Mensagem de boas vindas


quarta-feira, 7 de maio de 2014

ENSEJO AO BEM

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ENSEJO AO BEM
Jesus, porém, lhe disse: Amigo, a que vieste?
Então, aproximando-se, lançaram mão de Jesus e o prenderam.
MATEUS, 26: 50.
É significativo observar o otimismo do Mestre, prodigalizando oportunidades ao bem, até ao fim de sua gloriosa missão de verdade e amor, junto dos homens.
Cientificara-se o Cristo, com respeito ao desvio de Judas, comentara amorosamente o assunto, na derradeira reunião mais íntima com os discípulos, não guardava qualquer dúvida relativamente aos suplícios que o esperavam; no entanto, em se aproximando, o cooperador transviado beija-o na face, identificando-o perante os verdugos, e o Mestre, com sublime serenidade, recebe-lhe a saudação carinhosamente e indaga: Amigo, a que vieste?
Seu coração misericordioso proporcionava ao discípulo inquieto o ensejo ao bem, até ao derradeiro instante.
Embora notasse Judas em companhia dos guardas que lhe efetuariam a prisão, dá-lhe o título de amigo. Não lhe retira a confiança do minuto primeiro, não o maldiz, não se entrega a queixas inúteis, não o recomenda à posteridade com acusações ou conceitos menos dignos.
Nesse gesto de inolvidável beleza espiritual, ensinou-nos Jesus que é preciso oferecer portas ao bem, até à última hora das experiências terrestres, ainda que, ao término da derradeira oportunidade, nada mais reste além do caminho para o martírio ou para a cruz dos supremos testemunhos.
MINHA REFLEXÃO
Nosso Mestre, sabedor do que ia passar; consciente do estágio evolutivo de cada um de seus discípulos; crente que iam continuar sua obra, mesmo depois do abandono na hora extrema, deu o exemplo máximo de compreensão e superioridade moral.
Seu móvel sempre foi cuidar para que todos, indistintamente, dessem curso ao seu processo evolutivo; e, na qualidade do Médico das almas, inclusive de seus algozes, ofereceu a face para o beijo e chamou de amigo o seu traidor inconsciente do mal a que estava aliado, com intenções que não era a morte de seu Mestre.
Devemos aprender que o bem não tem hora, não tem lugar, é para qualquer pessoa. Devemos reconhecer que podemos ter estado naquele sítio, nas últimas horas do Mestre e que podemos ter vibrado pela sua morte e optado por Barrabás[1];.
Se quisermos ser aprendizes do Mestre, não podemos (e sei que ainda ficaremos) ficar injuriados com a incompreensão, com a ingratidão, calúnias, com a traição e abandono dos que mais entendemos ser amigos ou alvo de nossa atenção primeira (Mateus, 5: 5 à 20, 38 à 48).
Que Deus nos ajude.
Domício.



[1] Jesus ou Barrabás?
Olavo Bilac
In: Parnaso de Além-Túmulo (Chico Xavier)

Sobre a fronte da turba há um sussurro abafado.
A multidão inteira, ansiosa se congrega,
Surda à lição do amor, implacável e cega,
Para a consumação dos festins do pecado.

“Crucificai-o!” – exclama... Um lamento lhe chega
Da Terra que soluça e do Céu desprezado.
“Jesus ou Barrabás?” – pergunta, inquire o brado
Da justiça sem Deus, que trêmula se entrega. 

Jesus! Jesus!... Jesus!... – e a resposta perpassa
Como um sopro cruel do Aquilão da desgraça,
Sem que o Anjo da Paz amaldiçoe ou gema... 

E debaixo do apodo e ensanguentada a face,
Toma da cruz da dor para que a dor ficasse
Como a glória da vida e a vitória suprema.

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