134
BASTA POUCO
Disse-lhe Judas:
Senhor, donde vem que te hás de manifestar a nós e não ao mundo?
João (4: 22).
Um dos fatos mais surpreendentes do Cristianismo é a
posição escolhida pelo Salvador, a fim de anunciar as verdades eternas.
Não aparece Jesus em decretos sensacionais, em troféus
revolucionários ou em situações de domínio. Chega em paz à manjedoura simples,
exemplifica o trabalho, conversa com alguns homens obscuros de uma aldeola
singela e, só com isso, prepara a transformação da Humanidade inteira.
Para o mundo inferior, todavia, a pergunta de Tadeu ainda é
de plena atualidade.
As criaturas vulgares só entendem os que se impõem aos
demais, ainda que, para isso, sejam compelidas a ouvir sentenças tirânicas,
proferidas em tribunas sanguinolentas; apenas compreendem espetáculos que ferem
a visão e gestos teatrais dos que dominam por um dia para sofrerem amanhã o
mesmo processo transformador imposto ao mundo transitório ao qual se dirigem.
Jesus, todavia, falou à alma imortal. Por esse motivo, suas
revelações nunca morrem. Além disso, provou não ser necessária a evidência
social ou econômica para o serviço de utilidade a Deus, demonstrando, ainda,
não ser para isso indispensável a cidade com as arregimentações e recursos faustosos.
Bastarão os princípios edificantes e simples, uma aldeota sem nome e alguns
poucos amigos.
O
portador da boa-vontade sabe que foi esse o material com que o Cristo iniciou a
remodelação da vida terrestre.
MINHA
REFLEXÃO
Grandiosa foi a missão de Jesus Cristo. Além de não precisar
de tecnologias de alto nível, nem de palcos montados em praça, ou mesmo templos
majestosos para falar às massas, só precisou de 3 anos para deixar um rastro
perene de luz. A luz foi tão intensa, que transformou criaturas, que, a
princípio, ninguém esperaria que mudassem com tanto fulgor, como foram os casos
de Maria de Magdala e Saulo de Tarso.
Se não bastasse essa produção de transformação radical de
almas, não deixou nada escrito, mas, 50 anos depois, tudo que ele falara foi registrado
por seus discípulos, ou seguidores fieis, para perpetuar por toda a eternidade.
E, hoje, estamos ainda estudando seus ensinamentos ampliados pelo Espiritismo.[1]
Então, devemos fazer nossa parte, a partir de nossa
pequenez, pois segundo Emmanuel, “importa considerar que devemos ser, não
obstante as nossas imperfeições, um ponto de luz nas trevas, em que a
inspiração do Senhor possa brilhar”.[2]
Que o Senhor nos ajude.
Domício
[1] “Um dia, Deus, em sua
inesgotável caridade, permitiu que o homem visse a verdade varar as trevas.
Esse dia foi o do advento do Cristo. Depois da luz viva, voltaram as trevas.
Após alternativas de verdade e obscuridade, o mundo novamente se perdia. Então,
semelhantemente aos profetas do Antigo Testamento, os Espíritos se puseram a
falar e a vos advertir”. Fénelon. (Poitiers,
1861.) In: O Evangelho Segundo o Espiritismo,
Cap. 1, Item 10.
[2] In:
Encontro marcado (Chico Xavier – FEB), Cap. 3 – Ante as crises do Mundo.