Mensagem de boas vindas


quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

PODERES OCULTOS

70
PODERES OCULTOS
E onde quer que ele entrava, fosse nas cidades, nas aldeias ou nos campos, depunham os enfermos nas praças e lhe rogavam que os deixasse tocar ao menos na orla de seu vestido; e todos os que nele tocavam, saravam.
MARCOS, 6: 56.
Não raro, surgem nas fileiras espiritualistas estudiosos afoitos a procurarem, de qualquer modo, a aquisição de poderes ocultos que lhes confira posição de evidência. Comumente, em tais circunstâncias, enchem-se das afirmativas de grande alcance.
O anseio de melhorar-se, o desejo de equilíbrio, a intenção de manter a paz, constituem belos propósitos; no entanto, é recomendável que o aprendiz não se entregue a preocupações de notoriedade, devendo palmilhar o terreno dessas cogitações com a cautela possível.
Ainda aqui, o Mestre Divino oferece a melhor exemplificação.
Ninguém reuniu sobre a Terra tão elevadas expressões de recursos desconhecidos quanto Jesus. Aos doentes, bastava tocar-lhe as vestiduras para que se curassem de enfermidades dolorosas; suas mãos devolviam o movimento aos paralíticos, a visão aos cegos. Entretanto, no dia do Calvário, vemos o Mestre ferido e ultrajado, sem recorrer aos poderes que lhe constituíam apanágio divino, em benefício da própria situação. Havendo cumprido a lei sublime do amor, no serviço do Pai, entregou-se à sua vontade, em se tratando dos interesses de si mesmo. A lição do Senhor é bastante significativa.
É compreensível que o discípulo estude e se enriqueça de energias espirituais, recordando-se, porém, de que, antes do nosso, permanece o bem dos outros e que esse bem, distribuído no caminho da vida, é a voz que falará por nós a Deus e aos homens, hoje ou amanhã.

MINHA REFLEXÃO
As aquisições realizadas por nós nunca devem servir de motivo para nos enaltecer, pois o nosso progresso é proporcional ao bem que expendemos aos outros por tudo que conseguimos conquistar com a ajuda de Deus e de todos aqueles que jornadeiam conosco, trocando experiências e nos ajudando a nos tornar melhor, seja espiritualmente ou profissionalmente.
Jesus Cristo, nunca usou seus poderes para se exibir. Por duas vezes foi tentado. Uma, foi aquela em que foi tentado pelo diabo[i], quando passou 40 dias no deserto, em jejum (Lucas, 4: 1-13). Outra, como lembra Emmanuel, quando estava no madeiro e provocaram. Vejamos como se deu, em Mateus (27: 39-44):

Os transeuntes o insultavam meneando suas cabeças e dizendo: ó tu que destróis o Santuário, edificando-o em três dias, salva a ti mesmo; se és o filho de Deus, desce da cruz!
De forma semelhante, os sumos sacerdotes com os escribas e anciãos, zombando, diziam: Salvou outros, a si mesmo não pode salvar. É Rei de Israel! Desça, agora, da cruz e creremos nele. Confiou em Deus; se [Deus] quiser, [que] o livre agora, pois disse: Sou filho de Deus. Do mesmo [modo], também os assaltantes que foram crucificados com ele, o injuriavam.
Então, devemos tomar como exemplo, nosso Senhor Jesus Cristo que tinha infinitos poderes, mas que só os usou para ajudar o próximo e nunca a Ele mesmo.
De certo que em nossa trajetória, por estarmos ainda em evolução, diferentemente do Cristo, que já era um Espírito Puro, devemos usar nossas aquisições para o nosso proveito, mas nunca esquecendo que somos frutos da relação com o semelhante, seja encarnado ou desencarnado. Daí pensaremos sempre na solidariedade quando nos sentirmos suficientemente poderosos para ajudar alguém.
Que Deus nos ajude.
Domício.


[i] Aquele de desune (inspirando ódio, inveja, orgulho); caluniador, maledicente. Vocábulo derivado do verbo “diaballo” (separar, desunir; atacar, acusar; caluniar; enganar), do qual deriva também o substantivo “diabole” (desavença, inimizade; aversão, repugnância; acusação; calúnia. (DIAS, Haroldo Dutra (Trad.). O novo testamento. 1 ed. Brasília: FEB, 2013).

Nenhum comentário:

Postar um comentário