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BENS EXTERNOS
A
vida de um homem não consiste na abundância das coisas que possui. – Jesus.
(Lucas, 12, 15.)
“A vida de um homem não consiste na abundância das coisas
que possui.”
A palavra do Mestre está cheia de oportunidade para quaisquer
círculos de atividade humana, em todos os tempos.
Um homem poderá reter vasta porção de dinheiro. Porém, que
fará dele?
Poderá exercer extensa autoridade. Entretanto, como se
comportará dentro dela?
Poderá dispor de muitas propriedades. Todavia, de que modo
utiliza os patrimônios provisórios?
Terá muitos projetos elevados. Quantos edificou?
Poderá guardar inúmeros ideais de perfeição. Mas estará
atendendo aos nobres princípios de que é portador?
Terá escrito milhares de páginas. Qual a substância de sua
obra?
Contará muitos anos de existência no corpo. No entanto, que
fez do tempo?
Poderá contar com numerosos amigos. Como se conduz perante
as afeições que o cercam?
Nossa vida não consiste da riqueza numérica de coisas e
graças, aquisições nominais e títulos exteriores. Nossa paz e felicidade
dependem do uso que fizermos, onde nos encontramos hoje, aqui e agora, das
oportunidades e dons, situações e favores, recebidos do Altíssimo.
Não procures amontoar levianamente o que deténs por
empréstimo.
Mobiliza, com critério, os recursos depositados em tuas
mãos.
O
Senhor não te identificará pelos tesouros que ajuntaste, pelas bênçãos que
retiveste, pelos anos que viveste no corpo físico. Reconhecer-te-á pelo emprego
dos teus dons, pelo valor de tuas realizações e pelas obras que deixaste, em
torno dos próprios pés.
MINHA
REFLEXÃO
Todos nós somos ricos de algo, por mais pobres que sejamos.
A começar pela própria vida, o bem maior que temos que foi dado por Deus. Imaginar
que seremos Espíritos Puros; lembrar que “somos deuses”, como o Cristo nos asseverou
estar nas escrituras[1]; saber que em nossa consciência
está gravada a Lei de Deus... Que riqueza maior?
No entanto, sermos ricos, de fato ou em potencial, material
ou moralmente falando, é sempre uma responsabilidade muito grande perante o
Altíssimo.
Sobre a riqueza material, o Cristo nos ensinou que não é
ela mais importante que a vida futura. Lembremos do Seu encontro com o jovem
rico em que o orientou sobre adquirir a vida eterna: além de cumprir os
mandamentos, deveria dar toda a sua riqueza aos pobres e segui-lo. O jovem
rico, muito triste, deu as costas e foi embora. O Cristo finaliza esse
ensinamento com uma grande máxima: É mais fácil que um camelo[2]
passe pelo buraco de uma agulha, do que entrar um rico no reino dos céus :(Mateus, 19: 16 a 24; Lucas, 18:18 a 25; Marcos,
10: 17 a 25). Decerto que o Cristo quis nos deixar a lição da importância da
vida futura em relação a vida presente e do desapego que devemos ter em relação
a tudo, inclusive a riqueza material, como A. Kardec nos esclarece que:
Quando
Jesus disse ao moço que o inquiria sobre os meios de ganhar a vida eterna: "Desfaze-te
de todos os teus bens e segue-me", não pretendeu, decerto, estabelecer
como princípio absoluto que cada um deva despojar-se do que possui e que a
salvação só a esse preço se obtém; mas, apenas mostrar que o apego aos bens
terrenos é um obstáculo à salvação. In: O Evangelho Segundo o Espiritismo,
cap. XVI, item 7.
Essa discussão, relacionada à
prova da riqueza material e toda sorte de bens que podemos acumular, mas que
não deve servir de queda para o Espírito, encontra-se no cap. XVI, “Não se pode
servir a Deus e a Mamon” de O Evangelho Segundo o Espiritismo.
Nesse tocante, pode se refletir também
sobre os talentos que recebemos como oportunidade de contribuir para a própria
elevação, como a dos nossos semelhantes (Mateus, 25: 14-30). Somos todos
detentores de dons que adquirimos pelas escolhas que fizemos ao contato com as
provas da vida[3]. Foi-nos dado oportunidade
de desenvolver, mas pouco nos servirá se não o utilizarmos para o bem.
