Mensagem de boas vindas


quarta-feira, 27 de abril de 2016

NÃO CRER

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NÃO CRER
Mas quem não crer será condenado.
Jesus. (Marcos, 16: 16.)
Os que não creem são os que ficam. Para eles, todas as expressões da vida se reduzem a sensações finitas, destinadas à escura voragem da morte.
Os que alçam o coração para a vida mais alta estão salvos. Seus dias de trabalho são degraus de infinita escada de luz. A custa de valoroso esforço e pesada luta, distanciam-se dos semelhantes e, apesar de reconhecerem a própria imperfeição, classificam a paisagem em torno e identificam os caminhos evolutivos. Tomados de bom ânimo, sentem-se na tarefa laboriosa de ascensão à montanha do amor e da sabedoria.
No entanto, os que não creem, limitam os próprios horizontes e nada enxergam senão com os olhos destinados ao sepulcro, adormecidos quanto à reflexão e ao discernimento.
Afirmou Jesus que eles se encontram condenados.
À primeira vista, semelhante declaração parece em desacordo com a magnanimidade do Mestre.
Condenados a que e por quem?
A justiça de Deus conjuga-se à misericórdia e o inferno sem-fim é imagem dogmática.
Todavia, é imperioso reconhecer que quantos não creem, na grandeza do próprio destino, sentenciam a si mesmos às mais baixas esferas da vida. Pelo hábito de apenas admitirem o visível, permanecerão beijando o pó, em razão da   voluntária incapacidade de acesso aos planos superiores, enquanto os outros caminham para a certeza da vida imortal.
A crença é lâmpada amiga, cujo clarão é mantido pelo infinito sol da fé. O vento da negação e da dúvida jamais consegue apagá-la.
A descrença, contudo, só conhece a vida pelas sombras que os seus movimentos projetam e nada entende além da noite e do pântano a que se condena por deliberação própria.
MINHA REFLEXÃO
Karl Marx afirmou que a religião é o ópio do povo. Uma afirmação pretensiosa de que a religião teria tão somente um efeito aliviador das dores que as pessoas sofrem, afastando-as da luta por melhoria de sua qualidade de vida, submetendo-se a exploração dos mais fortes. A crença em preceitos religiosos vai além disso. Ela dá a compreensão da melhor relação que devemos ter com o nosso semelhante. Favorece um horizonte e, de fato, norteia a vida no sentido de um estado de espírito elevado, acima dos interesses egoísticos, nos alçando a planos superiores da vida, para além dessa vida material que é muito útil, mas limitada a ser um meio para galgarmos nossa felicidade.
Crer é um ato de fé. Quem tem fé vai ao longe, pois acredita num projeto de vida e sabe os meios para realiza-lo[1]. A fé é a mãe da esperança e da caridade, conforme o Codificador do Espiritismo nos esclareceu.[2] Então crer é uma condição para adquirir a felicidade. Mas precisamos ter uma fé raciocinada, que nos empurra para frente e para o alto. Não podemos crer apenas na palavra, mas no real e objetivo valor do que ela representa. Daí Allan Kardec ter nos deixado a seguinte máxima:

A fé raciocinada, por se apoiar nos fatos e na lógica, nenhuma obscuridade deixa. A criatura então crê, porque tem certeza, e ninguém tem certeza senão porque compreendeu. Eis por que não se dobra. Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas da Humanidade. Idem, item 7)

Então, quando o Cristo disse que “Mas quem não crer será condenado”, conforme Emmanuel, não quis dizer que estaríamos irremediavelmente condenados ao fogo do inferno, mas à condição de infeliz, temporiamente, por não conseguir ver além dos interesses imediatos que a vida material oferece. E, portanto, influenciando, em sua volta, um clima de apego, de desconfiança e autodefesa, se protegendo de inimigos inexistentes.
Que sejamos crentes na vida, nos seus objetivos maiores que nos fará Espíritos melhores.
Que Deus nos ajude.
Domício




[1] 3. Noutra acepção, entende-se como fé a confiança que se tem na realização de uma coisa, a certeza de atingir determinado fim. Ela dá uma espécie de lucidez que permite se veja, em pensamento, a meta que se quer alcançar e os meios de chegar lá, de sorte que aquele que a possui caminha, por assim dizer, com absoluta segurança. Num como noutro caso, pode ela dar lugar a que se executem grandes coisas (ALLAN KARDEC in O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XIX, item 3).
[2] A esperança e a caridade são corolários da fé e formam com esta uma trindade inseparável. Não é a fé que faculta a esperança na realização das promessas do Senhor? Se não tiverdes fé, que esperareis? Não é a fé que dá o amor? Se não tendes fé, qual será o vosso reconhecimento e, portanto, o vosso amor? (Idem, item 11)

