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HERESIAS
E até importa que
haja entre vós heresias, para que os que são sinceros se manifestem entre vós.
Paulo.
I CORÍNTIOS (11: 19).
Recebamos os hereges com simpatia, falem
livremente os materialistas, ninguém se insurja contra os que duvidam, que os
descrentes possuam tribunais e vozes.
Isso é justo.
Paulo de Tarso escreveu este versículo sob
profunda inspiração.
Os que condenam os desesperados da sorte não ajuízam
sobre o amor divino, com a necessária compreensão. Que dizer-se do pai que
amaldiçoa o filho por haver regressado a casa enfermo e sem esperança?
Quem não consegue crer em Deus está doente.
Nessa condição, a palavra dos desesperados é sincera, por partir de almas
vazias, em gritos de socorro, por mais dissimulados que esses gritos pareçam,
sob a capa brilhante dos conceitos filosóficos ou científicos do mundo. Ainda
que os infelizes dessa ordem nos ataquem, seus esforços inúteis redundam a
benefício de todos, possibilitando a seleção dos valores legítimos na obra
iniciada.
Quanto à suposta necessidade de ministrarmos
fé aos negadores, esqueçamos a presunção de satisfazê-los, guardando conosco a
certeza de que Deus tem muito a dar-lhes. Recebamo-los como irmãos e estejamos convictos
de que o Pai fará o resto.
MINHA
REFLEXÃO
Muitos são os iníquos. E nós que já refletimos
sobre nossas ações, particularmente as más, não podemos esquecer que já fizemos
tudo que reprovamos hoje e talvez com mais profundidade, em termos da maldade
reprovada.
Muitos são os descrentes e nós já fomos até
perseguidores do Cristo e daqueles que defenderam, em sua humildade, a Lei de
Deus e os preceitos cristãos.
Então, Emmanuel vem nos lembrar de que aqueles
que hoje ainda são descrentes, mas sinceros em sua descrença, que incomoda
muito, às vezes, pela dissimulação e ironia, são filhos de nosso Pai Maior –
nossos irmãos. E Deus faz chover sobre os justos e injustos e tem lugar para
todos em seu Seio Paternal. A cada um dá a oportunidade de rever seus conceitos
e práticas, de modo eterno. Mas nunca desampara ninguém, deixando cada um livre
para dar o tempo próprio para sua evolução. Como diz Santo Agostinho,
Admirai, no entanto, a bondade de Deus, que nunca
fecha a porta ao arrependimento. Vem um dia em que ao culpado, cansado de
sofrer, com o orgulho afinal abatido, Deus abre os braços para receber o filho
pródigo que se lhe lança aos pés (- Santo Agostinho. Paris, 1862. In: O
Evangelho segundo o Espiritismo – Cap. XIV – Item 9).
Santo Agostinho, quando trata da ingratidão dos
filhos, nos faz lembrar que Deus quer o bem para todos e espera o retorno a Ele
daqueles que se afastaram de suas Leis. Não importa se esse afastamento se deu,
e se dá, inclusive fazendo ignomínia em relação a Seu nome.
Hoje não mais fazemos isso, então temos que dar
curso a nossa evolução sendo indulgentes ao que ficaram para trás por rebeldia,
mas que um dia se cansarão, “com o orgulho afinal abatido” e então se lançará
aos pés do Criador pedindo outro rumo, outra oportunidade.
Que Deus tenha compaixão por nós. Que Sua infinita
Misericórdia seja sentida por nós.
Domício.