Então, em relação a todo bem que obtermos em termos de
evolução, mesmo pelo esforço que fizemos para isso, nos será cobrado, ao
retornar ao plano espiritual, sobre o que fizemos com ele, pois
Ninguém
lhe perguntará: Quanto tinhas na Terra? Que posição ocupavas? Eras príncipe ou
operário? Perguntar-lhe-ão: Que trazes contigo? Não se lhe avaliarão os bens, nem
os títulos, mas a soma das virtudes que possua. Ora, sob esse aspecto, pode o
operário ser mais rico do que o príncipe. Em vão alegará que antes de partir da
Terra pagou a peso de ouro a sua entrada no outro mundo. Responder-lhe-ão: Os
lugares aqui não se compram: conquistam-se por meio da prática do bem. Com a
moeda terrestre, hás podido comprar campos, casas, palácios; aqui, tudo se paga
com as qualidades da alma. És rico dessas qualidades? Sê bem-vindo e vai para
um dos lugares da primeira categoria, onde te esperam todas as venturas. És
pobre delas? Vai para um dos da última, onde serás tratado de acordo com os
teus haveres. - Pascal. (Genebra, 1860.)[4]
Isto é análogo à máxima evangélica: Muito se pedirá
àquele a quem muito se houver dado e maiores contas serão tomadas àquele a quem
mais coisas se haja confiado. (Lucas, 12: 48.)[5]
Que tenhamos a certeza de que
somos o nosso próprio cartão de visita na entrada no Reino dos Céus, conforme Emmanuel, nessa mensagem:
O Senhor não te identificará pelos tesouros que ajuntaste, pelas bênçãos
que retiveste, pelos anos que viveste no corpo físico. Reconhecer-te-á pelo
emprego dos teus dons, pelo valor de tuas realizações e pelas obras que
deixaste, em torno dos próprios pés.
Que Deus nos ajude.
Domício.
[1]
João, 10:34.
[2] Aqui
atentemos que mesmo que a ideia de um camelo entrar pelo buraco da agulha engrandece
a dificuldade de um rico se elevar, pela prova que passa, a palavra camelo foi
referida a uma corda de amarrar navios.
[3]
O Livro dos
Espíritos, questão nº 804. Por que não outorgou Deus as mesmas aptidões a
todos os homens? “Deus criou iguais todos os Espíritos, mas cada um destes
vive há mais ou menos tempo, e, conseguintemente, tem feito maior ou menor soma
de aquisições. A diferença entre eles está na diversidade dos graus da experiência
alcançada e da vontade com que obram, vontade que é o livre-arbítrio. Daí o se aperfeiçoarem
uns mais rapidamente do que outros, o que lhes dá aptidões diversas. Necessária
é a variedade das aptidões, a fim de que cada um possa concorrer para a execução
dos desígnios da Providência, no limite do desenvolvimento de suas forças
físicas e intelectuais. (...)”
[4]
In O Evangelho Segundo o
Espiritismo, cap. XVI, item 9.
[5] Vide interpretação de A. Kardec em O O
Evangelho Segundo o Espiritismo, cap.18, item 12.
TALENTOS DOADOS, TALENTOS DOBRADOS
ResponderExcluirL. ANGEL 22/07/10
Talentos que se construiu,
Nas oportunidades de ir e vir,
Nesta Terra que o Senhor esculpiu,
Servem para ajudar os outros a evoluir.
As experiências exitosas,
Realizadas em vida passada
Possibilita outras ditosas
Nesta vida privilegiada.
Ninguém é perfeito absolutamente.
Eis uma condição do Deus de Amor.
Então, relativamente,
O Espírito é inferior e superior.
Nas diversas relações pessoais,
Doar talentos é uma atitude certa,
Pois o Espírito aprende mais,
Por haurir novas descobertas.
Muito bom
ResponderExcluirGrato irmão(ã)!!
ExcluirGratidão pelo excelente estudo!
ResponderExcluirFico gratificado em saber que colaborei com o seu estudo e reflexões, minha/meu irmã/irmão!
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