Mensagem de boas vindas


quarta-feira, 28 de maio de 2014

MADALENA


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MADALENA
Disse-lhe Jesus: Maria!
— Ela, voltando-se, disse-lhe: Mestre!”
João (20: 16)
Dos fatos mais significativos do Evangelho, a primeira visita de Jesus, na ressurreição, é daqueles que convidam à meditação substanciosa e acurada.
Por que razões profundas deixaria o Divino Mestre tantas figuras mais próximas de sua vida para surgir aos olhos de Madalena, em primeiro lugar?
Somos naturalmente compelidos a indagar por que não teria aparecido, antes, ao coração abnegado e amoroso que lhe servira de Mãe ou aos discípulos amados...
Entretanto, o gesto de Jesus é profundamente simbólico em sua essência divina.
Dentre os vultos da Boa Nova, ninguém fez tanta violência a si mesmo, para seguir o Salvador, como a inesquecível obsidiada de Magdala. Nem mesmo “morta” nas sensações que operam a paralisia da alma; entretanto, bastou o encontro com o Cristo para abandonar tudo e seguir-lhe os passos, fiel até ao fim, nos atos de negação de si própria e na firme resolução de tomar a cruz que lhe competia no calvário redentor de sua existência angustiosa.
É compreensível que muitos estudantes investiguem a razão pela qual não apareceu o Mestre, primeiramente, a Pedro ou a João, à sua Mãe ou aos amigos. Todavia, é igualmente razoável reconhecermos que, com o seu gesto inesquecível, Jesus ratificou a lição de que a sua doutrina será, para todos os aprendizes e seguidores, o código de ouro das vidas transformadas para a glória do bem. E ninguém, como Maria de Magdala, houvera transformado a sua, à luz do Evangelho redentor.
MINHA REFLEXÃO
Madalena recebeu o diploma maior de sua aprendizagem com o Mestre Jesus: SUA PRIMEIRA APARIÇÃO. Ela, como o Saulo de Tarso, como um passe de mágica, absorveu de modo muito profundo, as lições do Mestre e o seguiu até a morte, sem nenhuma vacilação.
O Mestre disse que veio para os doentes e necessitados da água e do pão da vida: Ele (sua Boa Nova-Mateus, 9: 10 a 12; Lucas, 19: 1 a 10).
Daí, não podermos ter aversões aos irmãos de toda sorte, que cometem até os atos de maior atrocidade, pois eles terão também seu encontro com Jesus e se tornarão verdadeiros discípulos, como Paulo e Maria Magdala e todos os discípulos da primeira era, que entregaram a própria vida em fidelidade aos ensinos do Mestre.
A maioria de nós, detentores dos ensinos de Jesus, está só no caminho que leva ao Pai, quem sabe antes da metade dele, mesmo com todo conhecimento evangélico que já detém. Então, devemos continuar a perseverar no bem e conquistar cada vez mais os degraus da pureza espiritual, despojando-se das capas que nos impede de sentar à mesa com o Senhor, no banquete em que a senha é a “túnica nupcial” (Mateus, 22: 1 a 14).
Que Deus nos ajude.
Domício.

terça-feira, 27 de maio de 2014

CAMPO DE SANGUE

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CAMPO DE SANGUE
Por isso foi chamado aquele campo, até ao dia de hoje, Campo de Sangue.
Mateus (27: 8).
Desorientado, em vista das terríveis consequências de sua irreflexão, Judas procurou os sacerdotes e restituiu-lhes as trinta moedas, atirando-as, a esmo, no recinto do Templo.
Os mentores do Judaísmo concluíram, então, que o dinheiro constituía preço de sangue e, buscando desfazer-se rapidamente de sua posse, adquiriram um campo destinado ao sepulcro dos estrangeiros, denominado, desde então, Campo de Sangue.
Profunda a expressão simbólica dessa recordação e, com a sua luz, cabe-nos reconhecer que a maioria dos homens continua a irrefletida ação de Judas, permutando o Mestre, inconscientemente, por esperanças injustas, por vantagens materiais, por privilégios passageiros. Quando podem examinar a extensão dos enganos a que se acolheram, procuram, desesperados, os comparsas de suas ilusões, tentando devolver-lhes quanto lhes coube nos criminosos movimentos em que se comprometeram na luta humana; todavia, com esses frutos amargos apenas conseguem adquirir o campo de sangue das expiações dolorosas e ásperas, para sepulcro dos cadáveres de seus pesadelos delituosos, estranhos ao ideal divino da perfeição em Jesus-Cristo.
Irmão em humanidade, que ainda não pudeste sair do campo milenário das reencarnações, em luta por enterrar os pretéritos crimes que não se coadunam com a Lei Eterna, não troques o Cristo Imperecível por um punhado de cinzas misérrimas, porque, do contrário, continuarás circunscrito à região escura da carne sangrenta.
MINHA REFLEXÃO
Emmanuel nos assiste com essa iluminada mensagem, lembrando-nos que desvirtuamos muitas vezes o objetivo da descida de Jesus Cristo.
Trocamos assim, por muito pouco, a luz pelas trevas, nos comprometendo com a dor que segue imediato a reflexão dos atos cometidos.
Assim, estamos há milênios voltando à carne para nos descomprometermos com ela. São as reencarnações sucessivas que necessitamos para subir até o Céu e sentarmos à direita do Pai.
Significa adquirirmos a pureza espiritual, a última escala da hierarquia espiritual: a mais alta.[i]
Judas, com boas intenções, entregou Jesus aos seus algozes e verificando a armadilha em que caiu, matou-se. Fruto da imperfeição humana que devemos desculpar em sã consciência.
Que possamos nos deixar sempre iluminar pelo bom pensamento e influências espirituais boas, sendo fiel ao Cristo, até o fim.
Que Deus nos ajude!
Domício.





