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MADEIROS SECOS
Porque, se ao madeiro
verde fazem isto, que se fará ao seco? Jesus (LUCAS, 23: 31).
Jesus é a videira eterna,
cheia de seiva divina, espalhando ramos fartos, perfumes consoladores e frutos
substanciosos entre os homens, e o mundo não lhe ofereceu senão a cruz da flagelação
e da morte infamante.
Desde milênios remotos é o
Salvador, o puro por excelência.
Que não devemos esperar, por
nossa vez, criaturas endividadas que somos, representando galhos ainda secos na
árvore da vida?
Em cada experiência,
necessitamos de processos novos no serviço de reparação e corrigenda.
Somos madeiros sem vida
própria, que as paixões humanas inutilizaram, em sua fúria destruidora.
Os homens do campo metem a
vara punitiva nos pessegueiros, quando suas frondes raquíticas não produzem. O
efeito é benéfico e compensador.
O martírio do Cristo
ultrapassou os limites de nossa imaginação. Como tronco sublime da vida, sofreu
por desejar transmitir-nos sua seiva fecundante.
Como lenhos ressequidos, ao
calor do mal, sofremos por necessidade, em favor de nós mesmos.
O mundo organizou a tragédia
da cruz para o Mestre, por espírito de maldade e ingratidão; mas, nós outros,
se temos cruzes na senda redentora, não é porque Deus seja rigoroso na execução
de suas leis, mas por ser Amoroso Pai de nossas almas, cheio de sabedoria e
compaixão nos processos educativos.
MINHA
REFLEXÃO
Jesus que não tinha nada que
reparar ou ser provado, passou momentos difíceis de humilhação e dor. Nós que
ainda temos tanto a reparar, nos melindramos com a menor coisa. Deprimimo-nos
pela ausência momentânea ou demorada daquele convive/conviveu por muito tempo
conosco. Quando é uma dor física, nem sempre somos guerreiros suficiente para
sustentar a fé e agradecer a Deus a oportunidade de nos redimir ou nos prova
com vista a uma ascensão espiritual.
Devemos ser paciente com
nossa dor, pois Deus não nos castiga; nós que nos desviamos de Sua Lei[1]. E esse desviar é doloroso
na volta ao cumprimento dela, principalmente porque nos demoramos a se afastar
daquilo que nos fez/faz mal.
Que sejamos conscientes de
nossas responsabilidades em relação ao nosso proceder. Que possamos enfrentar,
com destemor e caridade, os sofrimentos consequentes de nossas próprias ações.
Que Deus nos ajude.
Domício.
[1]
“Deus tem Suas leis a regerem todas as vossas ações. Se as violais, vossa é a
culpa. Indubitavelmente, quando um homem comete um excesso qualquer, Deus não
profere contra ele um julgamento, dizendo-lhe, por exemplo: Foste guloso, vou
punir-te. Ele traçou um limite; as enfermidades e muitas vezes a morte são a
consequência dos excessos. Eis aí a punição; é o resultado da infração da lei.
Assim em tudo.” (O Livro dos Espíritos, questão 964).
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