94
AO SALVAR-NOS
“Salva-te a ti
mesmo e desce da cruz.”
(MARCOS, 15: 30)
Esse grito de ironia dos homens maliciosos continua
vibrando através dos séculos.
A criatura humana não podia compreender o sacrifício
do Salvador. A Terra apenas conhecia vencedores que chegavam brandindo armas,
cobertos de glórias sanguinolentas, heróis da destruição e da morte, a caminho
de altares e monumentos de pedra.
Aquele Messias, porém, distanciarse do padrão
habitual. Para conquistar, dava de si mesmo; a fim de possuir,
nada pretendia dos homens para si próprio; no propósito de enriquecer a vida, entregavase à
morte.
Em vista disso, não faltaram os escarnecedores no
momento extremo, interpelando o Divino Triunfador, com mordaz expressão.
Nesse testemunho, ensinounos o Mestre que, ao nos
salvarmos, no campo da maldade e da ignorância ouviremos o grito da malícia
geral, nas mesmas circunstâncias.
Se nos demoramos colados à ilusão do destaque, se
somos trabalhadores exclusivamente interessados em nosso engrandecimento
temporário na esfera carnal, com esquecimento das necessidades alheias, há
sempre muita gente que nos considera privilegiados e vitoriosos; se ponderamos, no
entanto, as nossas responsabilidades graves no mundo, chamanos loucos e, quando
nos surpreende em experiências culminantes, revestidas da dor sagrada que nos
arrebata a esferas sublimes, passa junto de nós exibindo gestos irônicos e,
recordando os altos princípios esposados por nossa vida, exclama, desdenhosa: —
“Salva-te a ti mesmo e desce da cruz.”
MINHA REFLEXÃO
Salvar-se em detrimento de nossa elevaão é uma inclinação às trevas
exteriores; é cair no ranger de dentes.
Jesus deu um claro exemplo de convicção em relação ao que veio pregar.
Foi tentado inúmeras vezes, mas não
cedeu às tentações que, geralmente, cotidianamente, facilmente nós cedemos em
função de nossa imperfeição moral.
Sabemos que estamos nesse mundo para sermos provados, ou expiados, com
vistas ao progresso espiritual. Então, sejamos vigilantes às tentações de
extravazarmos nosso orgulho e egoísmo.
Se quisermos nos salvar, que sejamos
caridosos, pois segundo a compreensão de
Allan Kardec sobre os ensinamentos dos Espírios Superiores, "não podendo amar a Deus sem praticar a
caridade para com o próximo, todos os deveres do homem se resumem nesta máxima:
Fora da caridade não há salvação" (O Evangelho Seg. o Espiritismo, Cap.
XV, item 5).
Também, antes da cruz, o Cristo foi
fiel ao seu ensinamento e quando esteve
no madeiro, nos disse:
Chamando para perto de si o povo e os discípulos,
disse-lhes: “Se alguém quiser vir nas minhas pegadas, renuncie a si mesmo, tome
a sua cruz e siga-me; porquanto, aquele que se quiser salvar a si mesmo,
perder-se-á; e aquele que se perder por amor de mim e do Evangelho se salvará.”
— Com efeito, de que serviria a um homem ganhar o mundo todo e perder-se a si
mesmo? (Marcos, 8:34 a 36; Lucas, 9:23 a 25; Mateus, 10:38 e 39; João, 12:25 e
26.)
Então, que possamos seguir o Cristo,
independente do que teremos que assumir por causa disso e salvemos, desse modo,
nossa vida espiritual.
Que Deus nos ajude.
Domício.