23
VIVER PELA FÉ
“Mas o justo viverá
pela fé.”
Paulo. (ROMANOS, 1: 17)
Na epístola aos romanos, Paulo afirma que o justo viverá
pela fé.
Não poucos aprendizes interpretaram errada-mente a
assertiva.
Supuseram que viver pela fé seria executar rigorosamente
as cerimônias exteriores dos cultos religiosos.
Freqüentar os templos, harmonizar-se com os sacerdotes,
respeitar a simbologia sectária, indicariam a presença do homem justo. Mas nem
sempre vemos o bom ritualista aliado ao bom homem. E, antes de tudo, é
necessário ser criatura de Deus, em todas as circunstâncias da existência.
Paulo de Tarso queria dizer que o justo será sempre fiel,
viverá de modo invariável, na verdadeira fidelidade ao Pai que está nos céus.
Os dias são ridentes e tranqüilos? Tenhamos boa memória e
não desdenhemos a moderação.
São escuros e tristes? Confiemos em Deus, sem cuja
permissão a tempestade não desabaria. Veio o abandono do mundo? O Pai jamais
nos abandona. Chegaram as enfermidades, os desenganos, a ingratidão e a morte? Eles
são todos bons amigos, por trazerem até nós a oportunidade de sermos justos, de
vivermos pela fé, segundo as disposições sagradas do Cristianismo.
MINHA REFLEXÃO
A humanidade busca
aproximar-se do eterno, mesmo que por testemunhos caracterizadores do
contrário. Os homens primitivos, destituídos de senso moral, acreditavam que ao
oferecer bens materiais, animais e homens inimigos ou semelhantes honravam a
Deus. Sob essa mesma justificativa, as chamadas guerras santas mataram
sangrentamente muitos irmãos. O Pai Divino não condenou os que assim agiram por
levar em conta “que a intenção é tudo e o fato é nada.” (O Livro dos Espíritos,
cap. 2, Lei de Adoração, Q. 672.).
Nos dias presentes não
podemos mais alegar desconhecimento da vontade de Deus, daquilo que Lhe agrada
e que nos foi apresentado por seu filho, Jesus e vivificado pelos Espíritos sem
exclusão geográfica.
Emmanuel traz à tona outras
formas exteriores e indevidas de declarar fervor a Deus. Pensemos sobre isso e
demo-nos conta do tempo e recursos outros que dispomos para construir templos e
enfeitá-los onde rituais ganham evidência maior. Importa colocarmos nossas
igrejas, casas espíritas a serviço da comunidade, ofertando-as como espaços de
confraternização legítima e de contato com o Evangelho do Cristo. Será que não
temos vivido muito a agradar chefes religiosos como aponta Emmanuel? Lembremos
que para fazer a tarefa que o Pai lhe recomendara, Jesus contrariou a muitos,
negando o rigor que somente se limitava às aparências dos que apreciavam o
poder.
A quem, portanto, temos sido
fiéis – a Deus ou aos homens? Quantas vezes incomoda essa escolha. Mas se faz
urgente praticarmos o que já há muito tá exposto. Consagramo-nos filhos de Deus
por todo o bem que fazemos ao nosso irmão em quaisquer lugares e oportunidades
do caminho evolutivo.
Emmanuel não nos deixa
esquecer de que todas as dificuldades serão suportadas pela certeza da presença
generosa e providencial do Altíssimo. Ratifiquemos, então, o certo modo de
adorar a Deus (idem, Q. 673):
“Deus abençoa sempre aqueles
que fazem o bem; aliviar os pobres e os aflitos é o melhor meio de honrar. Não
digo com isso que Deus desaprova as cerimônias que fazeis para lhe pedir, mas
há muito dinheiro que poderia ser empregado mais utilmente e não o é. Deus ama
a simplicidade em todas as coisas. O homem que se liga às coisas exteriores e não ao coração, é um Espírito de vistas
estreitas; julgai se Deus deve se interessar mais pela forma que pelo fundo.”
Luz e Paz!
Lourença
Muito se vê nos pára-brisas de carros a frase: “Deus é fiel”. Sim, sempre foi e a fidelidade é uma virtude a ser desenvolvida em todos nós. Por que não seguimos a Deus, pela fé, sendo fiel a Ele? Paulo, como esclarece Emmanuel, quis dizer: “Paulo de Tarso queria dizer que o justo será sempre fiel, viverá de modo invariável, na verdadeira fidelidade ao Pai que está nos céus.”
ResponderExcluirE então, Lourença questiona, muito bem, quando coloca: “A quem, portanto, temos sido fiéis – a Deus ou aos homens?”
A lembrança de Emmanuel e o questionamento de Lourença se referem à identidade, em primeira mão, com os princípios editados na Lei de Deus e que devem ser discutidos, vividos nos templos religiosos com repercussão na vida diária dos fiéis de todo credo religioso.
Assim, devemos refletir, quando quisermos valorizar a exterioridade, a passagem que trata da simplicidade dos que querem seguir a Jesus, estudada no ESE (CAP. XVI – Não se pode servir a Deus e a Mamon, que se reporta a S. LUCAS, cap. XVI, v. 13 e S. MATEUS, cap. XIX, vv. 16 a 24.). Nessa passagem um jovem pergunta o que tem mais fazer para adquirir a vida eterna, além de cumprir o Décalogo, e então Jesus lhe orienta que se desfaça de todos os bens para segui-Lo, fazendo o jovem se afastar por ser muito rico. Devemos interpretar a passagem como uma orientação ao desprendimento dos bens terrenos, como interpreta Allan Kardec no capítulo citado aqui .
Isso nos faz pensar que antes do exterior e apego aos bens terrenos, devem estar a simplicidade e a fidelidade às entrelinhas que estão presentes nos textos evangélicos.
Então, sejamos fiéis a Deus tanto quanto Ele é fiel a nós, pois nunca nos abandona em momento nenhum, como Jesus nos prometeu no Sermão do Monte.
Domício