Mensagem de boas vindas


quarta-feira, 2 de julho de 2014

A COROA

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A COROA
E vestiram-no de púrpura, e tecendo uma coroa de espinhos, lha puseram na cabeça.
Marcos (15: 17)
Quase incrível o grau de invigilância da maioria dos discípulos do Evangelho, na atualidade, ansiosos pela coroa dos triunfos mundanos. Desde longo tempo, as Igrejas do Cristianismo deturpado se comprazem nos grandes espetáculos, através de enormes demonstrações de força política. E forçoso é reconhecer que grande número das agremiações espiritistas cristãs, ainda tão recentes no mundo, tendem às mesmas inclinações.
Individualmente, os prosélitos pretendem o bem-estar, o caminho sem obstáculos, as considerações honrosas do mundo, o respeito de todos, o fiel reconhecimento dos elevados princípios que esposaram na vida, por parte dos estranhos. Quando essa bagagem de facilidades não os bafeja no serviço edificante, sentem-se perseguidos, contrariados, desditosos.
Mas... e o Cristo? Não bastaria o quadro da coroa de espinhos para atenuar-nos a inquietação?
Naturalmente que o Mestre trazia consigo a Coroa da Vida; entretanto, não quis perder a oportunidade de revelar que a coroa da Terra ainda é de espinhos, de sofrimento e trabalho incessante para os que desejem escalar a montanha da Ressurreição Divina. Ao tempo em que o Senhor inaugurou a Boa Nova entre os homens, os romanos coroavam-se de rosas; mas, legando-nos a sublime lição, Jesus dava-nos a entender que seus discípulos fiéis deveriam contar com distintivos de outra natureza.
MINHA REFLEXÃO
Essa mensagem nos faz pensar o quanto ainda somos carentes do reconhecimento dos homens. Somos ainda muito melindrosos. Entendemos que já fazemos, ou fizemos, grandes coisas e por isso merecemos o respeito daqueles que nos cobram retidão e não nos creditam confiança.
O Cristo possibilitou que lhes dessem uma coroa de espinhos. Ele é Rei, mas nasceu na manjedoura. Foi-lhe questionado sobre sua realeza ante os judeus e para caçoá-lo lhes deram uma coroa de espinho.
A realeza de Jesus não era desse mundo[1], mas a estava implantando nele. A partir daquele momento, a pedra filosofal estava devidamente inaugurada. Foi para isso que ele desceu até nós, pois acreditava que já estávamos suficientemente maduros para receber suas deliberações monárquicas. A Lei do Pai, o Rei Supremo, ao qual estava submetido, foi ratificada ao povo[2]. Apesar de esperar que todos aos poucos iriam se adaptar à Lei, deixou-a impressa em sua jornada por aqui, através de exemplos coerentes com Ela.
Seus mensageiros deveriam mais tarde imprimi-la, em papel, para assim ser divulgada por todo o Reino. Sabendo que não seria aceita por muito, deixou o exemplo da imolação, sem reclamação, para que os emissários não se desfalecessem, quando chamados aos sacrifícios.[3] E assim, foi.
Que sejamos dignos da coroa que nos puserem.
Que Deus e Mestre Jesus nos ajudem.
Domício.



[1] Pilatos, tendo entrado de novo no palácio e feito vir Jesus à sua presença, perguntou-lhe: És o rei dos judeus? - Respondeu-lhe Jesus: Meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, a minha gente houvera combatido para impedir que eu caísse nas mãos dos judeus; mas, o meu reino ainda não é aqui. Disse-lhe então Pilatos: És, pois, rei? - Jesus lhe respondeu: Tu o dizes; sou rei; não nasci e não vim a este mundo senão para dar testemunho da verdade. Aquele que pertence a verdade escuta a minha voz. (João, 18: 33, 36 e 37.)
[2] Nós fomos criados com as Leis gravadas em nossa consciência e, naquela época, o Decálogo já era conhecido pelos judeus, via Moisés.
[3] Aquele que me confessar e me reconhecer diante dos homens, eu também o reconhecerei e confessarei diante de meu Pai que está nos céus; - e aquele que me renegar diante dos homens, também eu o renegarei diante de meu Pai que está nos céus. - (Mateus, 10: 32 e 33.)
Se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras, o Filho do Homem também dele se envergonhará, quando vier na sua glória e na de seu Pai e dos santos anjos. (Lucas, 9: 26.)
No O Evangelho Segundo o Espiritismo (capítulos 2 e 24), Allan Kardec cuida de explicar as passagens evangélicas aqui grafadas.

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