quarta-feira, 20 de abril de 2016

ESPEREMOS

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ESPEREMOS
Não esmagará a cana quebrada e não apagará o morrão que fumega, até que faça triunfar o juízo.
Mateus, 12: 20.
Evita as sentenças definitivas, em face dos quadros formados pelo mal.
Da lama do pântano, o Supremo Senhor aproveita a fertilidade.
Da pedra áspera, vale-se da solidez.
Da areia seca, retira utilidades valiosas. Da substância amarga, extrai remédio salutar. O criminoso de hoje pode ser prestimoso companheiro amanhã. O malfeitor, em certas circunstâncias, apresenta qualidades nobres, até então ignoradas, de que a vida se aproveita para gravar poemas de amor e luz.
Deus não é autor de esmagamento.
É Pai de misericórdia.
Não destrói a cana quebrada, nem apaga o morrão que fumega.
Suas mãos reparam estragos, seu hálito divino recompõe e renova sempre.
Não desprezes, pois, as luzes vacilantes e as virtudes imprecisas. Não abandones a terra pantanosa, nem desampares o arvoredo sufocado pela erva daninha.
Trabalha pelo bem e ajuda incessantemente.
Se Deus, Senhor Absoluto da Eternidade, espera com paciência, por que motivo, nós outros, servos imperfeitos do trabalho relativo, não poderemos esperar?
MINHA REFLEXÃO
Esperar é uma virtude. Mas muitos confundem com indiferença. Entretanto, cada um tem o seu limite de espera, que é variável, mas renovável. Não podemos decidir pela vida num momento de atrito, de conflitos existenciais. Toda decisão deve ser tomada num momento de calma, mas íntima calma espiritual. Numa situação de emergência, a calma possibilita tomadas de decisões rápidas, mas ajuizadas.
Numa situação em que as ofensas, as incompreensões e as afetações nos castigam, não devemos tomar decisões, como não tivesse o dia de amanhã. O silêncio é a melhor receita. No outro dia (que pode durar dias para chegar), porque ele existe e sempre existirá, ajuizamos sobre o problema e tomamos a decisão, com calma, sem afetar ninguém, particularmente as pessoas que dizemos “amar”. Conforme Um Espírito Amigo:

Sede pacientes. A paciência também é uma caridade e deveis praticar a lei de caridade ensinada pelo Cristo, enviado de Deus. A caridade que consiste na esmola dada aos pobres é a mais fácil de todas. Outra há, porém, muito mais penosa e, conseguintemente, muito mais meritória: a de perdoarmos aos que Deus colocou em nosso caminho para serem instrumentos do nosso sofrer e para nos porem à prova a paciência.[1]
Num momento de brios feridos, por causa de nossas imperfeições, fazemos o que não queremos e não fazemos o que queremos, conforme Paulo, o Apóstolo[2]. Somos o nosso problema existencial, porque somos impacientes.
Que saibamos ser pacientes diante de nossos entes queridos e mesmo dos não queridos (que deveriam ser, por sermos filhos do mesmo Pai) e ganhemos em evolução.
Que Deus nos ajude!
Domício.




[1] Um Espírito Amigo in: O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. IX (Os que são brandos e pacíficos), item 7.

[2]Cartas aos Romanos, 7: 19-20 Impotência da lei diante do pecado

Não faço o bem que quereria, mas o mal que não quero. Ora, se faço o que não quero, já não sou eu que faço, mas sim o pecado que em mim habita.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

APROVEITEMOS

161
APROVEITEMOS
E destas coisas sois vós testemunhas.
Lucas, 24:48
Jesus sempre aproveitou o mínimo para produzir o máximo.
Com três anos de apostolado acendeu luzes para milênios.
Congregando pequena assembleia de doze companheiros, renovou o mundo.
Com uma pregação na montanha inspirou milhões de almas para a vida eterna.
Converte a esmola de uma viúva em lição imperecível de solidariedade.
Corrigindo alguns espíritos perturbados, transforma o sistema judiciário da Terra, erigindo o “amai-vos uns aos outros” para a felicidade humana.
De cinco pães e dois peixes, retira o alimento para milhares de famintos.
Da ação de um Zaqueu bem-intencionado, traça programa edificante para os mordomos da fortuna material.
Da atitude de um fariseu orgulhoso, extrai a verdade que confunde os crentes menos sinceros.
Curando alguns doentes, institui a medicina espiritual para todos os centros da Terra.
Faz dum grão de mostarda maravilhoso símbolo do Reino de Deus.
De uma dracma perdida, forma ensinamento inesquecível sobre o amor espiritual.
De uma cruz grosseira, grava a maior lição de Divindade na História.
De tudo isso somos testemunhas em nossa condição de beneficiários. Em razão de nosso conhecimento, convém ouvirmos a própria consciência. Que fazemos das bagatelas de nosso caminho? Estaremos aproveitando nossas oportunidades para fazer algo de bom?
MINHA REFLEXÃO
O apostolado do Cristo foi de caráter intensivo. Três anos foram suficientes para deixar o máximo, num prazo bem mínimo, para nós que podíamos receber apenas aquilo. E ele foi claro quanto à sua obra; foi objetivo quanto às condições intelectuais da humanidade daquela época (Mateus, 13: 10 a 15; João, 14: 15 a 17 e 26[1]).
Se quisermos ser bons seguidores do Cristo, devemos aproveitar de modo otimizado esse curto tempo que temos na Terra. Ele precisou de três anos, e nos foi dado uma vida toda para fazer o que temos condições de fazer; nem mais e nem menos.
Temos uma missão de nos aperfeiçoarmos, o máximo possível, em uma vida corpórea. Além disso, se tivermos aquilatados conhecimentos que nos garantam ajudar o próximo, o compromisso com Deus aumenta mais ainda, como diz Allan Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. VII, item 13:

