lucas, 12: 15).
Desse modo, a riqueza verdadeira, e que não é transferível, é aquela resultante do cumprimento dos desígnios de Deus, na forma da Lei, que está gravada na consciência do Espírito.[3]
Que sejamos servos fiéis e bons usufrutuários dos bens que Deus nos confere para evoluirmos, ou seja, nos transformarmos em ricos do verdadeiro “ouro eterno e intransferível”, conforme nos aponta Emmanuel.
Que Deus nos ajude.
Domício Maciel.



[1] Vide interpretação em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XVI.
[2]  (...) Que insensato és! Esta noite mesmo tomar-te-ão a alma; para que servirá o que acumulaste? É o que acontece àquele que acumula tesouros para si próprio e que não é rico diante de Deus. (Lucas, 12: 13 a 21.)
[3] O Livro dos Espíritos, questão nº 621. Onde está escrita a lei de Deus? “Na consciência”.