[i] O Livro dos Espíritos, Parte 2ª, Cap. I, item 100 – Escala Espírita.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

ENSEJO AO BEM

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ENSEJO AO BEM
Jesus, porém, lhe disse: Amigo, a que vieste?
Então, aproximando-se, lançaram mão de Jesus e o prenderam.
MATEUS, 26: 50.
É significativo observar o otimismo do Mestre, prodigalizando oportunidades ao bem, até ao fim de sua gloriosa missão de verdade e amor, junto dos homens.
Cientificara-se o Cristo, com respeito ao desvio de Judas, comentara amorosamente o assunto, na derradeira reunião mais íntima com os discípulos, não guardava qualquer dúvida relativamente aos suplícios que o esperavam; no entanto, em se aproximando, o cooperador transviado beija-o na face, identificando-o perante os verdugos, e o Mestre, com sublime serenidade, recebe-lhe a saudação carinhosamente e indaga: Amigo, a que vieste?
Seu coração misericordioso proporcionava ao discípulo inquieto o ensejo ao bem, até ao derradeiro instante.
Embora notasse Judas em companhia dos guardas que lhe efetuariam a prisão, dá-lhe o título de amigo. Não lhe retira a confiança do minuto primeiro, não o maldiz, não se entrega a queixas inúteis, não o recomenda à posteridade com acusações ou conceitos menos dignos.
Nesse gesto de inolvidável beleza espiritual, ensinou-nos Jesus que é preciso oferecer portas ao bem, até à última hora das experiências terrestres, ainda que, ao término da derradeira oportunidade, nada mais reste além do caminho para o martírio ou para a cruz dos supremos testemunhos.
MINHA REFLEXÃO
Nosso Mestre, sabedor do que ia passar; consciente do estágio evolutivo de cada um de seus discípulos; crente que iam continuar sua obra, mesmo depois do abandono na hora extrema, deu o exemplo máximo de compreensão e superioridade moral.
Seu móvel sempre foi cuidar para que todos, indistintamente, dessem curso ao seu processo evolutivo; e, na qualidade do Médico das almas, inclusive de seus algozes, ofereceu a face para o beijo e chamou de amigo o seu traidor inconsciente do mal a que estava aliado, com intenções que não era a morte de seu Mestre.
Devemos aprender que o bem não tem hora, não tem lugar, é para qualquer pessoa. Devemos reconhecer que podemos ter estado naquele sítio, nas últimas horas do Mestre e que podemos ter vibrado pela sua morte e optado por Barrabás[1];.
Se quisermos ser aprendizes do Mestre, não podemos (e sei que ainda ficaremos) ficar injuriados com a incompreensão, com a ingratidão, calúnias, com a traição e abandono dos que mais entendemos ser amigos ou alvo de nossa atenção primeira (Mateus, 5: 5 à 20, 38 à 48).
Que Deus nos ajude.
Domício.



[1] Jesus ou Barrabás?
Olavo Bilac
In: Parnaso de Além-Túmulo (Chico Xavier)

Sobre a fronte da turba há um sussurro abafado.
A multidão inteira, ansiosa se congrega,
Surda à lição do amor, implacável e cega,
Para a consumação dos festins do pecado.

“Crucificai-o!” – exclama... Um lamento lhe chega
Da Terra que soluça e do Céu desprezado.
“Jesus ou Barrabás?” – pergunta, inquire o brado
Da justiça sem Deus, que trêmula se entrega. 

Jesus! Jesus!... Jesus!... – e a resposta perpassa
Como um sopro cruel do Aquilão da desgraça,
Sem que o Anjo da Paz amaldiçoe ou gema... 

E debaixo do apodo e ensanguentada a face,
Toma da cruz da dor para que a dor ficasse
Como a glória da vida e a vitória suprema.