Se Deus, em seus desígnios, vos fez nascer num meio onde pudestes desenvolver a vossa inteligência, é que quer a utilizeis para o bem de todos; é uma missão que vos dá, pondo-vos nas mãos o instrumento com que podeis desenvolver, por vossa vez, as inteligências retardatárias e conduzi-las a ele.
Então, que sejamos um seguidor do Cristo, seguindo os seus exemplos, conforme nossa capacidade atual de fazê-los. Esforcemo-nos, o máximo possível, nesse mister.
Que Deus nos ajude.
Domício.




[1] “Ele se explica, dizendo a seus apóstolos: "Falo-lhes por parábolas, porque não estão em condições de compreender certas coisas. Eles veem, olham, ouvem, mas não entendem. Fora, pois, inútil tudo dizer-lhes, por enquanto. Digo-o, porém, a vós, porque dado vos foi compreender estes mistérios." Allan Kardec in: O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XXIV, item 4.

quarta-feira, 6 de abril de 2016

O VARÃO DA MACEDÔNIA

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O VARÃO DA MACEDÔNIA
E Paulo teve de noite uma visão em que se apresentou, em pé, um varão da Macedônia e lhe rogou: Passa à Macedônia e ajuda-nos!
(ATOS, 16: 9.)
Além das atividades diárias na vida de relação, participam os homens de vasto movimento espiritual, cujas fases de intercâmbio nem sempre podem ser registradas pela memória vulgar.
Não só os que demandam o sepulcro se comunicam pelo processo das vibrações psíquicas.
Os espíritos encarnados fazem o mesmo, em identidade de circunstâncias, desde que se achem aptos a semelhantes realizações.
Mais tarde, a generalidade das criaturas terrestres ampliará essas possibilidades, percebendo-lhes o admirável valor.
Isso, aliás, não constitui novidade, pois, segundo vemos, Paulo de Tarso, em Tróade, recebe a visita espiritual de um varão da Macedônia, que lhe pede auxílio.
A narração apostólica é muito clara. O amigo dos gentios tem uma visão em que lhe não surge uma figura angélica ou um mensageiro divino. Trata-se de um homem da Macedônia que o ex-doutor de Tarso identifica pelo vestuário e pelas palavras.
É útil recordar semelhante ocorrência para que se consolide nos discípulos sinceros a certeza de que o Evangelho é portador de todos os ensinamentos essenciais e necessários, sem nos impor a necessidade de recorrer a nomenclaturas difíceis, distantes da simplicidade com que o Mestre nos legou a carta de redenção, na qual nos pede atenção amorosa e não teorias complicadas.
MINHA REFLEXÃO
O Espírito não deixa de sê-lo porque reencarnou. Então, muitas vezes sem ter recordação, os encarnados podem vir a se comunicar com outro (ou outros) encarnado, estando desligado parcialmente do corpo[1].
Emmanuel nos adverte que devemos ser simples no tocante a fenomenologia e atentarmos para a simplicidade das relações entre os seres espirituais, encarnados ou não. E vai além, no que diz respeito aos ensinos do Cristo em relação às Leis de Deus, pois para sermos cristãos, não precisamos ser prolixos e nem muito eloquentes. Basta que estejamos sintonizados com o Mestre, em pensamento e atos.
De qualquer modo, essa mensagem nos faz lembrar a importância de nossa emancipação espiritual, quando o nosso corpo dorme. Apesar de não lembramos, que saibamos aproveitar bem esses momentos de nossa libertação parcial[2].
Que Deus nos ajude.
Domício.



[1] O Livro dos Espíritos, questão nº 414. Podem duas pessoas que se conhecem visitar-se durante o sono?
“Certo e muitos que julgam não se conhecerem costumam reunir-se e falar-se. Podes ter, sem que o suspeites, amigos em outro país. É tão habitual o fato de irdes encontrar-vos, durante o sono, com amigos e parentes, com os que conheceis e que vos podem ser úteis, que quase todas as noites fazeis essas visitas.”
[2] O Livro dos Espíritos, questão nº 415. Que utilidade podem elas ter, se as olvidamos?
“De ordinário, ao despertardes, guardais a intuição desse fato, do qual se originam certas ideias que vos vêm espontaneamente, sem que possais explicar como vos acudiram. São ideias que adquiristes nessas confabulações.”