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PRETENSÕES
Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o
crescimento.
Paulo (1ª Epístola aos
Coríntios, 3: 6.)
A igreja de Corinto estava cheia de alegações dos
discípulos inquietos.
Certos componentes da instituição imprimiam maior valor aos
esforços de Paulo, enquanto outros conferiam privilégios de edificação a Apolo.
O advogado dos gentios foi divinamente inspirado,
comentando o assunto em sua carta.
Por que pretensões individuais numa obra da qual somos
todos beneficiários do mesmo Senhor?
Na atualidade, é louvável o exame da recomendação de Paulo
aos Coríntios, porqüanto já não são os usufrutuários da organização cristã que
se rejubilam pela recepção das bênçãos do Evangelho através desse ou daquele dos
trabalhadores do Cristo, mas os operários da causa que, por vezes, chegam ao
campo de serviço exibindo-se por vultos destacados dessa ou daquela obra do
bem.
A certeza de que “toda boa dádiva vem de Deus” constitui
excelente exercício para os trabalhos comuns.
É interessante observar como está sempre disposto o homem a
se apropriar de circunstâncias que o elevem no alheio conceito com facilidade.
Sempre inclinado a destacar-se nos círculos do bem que
ainda lhe não pertence de modo substancial, raramente assume a paternidade dos
erros que comete. Essa é uma das singulares contradições da criatura.
Não te
esqueças. O serviço é de todos. Uns plantam, outros adubam. Vive contente no
setor de trabalho confiado às tuas mãos ou à tua inteligência e serve sem
pretensões, porque o homem prepara a terra e organiza a semeadura, por
misericórdia da Providência, mas é Deus quem põe as flores nas frondes e
concede os frutos, segundo o merecimento.
MINHA REFLEXÃO
Esse problema tão bem administrado por Paulo, nos lembra
que também como espíritas devemos ter cuidados para não nos separar por causa
das dissenções internas ao movimento.
Faz – nos lembrar, também, que, por causa das dissenções, os
cristãos se dividiram em várias Igrejas. Cada “facção cristã” passou a
pretender a interpretação mais ajuizada do Evangelho do Cristo.
Então, passou a valer a pretensão que fora dessa ou daquela
igreja não haveria salvação. A. Kardec faz uma análise sobre esta questão no
capítulo XV – Fora da Caridade não há Salvação de O Evangelho Segundo o
Espiritismo:
A
máxima - Fora da caridade não há salvação consagra o princípio da
igualdade perante Deus e da liberdade de consciência. Tendo-a por norma, todos
os homens são irmãos e, qualquer que seja a maneira por que adorem o Criador,
eles se estendem as mãos e oram uns pelos outros. Com o dogma - Fora da
Igreja não há salvação, anatematizam-se e se perseguem reciprocamente,
vivem como inimigos; o pai não pede pelo filho, nem o filho pelo pai, nem o
amigo pelo amigo, desde que mutuamente se consideram condenados sem remissão.
É, pois, um dogma essencialmente contrário aos ensinamentos do Cristo e à lei
evangélica.
Que sejamos cristãos, isso basta. Que respeitemos os credos
alheios e comunguemos com os cristãos que não são espíritas, pois são nossos
irmãos em Cristo, por graça do Nosso Senhor. Que sejamos vilipendiados por
alguns irmãos que ainda resistem à ideia reencarnacionista. Contudo, não temos
o direito de rechaçá-los por ainda agirem assim. Tudo no seu tempo.
Sejamos cristãos. Sejamos caridosos.
Que Deus nos ajude.
Domício Maciel.
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