Mensagem de boas vindas


sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

PROPRIEDADE

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PROPRIEDADE
E o mancebo, ouvindo esta palavra, retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades.
Mateus, 19, 22.
O instinto de propriedade tem provocado grandes revoluções, ensanguentando os povos. Nas mais diversas regiões do planeta respiram homens inquietos pela posse material, ciosos de suas expressões temporárias e dispostos a morrer em sua defesa.
Isso demonstra que o homem ainda não aprendeu a possuir.
Com esta argumentação, não desejamos induzir a criatura a esquecer a formiga previdente, adotando por modelo a cigarra descuidosa. Apenas convidamos, a quem nos lê, a examinar a precariedade das posses efêmeras.
Cada conquista terrestre deveria ser aproveitada pela alma, como força de elevação.
O homem ganhará impulso santificante, compreendendo que só possui verdadeiramente aquilo que se encontra dentro dele, no conteúdo espiritual de sua vida. Tudo o que se relaciona com o exterior — como sejam: criaturas, paisagens e bens transitórios — pertence a Deus, que lhos concederá de acordo com os seus méritos.
Essa-realidade sentida e vivida constitui brilhante luz no caminho, ensinando ao discípulo a sublime lei do uso, para que a propriedade não represente fonte de inquietações e tristeza, como aconteceu ao jovem dos ensinamentos de Jesus.
MINHA REFLEXÃO
Essa passagem evangélica é discutida no O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. 16 (Não se pode servir a Deus e a Mamon). Temos posse, mas não é nossa. Nada é nosso, senão as aquisições espirituais, conforme Emmanuel nos lembra nessa sua mensagem.
A riqueza pode ser fruto de nosso suor, mas é tão somente resultado de nossa riqueza espiritual que deve estar a serviço de Deus. Afinal, ela não passa de instrumento de evolução, como toda matéria que possamos estar em contato quando encarnados. Ela, como a miséria, é uma prova muito difícil e arriscada, como diz A. Kardec, em O Evangelho. Segundo o Espiritismo, cap. 16, item 7:

Sem dúvida, pelos arrastamentos a que dá causa, pelas tentações que gera e pela fascinação que exerce, a riqueza constitui uma prova muito arriscada, mais perigosa do que a miséria.
Então, não devemos pedir a riqueza, pensando em conforto, sonhando em ajudar os mais pobres, pois o resultado disso pode ser o inesperado. Ela poderá nos tentar a fazer o que não queremos, pois ela é poder. O “ter” em nossa vida pode significar o que não queremos “ser”.
Entretanto, se amealharmos a riqueza, sem ter pedido, já encarnado, pois, em verdade, em geral, os ricos, podem ter pedido antes de reencarnar, que sejamos pródigos na caridade, sem esbanjamento, com objetividade.
Contudo, devemos lembrar que para os talentosos a riqueza material é uma consequência natural e por isso, todo aquele que enriquece deve se responsabilizar pelos resultados de seus talentosos. Como nos esclarece A. Kardec (Idem, item 7),

Quando Jesus disse ao moço que o inquiria sobre os meios de ganhar a vida eterna: "Desfaze-te de todos os teus bens e segue-me", não pretendeu, decerto, estabelecer como princípio absoluto que cada um deva despojar-se do que possui e que a salvação só a esse preço se obtém; mas, apenas mostrar que o apego aos bens terrenos é um obstáculo à salvação.
Então, devemos, ao enriquecer, tomarmos o cuidado para não nos apropriarmos do que não é verdadeiramente nosso. Pelo contrário, devemos nos revestir da condição de administrador das coisas de Deus, pois conforme Emmanuel, nessa mensagem, aqui refletida, “Tudo o que se relaciona com o exterior — como sejam: criaturas, paisagens e bens transitórios — pertence a Deus, que lhos concederá de acordo com os seus méritos”,
Mas o que é verdadeiramente nosso? Segundo o Espírito Pascal (Idem, item 9),

O homem só possui em plena propriedade aquilo que lhe é dado levar deste mundo. Do que encontra ao chegar e deixa ao partir goza ele enquanto aqui permanece. Forçado, porém, que é a abandonar tudo isso, não tem das suas riquezas a posse real, mas, simplesmente, o usufruto. Que é então o que ele possui? Nada do que é de uso do corpo; tudo o que é de uso da alma: a inteligência, os conhecimentos, as qualidades morais. Isso o que ele traz e leva consigo, o que ninguém lhe pode arrebatar, o que lhe será de muito mais utilidade no outro mundo do que neste.
Bem compreendido, seremos felizes, pobres ou ricos, desde que saibamos ser caridosos incondicionalmente. Se a religião não salva, muito menos a pobreza ou a riqueza.
Então, vale deixar a máxima do Espiritismo: FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO.
Que Deus nos ajude.

Domício.

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